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- Acionistas da Linx pediram suspensão da Assembleia que iria discutir a proposta de aquisição da Stone. Para o Bradesco BBI, essa notícia é positiva para Totvs, que aumenta suas chances de ter êxito na disputa pela Linx
- Fora a suspensão da AGE, ainda nesta semana duas das principais agências de recomendação de votos divergiram sobre a proposta apresentada pela Stone - o que deixou o cenário ainda mais incerto
- Para completar a sequência de altos e baixos, a Fama Investimentos, que detinha 3% da Linx, divulgou a venda da participação na empresa nesta quinta-feira (05)
Tão acirrada quanto a disputa entre Joe Biden e Donald Trump pela presidência dos EUA, só a corrida entre Totvs (TOTS3) e Stone (STNE) pela empresa de software para varejo Linx (LINX3). De acordo com relatório divulgado pelo Bradesco BBI na última sexta-feira (6), notícias recentes envolvendo as companhias dão fôlego adicional à proposta feita pela Totvs, até então preterida pelo Conselho de Administração da Linx.
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O banco de investimento cita, como principal acontecimento favorável à Totvs, a suspensão da Assembleia Geral Extraordinária (AGE) programada pela Linx para o dia 17 de novembro. A reunião, que tinha o objetivo de discutir apenas a proposta apresentada pela Stone, teve o pedido de adiamento feito pelos próprios acionistas da companhia de software para varejo. Os dados são da Bloomberg.
“Durante conferência telefônica sobre os lucros da Totvs, os gestores salientaram que a empresa esperava um movimento semelhante e que [a Linx] deveria analisar tanto as propostas da Totvs como da Stone na mesma reunião”, explicam os analistas Cristian Faria, Gustavo Tiseo e Fred Mendes, que assinam o relatório.
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Fora a suspensão da AGE, ainda na semana passada duas das principais agências de recomendação de votos divergiram sobre a proposta apresentada pela Stone. Na quarta-feira (04), a ISS recomendou que os acionistas da Linx rejeitassem a oferta, enquanto a Glass Lews sugeriu que o voto fosse a favor – o que deixou o cenário mais incerto e aberto para a Totvs avançar.
Para completar a sequência de altos e baixos, a Fama Investimentos, que detinha 3% da Linx, divulgou a venda da participação na empresa na última quinta-feira (05).
Na visão do BBI, a saída da gestora é um sinal mais favorável à Stone. “A Fama estava entre os principais acionistas que se opuseram à oferta da Stone”, explica a instituição. “Vemos isso como uma notícia negativa para a Totvs, pois a Fama dava sinais de que iria combater a oferta da Stone, muito provavelmente votando a favor da Totvs.”
No final, a Totvs ainda teria tido um empurrãozinho extra pelo desempenho das ações, que subiram 6,6% também na última quinta-feira (05), para R$ 30,49. Na outra ponta, as ações da Stone valorizaram 0,9%, para US$ 61,07.
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Como os acordos envolvem troca de papéis, o valor das propostas de Totvs e Stone teriam chegado aos R$ 6,6 bilhões e R$ 6,5 bilhões, respectivamente. “A oferta da Totvs [se torna] mais atrativa de um ponto de vista puramente financeiro”, diz o BBI.
Sobre os papéis TOTS3, o Bradesco BBI reafirma a visão outperform, com preço alvo de R$ 36 – uma alta de 18% em relação ao fechamento de ontem.
Contestações
Desde o início, as propostas feitas pela Stone foram questionadas por supostamente favorecerem acionistas majoritários da Linx em detrimento dos minoritários. E o estopim para os questionamentos veio justamente da Fama Investimentos.
Em agosto, quando o primeiro acordo da Stone chegou a público, a gestora calculava que os controladores da Linx receberiam um prêmio 35% maior pela venda que os demais acionistas – o que, na visão da Fama, feriria a regra de Tag Along.
No total, a primeira proposta da Stone chegava aos R$ 6 bilhões. Mais tarde, com a repercussão das críticas, a companhia de maquininhas atualizou os termos da proposta, que foi aumentada para R$ 6,248 bilhões.
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“Não tem nada bom que não possa ser melhorado, a gente vai aprendendo. A Stone foi compreensiva e reviu alguns termos do acordo de não-competição. Agora, por exemplo, eu posso ser acionista de empresa de capital aberto de software, inclusive no Brasil, ter participação minoritária em outras companhias e ser conselheiro. Por isso, fizemos ajustes no valor e no prazo”, afirmou Alberto Menache, sócio-fundador da Linx, em entrevista feita à época ao E-Investidor.
Entretanto, as polêmicas não cessaram. Em outubro, a B3 fez ressalvas em relação a uma multa de R$ 112,5 milhões, prevista no acordo. A penalidade seria aplicada caso os acionistas da Linx não aprovassem a aquisição.
A Bolsa teria determinado que a companhia de gestão para varejo adotasse medidas adequadas para garantir que os seus acionistas pudessem decidir, sem serem influenciados pela possibilidade de multa. Depois da reprovação da B3, a Stone abriu mão da multa milionária.