- Os números do relatório de vendas e produção do 3T23 devem ajudar nas projeções para os resultados da companhia
- A expectativa é que haja um aumento do número de vendas, o que pode favorecer a receita da empresa durante o período
- Segundo dados do Broadcast, as ações da Vale (VAL3) acumula uma desvalorização superior a 20% no acumulado de 2023
As ações da Vale (VALE3) não estão no seu melhor momento na Bolsa de Valores. Segundo dados do Broadcast, os papéis da mineradora acumulam em 2023 uma desvalorização de 21,26% e, em outubro, queda de 1,20% – em janeiro deste ano, o papel da mineradora chegou a bater os R$ 93. A depreciação do papel reflete diversos fatores que vão desde a aversão ao risco dos investidores no mercado global a problemas ligados ao negócio da companhia. Apesar disso, o mercado está atento aos resultados referentes ao terceiro trimestre de 2023 da mineradora, que pode mudar a rota do desempenho das ações até o fim do ano.
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A expectativa se baseia em alguns motivos. Um deles está associado às perspectivas de aumento do volume de vendas no terceiro trimestre deste ano. Esses números devem foram apresentados nesta terça-feira (17) após o fechamento do pregão da Bolsa, por meio do relatório de vendas e produção da companhia, que servirá para os analistas ajustarem suas projeções para o balanço financeiro da Vale (VALE3) do trimestre.
A Genial Investimentos, por exemplo, espera que os números venham com um aumento substancial nas vendas em relação ao segundo trimestre e uma leve alta em um intervalo de um ano. Isso deve acontecer porque a corretora acredita que a companhia comercializou parte do estoque formado com a interrupção temporária no terminal Ponta da Madeira (MA) durante o primeiro trimestre.
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No entanto, esse não é o único motivo. O cenário mais favorável para a companhia com a recente valorização do minério de ferro no mercado internacional também ajuda a manter boas expectativas dos analistas para o balanço do terceiro trimestre de 2023 (3T23). De acordo com os analistas Igor Guedes, Lucas Bonventi e Renan Rossi, que assinam o relatório da Genial, publicado na segunda-feira (16), a commodity atingiu o patamar de US$ 120 por tonelada em setembro e custou em média US$ 114 por tonelada durante o terceiro trimestre.
Conforme o documento, “20% do volume não vendido pela suspensão dos embarques em Ponta da Madeira no primeiro trimestre teriam sido vendidos no terceiro”. “Isso deve fazer com que o gap (diferença) entre produção versus venda destoe do comportamento histórico, sendo inferior à média de 26%”, escreveram os analistas. Desta forma, o aumento das vendas ajuda a manter a projeção de uma receita líquida de US$ 11 bilhões para o terceiro trimestre.
Além disso, julho, agosto e setembro correspondem a períodos do ano com menos chuvas nas regiões das minas, o que favorece no aumento da produção. “O mercado segue bastante atento à produção que será divulgada agora no 3T23 como forma de enxergar as vendas que poderão ser entregues no 4T23”, diz Lucas Serra, analista da Toro Investimentos.
Se os resultados vierem melhores e dentro da expectativa do mercado, a tendência é que o preço do papel da mineradora seja corrigido nos próximos meses após apresentar uma defasagem em relação ao preço do minério de ferro. Segundo Renato Chanes, analista da Ágora Investimentos, a ação da Vale costuma acompanhar o desempenho da commodity, algo que não aconteceu, até agora. “Isso deve ser corrigido em algum momento. Historicamente, a Vale ‘anda’ pari passu com o minério de ferro. É quase a correlação próxima de um”, diz o analista.
Qual é a recomendação?
A perspectiva de melhora dos resultados da Vale e a valorização da ação justificam a recomendação de compra das corretoras. A Genial Investimentos, por exemplo, enxerga um potencial de valorização do papel em torno de 23,3% nos próximos 12 meses ao estabelecer um preço-alvo para as ações de R$ 83.
Segundo a corretora, a companhia decidiu eleger a mineradora como a ação Top Pick (preferência) do setor de Metais & Mineração, posição antes ocupada pela Gerdau (GGBR4). “Negociando em um EV/Ebitda (valor da empresa sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para 2024 de 4,1x (vs. uma média histórica de 4,8x), reforçamos nossa recomendação de compra”, ressaltaram os analistas da Genial.
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A Toro Investimentos também possui uma recomendação de compra com um preço-alvo de R$ 95. Na prática, os analistas da corretora enxergam um potencial de valorização de quase 40%.
A Ágora Investimentos também recomenda a compra do papel com um preço-alvo de R$ 92, mas Chanes ressalta que esse valor deve ser revisado até o fim do ano. “Eu ressaltaria mais o valuation (valor do ativo) do que o preço-alvo, porque o papel está sendo negociado abaixo de 4x Ebitda e, independente do preço-alvo, avaliamos o papel como barato”, ressalta.