- Efeitos da crise são menos prejudiciais para alguns setores
- BDRs e ouro também se mostram mais resilientes ao cenário atual
Em meio à pandemia do novo coronavírus, já virou rotina ver o principal índice da B3 cair e o circuit breaker ser acionado. Alguns setores, porém, seguem resilientes ao cenário atual e sofrem menos com os efeitos da crise.
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Segundo analistas consultados pelo E-Investidor, Dentre os segmentos mais sólidos estão o de energia, o farmacêutico, o alimentício e o de telecomunicação. “São empresas com produtos muito utilizados durante essa crise e a alta demanda por seus produtos a tornam muito mais resistentes”, diz o estrategista chefe de ações do Bradesco BBI, André Carvalho.
Ele ressalta que é raro encontrar papéis que estejam subindo e aponta a rede internacional de hipermercados Carrefour como uma boa exceção. “Em março, as vendas da empresa aumentaram cerca de 20%, o que é muito difícil para qualquer companhia nesse momento”.
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O setor de telecom também tem se valorizado. Segundo o economista da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, o movimento ocorre devido ao grande aumento do trabalho em home office, que fez crescer a demanda pelo serviço.
“As ações da Vivo chegaram a operar em alta de 9,15% e a Tim subiu para 9% na quinta-feira (19). É um cenário inverso ao apresentado pela maioria das outras empresas”, diz Bertotti.
O economista ainda dá destaque ao contrato do ouro. Segundo ele, é uma das opções mais seguras no momento. “Desde janeiro, o ouro teve uma valorização de 19%.”
Estrangeiras em alta
Além dos investimentos nas ações brasileiras, o CEO da Real Valor, Eduardo Belotti, afirma que as Brazilian Depositary Receipts (BDR) dos setores citados acima também estão com um bom desempenho no momento devido a alta histórica do dólar.
Também conhecidas como certificado de depósito de valores mobiliários, as BDRs são certificados que representam outro valor mobiliário emitido por companhias abertas estrangeiras. Com isso, ao comprar um BDR o investidor não investe diretamente nas ações da empresa e, sim, em títulos que representam essas ações no Brasil.
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“Investir em BDR é uma luta constante entre a cotação da ação e a flutuação do dólar. Então, as ações gringas que caíram pouco tiveram BDRs que valorizaram nesse período”, diz Belotti.
Nessa lógica, o CEO da Real Valor cita também as ações da Netflix e da Blizzard, empresas de entretenimento, cujos serviços são mais demandados na quarentena. “Embora as ações tenham caído lá fora, os BDRs delas subiram um pouco aqui, enquanto o Ibovespa despencou”, diz Belloti.
O estrategista chefe de ações do Bradesco BBI, André Carvalho, também vê as BDRs em um bom momento. Mas ele ressalta que elas não são um bom ativo a longo prazo. “Essa é uma crise deflacionária, então o câmbio deve apreciar em termos nominais. Com essa perspectiva, olhando para um horizonte de longo prazo, eu certamente priorizaria os investimentos em reais”, diz.
Não se deixe seduzir pelo lucro rápido
Mas vamos com calma. Apesar do resultado positivo dessas empresas, os especialistas recomendam que os investidores não ajam por impulso. O conselho é não pensar no lucro rápido e se planejar antes de fazer novos investimentos.
Para o economista Gustavo Bertotti, o momento exige muita frieza. O investidor deve se manter fiel ao seu perfil, sem mudar estratégias para buscar ganhos a curto prazo.
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“Foi um movimento que ninguém previa e a volta pode ser muito rápida também. Então, tem que se planejar, saber quais riscos você está disposto a correr e comprar ações de boas empresas que vão estar forte a longo prazo”, comenta o economista da Messem Investimento.
Nessa linha, o CEO da Real Valor afirma que se o investidor pensar a longo prazo, ele vai conseguir ganhar dinheiro. “O que não pode é o investidor entrar em desespero, agir por impulso e comprar o que está subindo agora sem planejamento nenhum, tem que seguir a estratégia”, completa Belotti.