Logo depois do escândalo da Americanas (AMER3) ter movimentado o mercado, no dia 31 de janeiro a Light (LIGT3) anunciou, via ofício à CVM, a contratação da consultoria financeira Laplace, a mesma que assessorou a Oi (OIBR3) em sua recuperação judicial.
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A companhia apontou que a contratação tem como objetivo “assessorar a companhia na análise de estratégias financeiras, visando, principalmente, apresentar melhorias em sua estrutura de capital”.
Mas a contratação deixou o mercado em alerta sobre possíveis dificuldades que a concessionária de energia poderia ter para rolar suas dívidas, já que reduz as chances de credores ofertarem novos financiamentos à empresa. Como resultado, as ações da companhia se desvalorizaram mais de 10%.
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E o cenário está se confirmando. Segundo Lauro Jardim, colunista do jornal Globo, é esperado que a concessionária de energia entre com pedido de Recuperação Judicial. A empresa precisa de R$ 3,3 bilhões nos próximos dois anos para manter o negócio de pé, e tem R$ 4 bilhões em caixa.
A queima de caixa da empresa é de cerca de R$ 1 bilhão por ano, de acordo com um analista de renda fixa do BTG Pactual, em nota a clientes.
Mas como a companhia chegou nesta situação? Uma das razões é o fracasso no combate aos ‘gatos’, as ligações ilegais de energia na região metropolitana do Rio de Janeiro, sua única concessão. Consequentemente, a empresa não consegue atingir as metas de qualidade definidas pela agência reguladora do mercado de energia elétrica, a Aneel. Como resultado, pode perder a concessão, que vence em 2026.
A incapacidade de reduzir perdas de energia, o aumento das taxas de juros do país e decisões fiscais desfavoráveis são os principais fatores por trás do aumento da alavancagem da empresa nos últimos trimestres. A Light realizou aumentos de capital nos últimos anos visando reduzindo seu endividamento, mas isso apenas gerou um alívio temporário.
E qual é a saída? A empresa poderá optar por renegociar suas dívidas. Mas alguns credores podem não aceitar o “risco” para estenderem prazos. Os papéis que vencem depois da concessão possuem cláusulas de vencimento antecipado caso a concessão não seja renovada.
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Por fim, a Light pode optar por devolver sua concessão de distribuição ou negociar saídas com o regulador para operar a concessão de maneira sustentável, incluindo renúncias regulatórias sobre perdas de energia.
Segundo analistas, será difícil para a empresa continuar a operar a concessão nos termos existentes. A Light pode manifestar a intenção de renovar a concessão por mais 30 anos até junho.
Em caso de não renovação da concessão e impossibilidade de mudanças nas regras contratuais, a Light tem o direito de ser indenizada pelos investimentos realizados e não depreciados ao longo da concessão. Analistas da corretora Guide esperam que haja uma negociação, pois seria difícil para o governo encontrar outra empresa para operar a concessão nos termos atuais.
Caso a concessão não seja renovada, é possível que o valor do ressarcimento seja próximo do valor da dívida. Contudo, isto só ocorreria em 3 anos.
Um dos principais acionistas da Light, com participação de 10% no negócio, é Carlos Alberto Sicupira, sócio da 3G Capital e um dos homens mais ricos do Brasil, além de um dos principais acionistas da Americanas.
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