A “taxa de juros verdadeira” do Brasil gira em torno de 7%, isto considerando uma “taxa neutra” (que não impacta positivamente nem negativamente a economia) de 4,8% e um acréscimo relacionado ao risco percebido no País. O cálculo vem do economista e doutor em engenharia da produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) Otto Nogami, que revelou o número durante evento promovido pela Consulting House com economistas, executivos empresariais e cientistas políticos nesta segunda-feira (18).
Leia também
“E por que temos taxa de 11,25% ao ano hoje? É só colocar a inflação em cima”, aponta Nogami, que só enxerga uma maneira de baixar essa taxa de juros. “Precisamos mexer nas condições estruturais para o governo poder voltar a investir em educação, segurança, mobilidade e saúde”, diz. Ele ressalta que o excesso de gastos engessa os investimentos no setor público.
Nogami dividiu o painel com Carlos Melo, cientista político e doutor pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e André Lahóz, diretor do Insper e ex-diretor da Revista Exame e mediador da conversa.
Banco Central e o ritmo de juros
Quando o assunto é o início do mandato de Gabriel Galípolo no Banco Central (BC), os especialistas não acreditam em interferência política. Para Melo, caso o novo chairman do BC ceda às vontades do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para baixar juros, será um tiro no pé, pois o mercado refletirá a insegurança no câmbio.
“O Banco Central tem uma tarefa de reconquistar reputação e credibilidade. Não adianta ceder porque as questões não serão resolvidas porque baixou a taxa de juros. Precisamos de uma série de medidas, de renovação da mentalidade do governo”, diz o cientista político. Nogami também não vê a autoridade monetária sendo utilizada para satisfazer necessidades políticas. “Banco Central é uma instituição meramente técnica, não política”, afirma.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos