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- Para estrategista da RB Investimentos, uma boa aposta para este ano está nas empresas que se beneficiam da abertura de fronteiras e do fim de restrições à mobilidade
- Estrategistas do Itaú BBA escrevem que reduziram a exposição da carteira a empresas de alto crescimento e incluíram empresas mais defensivas
Foi dada a largada para mais uma rodada de redução de projeções do Ibovespa e a pergunta que o investidor pode trazer é: o que eu faço? Na segunda-feira (20), a Bolsa caiu 2,33%. Com o Ibovespa minguando, é oportuno refletir sobre a carteira de ações. Analistas que derrubaram as estimativas para o índice já estão fazendo isso.
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Para Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, uma boa aposta para este ano – mesmo com o Ibovespa menor do que o previsto – está nas empresas que se beneficiam da abertura de fronteiras e do fim de restrições à mobilidade. Ele destaca o caso de companhias aéreas, empresas ligadas a lazer e turismo.
“Tem um ‘case’ de reabertura que ainda não está 100% precificado. Toda vez que algum país abre as fronteiras, as companhias aéreas vendem muitas passagens”, diz Cruz. Ele também cita a Time For Fun. No ano, a ON da companhia na B3 acumula alta de mais de 26%. “E a empresa ainda nem voltou a vender ingresso [como antes da pandemia]”, pondera o estrategista. Hoje, inclusive, estreia o espetáculo “Charlie e a Fantástica Fábrica de Chocolate” no Teatro Renault, em São Paulo com a venda de ingressos pela empresa. O musical foi um dos muitos que ficaram suspensos pela pandemia.
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A tese do estrategista da RB Investimentos ganha destaque a cada reabertura de fronteiras. Mesmo o Reino Unido, que optou por um dos bloqueios mais rigorosos, divulgou também a possibilidade de aliviar restrições a viagens internacionais motivadas pela pandemia de covid-19, segundo afirmou o ministro do Meio Ambiente e Agricultura britânico, George Eustice.
Refletir sobre a carteira foi exatamente a decisão dos estrategistas do Itaú BBA Marcelo Sa e Matheus Marques ao derrubar para 120 mil pontos a projeção para 2021 do índice da Bovespa. Em relatório, eles escrevem que reduziram a exposição da carteira a empresas de alto crescimento e incluíram empresas mais defensivas. “Estamos retirando Bradesco, Magazine Luiza e Meliúz, e incluindo Energisa, Eneva e WEG”, afirmaram.
Prazo mais longo
Para os próximos 12 a 18 meses, o estrategista da RB Investimentos recomenda uma carteira diferente das apostas até dezembro deste ano. A seleção para um portfólio mais longo precisa ser mais conservadora, menos conectada a Brasil e mais exposta ao exterior, segundo ele. Essa posição internacional pode ser feita, inclusive, com companhias domésticas, optando por multinacionais brasileiras que têm produção e faturamento em outros países. “Um exemplo são os frigoríficos, como a JBS que tem plantas nos Estados Unidos, na América do Sul e é uma companhia relevante”, diz.
A WEG, que entrou na carteira do Itaú BBA, é outro exemplo de multinacional brasileira. “A inclusão da WEG é baseada em seu histórico impecável por resultados sólidos e altos retornos impulsionados por uma estratégia clara de longo prazo e um balanço patrimonial saudável que permite à empresa aproveitar tanto oportunidades de crescimento orgânico quanto inorgânico”, escrevem os analistas do Itaú BBA.
“Para resumir em uma frase a resposta sobre o que ter no portfólio para ter rentabilidade na renda variável [nesse prazo]: não dependa de Brasil. Porque não vai ser um período bom para papéis que dependem principalmente da economia doméstica”, afirma Cruz. Ele acrescenta que é importante focar nas tendências seculares. “É importante procurar empresas que estão em ascensão em setores pouco representados na Bolsa e que sejam pulverizados, ou seja, que a tese seja conhecida por muitas pessoas para outros se interessem em comprar o papel depois”.
Potencial de valorização
Apesar do rebaixamento do Ibovespa, o analista do Banco do Brasil Investimentos Wesley Bernabé destaca que a projeção ainda embute um potencial de valorização até o fim do ano. Considerando o nível de hoje do indicador, o ‘upside’ é de aproximadamente 16%. “Um ponto que corrobora essa visão é a relação mais atrativa de múltiplos da bolsa, que passou a operar com desconto em relação à média de longo prazo. O indicador de preço/lucro projetado para o Ibovespa está em torno de 8,5 vezes, contra uma média de longo prazo de aproximadamente 10,5 vezes, próximo ao limite inferior da banda de dois desvios-padrão abaixo da média histórica”, escrevem Bernabé e Henrique Tomaz .
Rodada de rebaixamentos
Em linhas gerais, o rebaixamento da projeção do Ibovespa no fim deste ano aconteceu diante das estimativas cada vez maiores da Selic por conta das surpresas com a inflação, do aumento dos juros de longo prazo que são penalizados pela preocupação crescente com a trajetória fiscal. Além disso, analistas mencionam a paralisação da agenda de reformas e privatizações do governo Bolsonaro em função do agravamento recente da crise política e institucional.
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Mesmo antes das manifestações do 7 de setembro, a RB Investimentos e a XP já haviam revisado as projeções para o Ibovespa no fim de 2021. A RB alterou de 138 mil pontos para 130 mil pontos. A XP reduziu de 145 mil pontos para 135 mil pontos.
Na semana passada, o Banco do Brasil Investimentos reduziu a projeção para o índice de 140 mil para 130 mil pontos. Nesta semana, foi a vez do Itaú BBA, que alterou a estimativa de 152 mil para 120 mil pontos.
E mais mudanças nas projeções vêm por aí. Estão em processo de revisão as estimativas feitas pelas equipes de análise do Banco Inter e do Santander, entre outras.