Investidores brasileiros foram surpreendidos na noite desta terça-feira (14) com a notícia de que o ex-senador Jean Paul Prates não é mais o presidente da Petrobras (PETR4). O executivo foi demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que indicou Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) durante o governo de Dilma Rousseff, para assumir a principal cadeira da petroleira.
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Apesar da surpresa, o movimento não é uma novidade no histórico da companhia. Prates já vinha sofrendo um processo de fritura nos bastidores, que se acentuou em meio a embates públicos do CEO com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, depois que a estatal decidiu reter o pagamento de dividendos extraordinários em março.
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Mas não é só isso: esta não é a primeira vez que o cargo de presidente da companhia fica vago por decisão política.
Se for aprovada, Magda Chambriard será a 7ª pessoa a assumir o cargo mais alto da estatal nos últimos 5 anos. Somente no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), entre 2019 e 2022, foram quatro mudanças no cargo. À época, os presidentes da estatal foram pressionados pelo descontentamento do Palácio do Planalto com a alta dos preços dos combustíveis, que corroía o poder de compra da população e atrapalhava a candidatura à reeleição do então mandatário do Executivo.
Agora, Prates entra para a lista depois de passar 473 dias no comando da companhia. Nesse período, as ações da Petrobras (PETR4) tiveram uma alta de 115,76%, o melhor desempenho na Bolsa entre os que passaram pelo cargo de CEO desde 2019. Os dados foram levantados por Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria.
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“A demissão é um péssimo sinal porque mostra que a interferência política é enorme na companhia”, afirma Flávio Conde, analista da Levante Ideias de Investimento. “Não pode uma empresa como a Petrobras ter oito presidentes em quatro anos. O corpo diretivo da estatal é ótimo, com grandes profissionais e especialistas, e eles não mereciam ter uma mudança tão frequente no comando. É lamentável.”
Como mostramos nesta reportagem de março, trocas confusas de CEOs penalizam as ações das companhias brasileiras; um movimento de sucessão que não é exclusividade da Petrobras. No caso da estatal, o que preocupa o mercado é a sinalização de interferência política que motiva as demissões.
O receio agora é que Magda Chambriard seja um nome indicado para direcionar a companhia para maiores investimentos, muitos deles considerados pouco rentáveis por agentes do mercado.
Somente na manhã desta quarta-feira (15), a Petrobras perdeu R$ 35,3 bilhões em valor de mercado, segundo dados da Elos Ayta Consultoria. Às 12h30, a PETR4 caía 5,31%, a R$ 38,70, enquanto a PETR3 cedia 6,38% a R$ 40,19.
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