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Caso Credit Suisse: gestão patrimonial pode virar alvo de concorrentes

Analistas do Citi apontam que o Credit Suisse Brasil possui uma franquia relevante de Gestão Patrimonial

Caso Credit Suisse: gestão patrimonial pode virar alvo de concorrentes
UBS anunciou a compra do Credit Suisse por 3 bilhões de francos suíços, US$ 3,25 bilhões, neste domingo (19). Foto: Spencer Platt/Getty Images via AFP
  • Em janeiro de 2023 o Credit Suisse Brasil foi o 3ª maior player em ativos sob gestão para pessoas físicas do segmento HNW (High Net Worth)
  • Analistas acreditam que compra do Credit Suisse pela UBS pode impactar a jointventure (JV) entre UBS e BB no Brasil
  • Citi espera ver ganhos em participação por parte dos concorrentes, com grandes movimentos potenciais em termos de leilões

Dadas as recentes notícias sobre o Credit Suisse, o Citi diz que tem recebido perguntas de clientes sobre as operações brasileiras do banco suíço e possíveis implicações para o setor. “Enquanto suas operações consolidadas são pequenas em relação ao sistema (0,3% de ativos bancários do Brasil e 0,5% de patrimônio), o Credit Suisse Brasil possui uma franquia relevante de Gestão Patrimonial, que pode ser alvo para os concorrentes”, avalia o Citi.

O banco vê uma possível aquisição da operação do Credit Suisse como menos provável, mas acredita que alguns “acq-hiring” (processo de aquisição de uma empresa para recrutar seus funcionários, em vez de obter o controle de seus produtos ou serviços) podem fazer sentido, visando os ativos dos banqueiros e clientes.

O Citi pontua que embora a atual situação do Credit Suisse possa ter um impacto relevante no segmento de Gestão de Fortunas de investidores com patrimônio elevado (High Net Worth, ou HNW, na sigla em inglês), as taxas gerais parecem relativamente baixas em comparação com as receitas totais de outros gestores de patrimônio e os ganhos potenciais de participação dos concorrentes não parecem ter uma alteração significativa.

Ao final do primeiro semestre de 2022, últimos dados disponíveis no Banco Central do Brasil, o Credit Suisse Brasil possuía R$ 36,4 bilhões em ativos totais, R$ 6,7 bilhões em carteira de crédito e R$ 6,3 bilhões em patrimônio líquido, representando respectivamente 0,3%, 0,1% e 0,5% do sistema. O banco tinha uma posição de capital saudável (CET de 18,2%), além de apresentar um forte retorno sobre o patrimônio (ROE) de 19% no período. Em 2021, apresentou R$ 1,1 bilhão em taxas, principalmente relacionadas à Gestão Patrimonial (61%) e ao Mercado de Capitais (39%).

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O Citi reforça que a operação no Brasil do banco suíço constitui um agente relevante na gestão patrimonial de investidores com patrimônio elevado. De acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), em janeiro de 2023 o Credit Suisse Brasil foi a terceira maior empresa em ativos sob gestão para pessoas físicas do segmento HNW (com R$ 70,3 bilhões), atrás do Itaú Unibanco (R$ 137,8 bilhões) e do BTG Pactual (R$ 117,4 bilhões).

“Notamos que este ranking não reflete necessariamente a posição geral dos players no negócio HNW, pois não contabiliza contas off-shore (exterior) e outros veículos de investimento, mas pode dar uma ideia razoável de tamanho relativo entre os diferentes competidores”, pontua.

Os analistas Rafael Frade, Brian Flores, José Luis Cuenca e Gabriel Gusan esperam intensa “acq-hiring” nos próximos meses com UBS adquirindo Credit Suisse, o que eles acreditam que pode impactar a joint venture (acordo comercial) entre UBS e BB no Brasil. Eles levantam ainda alguns questionamentos: o Credit Suisse Brasil funcionará como uma operação independente? A JV comprará a operação brasileira?

“Acreditamos que até que tenhamos uma indicação clara de como essa relação evoluirá, os concorrentes podem atingir os banqueiros do Credit Suisse Brasil, com o objetivo de obter ativos dos clientes, semelhante à forma como o BTG Pactual abordou os IFAs (assessores financeiros independentes) da XP no passado. Isso pode levar a ganhos de participação de mercado no segmento para players como BTG, XP e Itaú Unibanco, entre outros”, analisam.

Por outro lado, o Citi pondera que embora espere ver ganhos em participação por parte dos concorrentes, com grandes movimentos potenciais em termos de leilões, os impactos potenciais nas receitas parecem ser mais limitados.

“Olhando para os números de 2021, as taxas do Credit Suisse Brasil totalizaram R$ 1,1 bilhão, em comparação com R$ 39,9 bilhões para a Itaú Unibanco, R$ 13,9 bilhões para a receita total do BTG e R$ 12 bilhões para a receita do XP (apesar de não ser comparável). Supondo que qualquer um desses players capture 10% de participação de mercado do Credit Suisse Brasil, mantendo tudo constante, poderíamos estimar impactos potenciais de 0,3%, 0,8% e 0,9% em receitas, respectivamente”, calculam os analistas.

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