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Conheça o histórico e previsões para as ações PETR3 e PETR4

Ações da Petrobras apresentam resiliência; saiba qual a melhor hora de investir e o que levar em consideração

Conheça o histórico e previsões para as ações PETR3 e PETR4
(Foto: Shutterstock)
  • A Petrobras é mais que um termômetro do mercado brasileiro: em razão do seu tamanho e da sua importância estratégica, ela arrasta investidores e cria tendências. E é por isso que as ações da empresa são figurinha carimbada na carteira de boa parte dos investidores nacionais e também de fora do Brasil
  • De forma geral, as ações PETR3 e PETR4 têm um histórico de valorização. Mesmo com todos os sobressaltos políticos, a Petrobras demonstra resiliência, mas a interferência do alto escalão cobra um preço alto

(Carlos Pegurski, especial para o E-Investidor) – O mercado de ações é um ambiente de risco e as políticas de governança são fundamentais para a credibilidade das organizações e seus ativos, sobretudo no caso de empresas públicas, em que há outros fatores em jogo além de números brutos.

Mas quem comprou ações PETR4 por R$ 50 em 2008, ainda no boom das commodities com a economia superaquecida, não poderia imaginar que oito anos mais tarde ela estaria R$ 5, em meio a uma crise econômica e política.

Fundada em 1953 por Getúlio Vargas, a Petrobras é mais que um termômetro do mercado brasileiro: em razão do seu tamanho e da sua importância estratégica, ela arrasta investidores e cria tendências. E é por isso que as ações da empresa são figurinha carimbada na carteira de boa parte dos investidores nacionais e também de fora do Brasil.

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Isso vale para as ações PETR3 (ordinária), que permitem aos seus detentores votar nas assembleias da empresa, mas sobretudo para os papéis PETR4 (preferencial), que são o “feijão com arroz” de quem deseja investir na Petrobras. Eles possuem maior liquidez e, portanto, interessam ao investidor comum.

Mas vale a pena comprar esses títulos? Este é o momento de incluí-los na sua cartela?

Qual o histórico das ações PETR3 e PETR4?

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As ações PETR3 são aquelas que dão direito a voto e, portanto, conduzem a política da empresa (Foto: Google Finanças/Reprodução)

A Petrobras é uma empresa com ótima reputação e representa uma das poucas áreas estratégicas em que o Brasil tem expertise. Entrou no mercado de ações no ano 2000 com ações ordinárias (PETR3), valorizadas à época em aproximadamente R$ 4,70. Em 2008, no ponto mais alto do seu histórico, o título superou os R$ 60.

Ao todo, essas ações movimentam mais de R$ 380 bilhões e têm índice preço/lucro de 6,86, que é considerado um bom fator de mercado. Durante a pandemia, tem-se usado o parâmetro de 8 para analisar a média da performance dos títulos do Ibovespa. O rendimento dos dividendos é de 2,63%.

Já as ações PETR4 entraram na bolsa em 2006, precificadas em R$ 23,68. Também em 2008, chegaram a R$ 50 e, em 2016, sob forte impacto da crise política e econômica, derreteram até chegar em R$ 4,41.

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Caso a tendência de crescimento permaneça no 3T2021, será possível subir além do mau resultado do primeiro semestre (Foto: Google Finanças/Reprodução)

De forma geral, ambas têm um histórico de valorização. Mesmo com todos os sobressaltos políticos, a Petrobras demonstra resiliência. Mas a interferência do alto escalão cobra um preço alto.

Um exemplo disso foi a depreciação brusca que ambos os papéis tiveram em 2018, quando o governo entrou em campo — em resposta à greve dos caminhoneiros — intervindo no preço do diesel. Os investidores resistiram e venderam os títulos. A empresa demorou cinco meses para retomar o mesmo patamar.

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Por isso, é preciso ter cautela ao agir de forma intervencionista. Esse é um remédio para usar a conta-gotas. Mesmo olhando para o histórico de 15 anos no caso da PETR4 e 20 anos no caso da PETR3, 2021 foi um ano em que os resultados da empresa tiveram uma oscilação muito grande: o mercado reagiu negativamente ao fato de o presidente Jair Bolsonaro trocar o comando da Petrobras por outro militar de forma inesperada.

Na ocasião, as ações despencaram de forma inédita: perderam cerca de 20% de valor em um só dia. Antes mesmo das 11h da manhã, a queda era de 17,20% nos títulos ordinários (PETR3) e 16,76% nos preferenciais (PETR4).

Se não fossem tropeços como esse, os gráficos teriam tudo para abrir ainda mais o apetite do investidor. Apenas no 4T2020, a receita da empresa foi de quase R$ 60 bilhões. Isso representa sete vezes mais que o mesmo período de 2019, quando a covid-19 era um assunto distante.

As cifras indicam que as ações poderiam estar ainda mais valorizadas, puxando não só a empresa, mas a Bolsa brasileira para cima.

Como as PETR devem se comportar daqui para frente?

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Bom para o investidor, ruim para o motorista: o preço do dólar eleva o preço do combustível no mercado doméstico (Foto: Rafapress/Shutterstock)

Falando na Bolsa, o desempenho do Ibovespa neste segundo trimestre é um elemento que traz otimismo: fechou próximo dos 130 mil pontos. Mas, em números, o resultado fez pouco mais que reverter as perdas do 1T2021. De janeiro a março, o principal indicador da B3 se comportou como uma montanha-russa: abriu o ano em 125 mil pontos e poucas semanas depois chegou a 110 mil.

Esse foi o mesmo comportamento das ações da Petrobras no período, que levaram meses para voltar aos níveis anteriores, mesmo com o preço do combustível e a valorização do dólar. As ações da empresa devem fechar o 2T2021 no mesmo patamar em que entraram 2021, ou seja, foi um semestre em que se trabalhou para reconquistar a confiança do mercado.

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O 3T2021 tende a trazer boas notícias. A vacinação avança em ritmo mais rápido, o que dá confiança ao mercado quanto à recuperação da economia; o PIB trimestral deve ser novamente positivo, somando crescimento à parcial anterior; e a Bolsa tende a crescer e atrair investidores.

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Troca abrupta no comando da empresa comprometeu os resultados das ações PETR no semestre, mesmo em cenário favorável (Foto: Agência Brasil/reprodução)

Especificamente sobre a empresa, soma-se ao cenário positivo o fato de que se trata de uma potência econômica, com ótimo fluxo de caixa e ótima liquidez; o CEO Joaquim Silva e Luna, que já dirigiu a Itaipu Binacional, parece ter ganhado a confiança dos investidores; o endividamento da empresa não é um problema; e o planejamento estratégico permite confiar na Petrobras a longo prazo.

O banco UBS elevou no início do mês o preço-alvo para R$ 32, recomendando a compra. O banco Safra também orienta pela aquisição. Na visão do mercado, há um bom horizonte para que as ações evoluam bem até o fim deste ano.

Mas, se os demonstrativos financeiros são benéficos, vale a pena acompanhar o cenário político e ver se os noticiários não pesam contra. E isso não se aplica apenas aos eventos da empresa. Da CPI no Senado Federal a ameaças de paralisações de caminhoneiros, novas crises políticas são sinais de risco e, como a experiência tem demonstrado, por mais sólida que seja a Petrobras, a recuperação pode levar meses ou anos.

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