Mercado

Magazine Luiza (MGLU3): o favoritismo no varejo eletrônico e as principais competidoras

Especialistas reconhecem méritos da empresa, mas ponderam que preço está esticado

Os preços chegaram a cair cerca de 80%, um dos maiores abatimentos oferecidos pela empresa; tanto que chamou a temporada de “Black das Blacks”
  • Investimentos maciços em tecnologia e apetite de compra de outras empresas são algumas das vantagens competitivas de Magazine Luiza (MGLU3)
  • Entrega consistente de resultados, que continua surpreendendo os investidores, ajuda a explicar a precificação do papel, acima dos pares
  • Há quem entenda, porém, que os preços já estão esticados e não há grande potencial de valorização para o papel

O setor de varejo eletrônico ainda vive um bom momento. Depois de um belo empurrão no primeiro semestre, quando o confinamento obrigatório mostrou à população as maravilhas das compras on-line, os primeiros sinais de uma retomada da economia são um novo alento para as vendas.

O Dia das Crianças deste ano deu uma boa amostra da vitalidade do e-commerce. De acordo com a Ebit|Nielsen, as vendas digitais para essa data saltaram 28% em relação a 2019, chegando a R$ 3,1 bilhões.

E os meses que faltam até o final do ano têm tudo para registrar novo aumento no ritmo dos negócios. Afinal, novembro é a vez da Black Friday e, logo depois, o País já entra em ritmo de compras de Natal.

Preencha os campos abaixo para que um especialista da Ágora entre em contato com você e conheça mais de 800 opções de produtos disponíveis.

Ao fornecer meu dados, declaro estar de acordo com a Política de Privacidade do Estadão , com a Política de Privacidade da Ágora e com os Termos de Uso

Obrigado por se cadastrar! Você receberá um contato!

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

Principal player do setor, a Magazine Luiza (MGLU3) acaba de fazer mais um desdobramento de ações, de uma para quatro, o que facilita a entrada de mais investidores pessoa física. Ela tem muitos trunfos a seu favor, mas, devido aos preços já esticados, há casas que não recomendam a compra do papel.

Tecnologia, entrega de resultados e aquisições são vantagens competitivas

Pedro Serra, gerente do research da Ativa Investimentos, diz que o mercado tem uma visão muito positiva de Magazine Luiza porque a empresa é bem gerida e fez investimentos maciços em tecnologia. “Ela tem uma operação logística muito redonda, que funciona bem e é reconhecida pelo consumidor, o que gera solidez”, afirma.

Outra vantagem competitiva é o apetite de compra de outras empresas de varejo eletrônico, como Netshoes, Estante Virtual e Hubsales. “Tudo isso gera muito valor, as margens dilatadas estão aí. E a ela ainda está aberta a continuar com as aquisições, o que pode ampliar sua participação no mercado”, diz Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos.

Carolina Ujikawa, head de equity research da Mauá Capital, afirma que a valorização da empresa é fruto de sua assertividade e capacidade de entrega, com resultados que vêm surpreendendo positivamente o investidor há pelo menos quatro trimestres.

“Ela negocia a múltiplos mais altos que os pares. Mas continua crescendo, gerando receita com rentabilidade. A B2W, por exemplo, cresceu por muito tempo sem dar lucro”, compara.

Via Varejo é rival que deve ser considerada

João Guilherme Penteado, CEO da Apollo Investimentos, também vê na entrega de resultados consistentes o motivo pelo qual Magazine Luiza está precificada acima dos pares. Por essa razão, ele diz que a empresa é um case confortável para os investidores mais conservadores.

“Por outro lado, há outros atuantes que estão subprecificados e podem representar oportunidades maiores, mas também com risco maior”, pondera. “A Via Varejo era mal precificada por causa da gestão anterior, mas agora está sendo remodelada e isso está se corrigindo.”

José Francisco Cataldo, superintendente de research da Ágora Investimentos, diz que a Via Varejo (VVAR3) hoje tem um valuation mais atraente que a rival. “Mas, em termos de resultados, tudo dependerá da parte financeira”.

A Toro Investimentos tem recomendação neutra para o papel da companhia de Luiza Trajano, mesmo reconhecendo o êxito de sua operação digital eficiente e bem azeitada.

“Enxergamos um potencial limitado de crescimento dos preços no horizonte de médio prazo. Apesar de ser uma excelente empresa, não entendemos que o preço da ação está atrativo”, justifica o analista Lucas Carvalho.

Ele também reconhece os méritos da Via Varejo, que fez uma forte imersão no canal digital. “Não é à toa que seus preços se valorizaram tanto do inicio da pandemia para cá. Em março o papel custava R$ 3,50 e hoje negocia na faixa de R$ 18 a R$ 20.”

A Ativa é outra com recomendação neutra para Magazine Luiza, que, segundo a corretora, está com os preços “muito esticados”.

“Nossa recomendação de compra é para Lojas Americanas, que consideramos o melhor player do setor. É uma empresa muito capitalizada, que também está investindo pesado em tecnologia, mas com um nível de valuation melhor que o de Magazine Luiza”, afirma Pedro Serra, gerente de research da corretora.

Ujikawa diz que a Mauá está comprada em Magazine Luiza desde setembro de 2017. Ela também gosta da Via Varejo, mas ressalva que o histórico da empresa com a nova gestão ainda é curto e, por isso, o investidor de longo prazo tende a preferir os resultados seguros de Magazine.

“Os dois players negociam bem com fornecedores e possuem equipes de suprimentos e logística muito boas. Ambos têm capacidade de aumentar seu market share“, conclui.