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- A Vale divulgou um relatório apontando crescimento na produção de minério de ferro no segundo trimestre, atingindo 80,5 milhões de toneladas métricas, um aumento de 2,4%
- A queda nos preços está ligada ao enfraquecimento do mercado imobiliário chinês, um dos principais consumidores do minério de ferro da Vale
- O BTG Pactual projeta uma receita líquida de US$ 10,1 bilhões para o segundo trimestre, um aumento de 5% em relação ao ano anterior
O mercado aguarda com expectativa o balanço financeiro do segundo trimestre deste ano que a Vale (VALE3) deve apresentar no fim do pregão desta quinta-feira (25). Semana passada, a mineradora divulgou relatório apontando crescimento na produção de minério de ferro no mesmo período, atingindo 80,5 milhões de toneladas métricas (Mt), o que representa um aumento de 2,4% em relação ao segundo trimestre de 2023 e de 13,8% em comparação aos três primeiros meses de 2024. Analistas consideraram esses resultados positivos – confira aqui.
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Mas, apesar dos bons números apresentados, especialistas dizem que ainda existem incertezas no mercado devido aos baixos preços do minério de ferro, influenciados pela demanda chinesa, e à indefinição sobre a sucessão do novo CEO da mineradora, que deve ser eleito no terceiro trimestre.
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Segundo Matheus Falci, sócio da One Investimentos, a produção no período foi robusta, mas os preços realizados de seus materiais sofreram uma redução, com variações de -2,5% em relação ao trimestre anterior e -0,3% em relação ao ano anterior nos finos de minério de ferro, que representam cerca de 90% da produção da Vale.
Essa queda nos preços, conforme ele, está ligada principalmente ao enfraquecimento do mercado imobiliário da China, que é um dos principais consumidores do minério de ferro da Vale. “Mesmo ainda estando negativo no ano, o preço do minério de ferro tem apresentado uma tendência de recuperação desde abril após uma certa perspectiva de melhora na demanda chinesa, com o encerramento do período de chuvas por lá, que acabou limitando as obras e, consequentemente, as importações de minério”, analisa Falci.
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Com uma produção forte e uma tendência de recuperação nos preços do minério, o BTG Pactual (BPAC11) projeta uma receita líquida de US$ 10,1 bilhões para o segundo trimestre de 2024 da Vale, o que representa um aumento de 5% em relação ao mesmo período do ano anterior e de 20% em comparação ao trimestre anterior. O Ebitda da Vale no segundo trimestre de 2024, que representa o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, é estimado em US$ 4,1 bilhões, uma alta de 19% em relação ao trimestre anterior, embora seja 3% menor em comparação anual. A receita líquida esperada é de US$ 1,53 bilhão, um crescimento de 72% em relação ao ano anterior. Falci estima que, para 2024, a relação de dividendos por ação (DPA) seja de US$ 1,34.
Para o analista da Empiricus Research, Ruy Hungria, a expectativa é de um Ebitda de cerca de US$ 4 bilhões. De acordo com ele, trata-se de um crescimento tímido na comparação com o segundo trimestre de 2023, ajudado por melhores volumes e vendas no trimestre, especialmente de minério de ferro. “Mas é importante notar que apesar do crescimento as expectativas pioraram um pouco depois da prévia divulgada na semana passada, pois apesar dos bons volumes de produção, os preços realizados caíram um pouco mais do que o esperado e fizeram o mercado reduzir ligeiramente as expectativas, que antes da prévia situavam-se um pouco acima dos US$ 4 bilhões”.
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Ainda assim, diz ele, o mercado deve ver um resultado resiliente. “E como as ações seguem com múltiplos baixos e um dividend yield (rendimento de dividendos) interessante de quase 10%, mantemos a Vale na série ‘vacas leiteiras’, focada em dividendos”, pontua, ao usar o termo empresarial que se refere a companhias consolidadas no mercado que dão retornos expressivos constantes.
Impacto do dólar no lucro da Vale e dividendos extraordinários
As perspectivas para o resultado financeiro da Vale a ser divulgado nesta quinta-feira também são positivas para os analistas financeiros da Suno e da Nord Research. O analista João Daronco, da Suno, prevê um aumento no lucro líquido da empresa, estimando entre US$ 1,8 e US$ 1,9 bilhões. Ele também espera uma receita líquida de vendas próxima a US$ 10 bilhões e um Ebitda entre US$ 4 e US$ 4,1 bilhões.
Daronco destaca que, considerando os preços atuais do minério de ferro, a Vale deve apresentar resultados fortes, com expectativa de crescimento ao longo do ano. Ele estima que o lucro líquido anual da Vale fique em torno de US$ 9 bilhões, ou aproximadamente R$ 47 bilhões considerando a cotação atual do dólar. Com a Vale sendo avaliada em R$ 274 bilhões de valor de mercado, o múltiplo preço/lucro (P/L) estaria próximo de 5,8 vezes, o que é considerado atrativo.
Victor Bueno, analista da Nord Research, observa que, embora o preço do minério de ferro tenha permanecido estável em relação ao ano anterior, houve um aumento nas vendas e na produção, levando a um crescimento de receitas na ordem de 16%. Bueno destaca que o dólar mais alto em relação ao segundo trimestre de 2023 impulsiona ainda mais as receitas da Vale. No entanto, ele menciona que o custo C1, que abrange os custos da mina até o porto, deve apresentar uma leve expansão devido ao aumento dos preços de frete. Apesar disso, o Ebitda deve crescer cerca de 13%.
Para o lucro líquido da Vale, Bueno prevê um crescimento significativo devido a uma base comparativa mais fraca no segundo trimestre do ano anterior, quando a companhia registrou um lucro de R$ 5,8 bilhões. Agora, o lucro deve ultrapassar os R$ 10 bilhões, aproximando-se de R$ 11 bilhões, representando um crescimento de cerca de 80%. Quanto aos dividendos da Vale, ele não espera nenhum pagamento extraordinário este ano, mas estima um provento na ordem de R$ 2,90 a R$ 3 por ação, resultando em um yield (taxa de retorno) próximo de 10% ao final de 2024.
Ponto a ponto para entender o balanço da Vale
- O mercado aguarda o balanço financeiro do segundo trimestre de 2024 da Vale, que será divulgado nesta quinta-feira (25);
- A Vale reportou crescimento na produção de minério de ferro no segundo trimestre de 2024, atingindo 80,5 milhões de toneladas métricas, um aumento de 2,4% em relação ao ano passado e de 13,8% em comparação ao primeiro período de 2024;
- Apesar dos resultados positivos, há incertezas devido aos baixos preços do minério de ferro e à indefinição sobre o novo CEO da empresa;
- A queda nos preços do minério de ferro está associada ao enfraquecimento do mercado imobiliário chinês, que afeta a demanda pelo produto;
- O BTG Pactual projeta uma receita líquida de US$ 10,1 bilhões para o balanço a ser divulgado hoje, um aumento de 5% em relação ao ano anterior e de 20% em relação ao trimestre anterior;
- O Ebitda está estimado em US$ 4,1 bilhões, uma alta de 19% em relação ao trimestre anterior, mas 3% menor em comparação anual;
- Os analistas da Suno e da Nord Research esperam um lucro líquido anual da Vale (VALE3) em torno de US$ 9 bilhões e um dividend yield próximo de 10% ao final de 2024.
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