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Vale (VALE3): produção e vendas em alta não salvarão o balanço do 3º tri, dizem analistas. E os dividendos?

Confira a análise de especialistas dos números reportados na última terça-feira e as recomendações para o papel da mineradora

Vale (VALE3): produção e vendas em alta não salvarão o balanço do 3º tri, dizem analistas. E os dividendos?
Vale (VALE3) (Imagem: Chalabala em Adobe Stock)
  • Números de produção da Vale vieram acima do esperado no terceiro trimestre de 2024
  • Analistas dizem que balanço deve apresentar queda puxada pelo preço do minério de ferro
  • Veja o que fazer com as ações da empresa e quanto a Vale deve pagar em dividendos nos próximos 12 meses

A Vale (VALE3) divulgou sua prévia operacional do terceiro trimestre de 2024 na noite desta terça-feira (15). A companhia reportou produção de 90,9 milhões de toneladas de minério de ferro, uma alta de 5,5% na comparação com o terceiro trimestre de 2023. Para analistas do mercado financeiro, os números podem ser considerados fortes e em linha com o mercado. No entanto, eles calculam que a mineradora deve apresentar queda em sua geração de caixa, medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), baixa decorrente da redução do preço da commodity no mercado internacional.

No terceiro trimestre de 2023, a mineradora vendeu cada tonelada de minério de ferro por US$ 105,1. Já em igual período de 2024, o preço praticado foi de US$ 90,6, uma queda de 13,8%. Para os analistas do Itaú BBA, a Vale apresentou números fortes, confortáveis com as estimativas e ligeiramente positivos. Os especialistas comentam que o volume de produção da mineradora, que ficou em 90,9 milhões de toneladas, foi o maior desde a queda da barragem de Brumadinho.

“Este trimestre foi marcado por uma melhora no portfólio de qualidade média da Vale, com menores vendas de produtos com alto teor de sílica e maior produção no Sistema Norte”, apontam Daniel Sasson, Edgard Pinto de Souza e Marcelo Furlan Palhares, que assinam o relatório do Itaú BBA. Já o volume de vendas da Vale atingiu 81,8 milhões de toneladas de minério de ferro, dentro do esperado pelos analistas do Itaú BBA.

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Para os analistas da XP Investimentos, a empresa reportou resultados operacionais em linha com o esperado. Os analistas comentam que o grande destaque fica com o aumento na produção, que atingiu o maior patamar desde o quarto trimestre de 2018.

Outro ponto levantado é que os resultados melhores do que o esperado em níquel foram compensados por um desempenho mais fraco nas operações de Pelotas. “O volume de vendas de Pelotas ficou ligeiramente abaixo das nossas expectativas, cerca de 3%, embora tenham aumentado 18% na comparação entre o terceiro trimestre de 2024 e o terceiro trimestre de 2023, impulsionados pela maior disponibilidade de alimentação para Pelotas, Brucutu e Itabira”, dizem Lucas Laghi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano, que assinam o relatório da XP Investimentos.

A geração de caixa da Vale

Os especialistas dizem que a produção de níquel se recuperou, com alta de 12% entre o terceiro trimestre de 2023 e o terceiro trimestre de 2024. Na visão dos analistas, o número foi impulsionado pelo melhor desempenho nas operações do Canadá. Com a divulgação, os analistas mantiveram inalteradas suas estimativas para o Ebitda da Vale, que para os analistas deve chegar a US$ 3,6 bilhões no terceiro trimestre de 2024, uma queda de 23,4% na comparação com o Ebitda de US$ 4,7 bilhões do terceiro trimestre de 2023.

A equipe do Itaú BBA estima que o Ebitda deve cair 29,3% e atingir os US$ 3,35 bilhões no terceiro trimestre de 2024. “Na divisão ferrosos, esperamos que embarques mais fortes de minério de ferro sejam mais do que compensados ​​por uma realização de preço mais fraca e custos mais altos. Para a divisão de Metais Básicos, prevemos um declínio no Ebitda na base anual, pois os preços mais baixos do níquel e os custos mais altos mais do que compensaram os preços mais altos do cobre e embarques mais fortes”, apontam os analistas.

De acordo com o Broadcast, o Banco Safra estima que o Ebitda da Vale pode chegar a US$ 3,9 bilhões no terceiro trimestre de 2024, considerando os embarques e os preços realizados do período pela mineradora. A equipe do banco aponta que o valor supera a previsão de US$ 3,6 bilhões.

Ainda segundo informações do Broadcast, o Citi lembra que a Vale revisou recentemente sua projeção de produção para o ano para um intervalo entre 323 milhões de toneladas e 330 milhões de toneladas, implicando em uma produção de 81 milhões de toneladas e 88 milhões de toneladas no quarto trimestre do ano. O preço do minério de ferro foi de US$ 91 por tonelada, ante previsão de US$ 92 do Citi, com pelotas a US$ 148 por tonelada, ante estimativa de US$ 142 por tonelada do banco.

O que esperar dos dividendos da Vale?

Os analistas acreditam que a ação VALE3 está atrativa para o investidor. O Itaú BBA vê o papel negociado a um preço interessante e atraente e, por isso, tem classificação de outperform (equivalente à compra) para as ações da empresa, desempenho acima da média do mercado. A indicação é equivalente à recomendação de compra. O preço-alvo é de US$ 13 para a American Depositary Receipts, a ADR da Vale listada em Nova York, uma alta de 20,75% na comparação com o fechamento de terça-feira (15), quando o papel – recibo que permite que investidores comprem nos EUA ações de empresas não americanas – encerrou o pregão a US$ 10,79.

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A XP também recomenda compra com preço-alvo de R$ 82 para os próximos 12 meses, uma alta de 34% na comparação com o fechamento do ativo nesta terça-feira (15). “Vemos a Vale negociada a cerca de 11% de dividend yield (rendimento em dividendos), com espaço de balanço mesmo após considerar provisão extra da Samarco. O desconto das ações da Vale em relação aos preços das commodities parece excessivo, implicando espaço para mais valorização das ações, já que não esperamos que os preços do minério de ferro caiam significativamente”, argumentam Laghi, Nippes e Urbano, que assinam o relatório da XP.

Para João Abdouni, analista da Levante Inside corp, os números anunciados nesta terça-feira ficaram acima do esperado, mas ainda dizem muito pouco sobre o longo prazo da empresa e as questões relativas á atividade econômica da China, visto que eles são apenas um recorte temporal e os estímulos do governo do país asiátivo estão apenas no começo. “A produção e as vendas da Vale de um trimestre não falam muito sobre o que será a demanda de minério de médio e longo prazo”, comenta o analista.

Ainda assim, Abdouni estima quanto a Vale vai pagar em dividendos. Segundo ele, a empresa deve depositar cerca de 8% do seu valor de mercado em proventos para o investidor (dividend yield), o que faz com que o papel passe a ser atrativo. O especialista prefere não revelar seu preço-alvo.

De acordo com o Broadcast, o Citi tem recomendação de compra para as ações da Vale, com preço-alvo de US$ 15,00 para os ADRs da mineradora, representando uma potencial de valorização de 39% ante o fechamento de ontem.

Já o BTG Pactual tem recomendação neutra para a Vale (VALE3), com preço-alvo de US$ 12 para o ADR, representando um potencial de valorização de 11% sobre o fechamento de terça-feira. Apesar de ter apresentado um resultado positivo no geral, os analistas do BTG avaliam que os preços realizados do minério de ferro caíram US$ 7,6 por tonelada no trimestre, indicando um impacto nos resultados do período apesar do aumento do volume.

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