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Setubal: BC errou em colocar juros em 2% e precisa subir taxa rápido

Em entrevista, presidente da Itaúsa falou sobre inflação, reformas e eleições no Brasil

Setubal: BC errou em colocar juros em 2% e precisa subir taxa rápido
Alfredo Setubal. Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO
  • O presidente da holding, que investe principalmente no Itaú, também revelou uma certa decepção com o Governo Bolsonaro e com o Ministro da Economia, Paulo Guedes
  • Para as eleições de 2022, ele não vê um sentimento anti-petista do empresariado, mas um desejo por mudanças

(João Santos, especial para o E-Investidor) – O presidente da Itaúsa, Alfredo Setubal, criticou a atitude do Banco Central em abaixar, no ano passado, a taxa básica de juros (Selic) para 2%. Em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta terça-feira (28), ele também alertou que o BC deveria agir rápido contra a inflação e subir ainda mais a taxa de juros. Na última quarta-feira (22), o Copom elevou a Selic para 6,25% ao ano.

“Há economistas que dizem que essa inflação não será resolvida com juros. Parece que não é, de fato, uma inflação de demanda. Mas é a única ferramenta que o BC tem, já que o Brasil já está com a corda no pescoço em termos fiscais”, disse Setubal. “O BC vai ficar olhando? Ele tem que fazer alguma coisa. E tem que subir juros mesmos. O empobrecimento no Brasil nos últimos dez anos é dramático. Com a inflação, a queda de renda é ainda mais intensa. É preciso fazer algo”, completou.

O presidente da holding, que investe principalmente no Itaú, também revelou uma certa decepção com o governo de Jair Bolsonaro e com o Ministro da Economia, Paulo Guedes, por conta da lentidão de reformas como a tributária e a administrativa. “Havia uma grande expectativa com a eleição e com a nomeação do Paulo Guedes. Mas entre querer e poder vai uma grande distância. Mas tenho a expectativa que as reformas administrativa e tributária passem ainda este ano”, afirmou.

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Setubal acredita que o quadro atual do País exige as reformas, mesmo que não sejam as ideais na sua visão. “Se não aprovar, é um mau sinal. Se não conseguirmos aprovar nem esse pequeno avanço, estaremos fadados a crescimento baixo por um período longo. Não dá para ficar brincando de fazer política. Em termos relativos, o Brasil andou para trás em tudo nos últimos 40 anos”.

Na entrevista, o empresário também afirmou que o governo Lula foi bom, mas terminou ruim e que acredita numa terceira via para as eleições de 2022. Ele não vê um sentimento anti-petista do empresariado, mas um desejo por mudanças. “Eu não acho que é um sentimento anti-Lula, eu acho que é um sentimento de mudança, esse modelo não está dando certo. Por isso que se fala da terceira via. Lula e Bolsonaro já passaram pelos governos. O Brasil precisa renovar”.

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