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Ata do Copom: 5 pontos para entender a escalada dos juros no País

Documento expõe as motivações que levaram o BC a elevar a taxa Selic na última quarta-feira (18)

Ata do Copom: 5 pontos para entender a escalada dos juros no País
Copom define os rumos da taxa básica de juros no País. (Foto: Adobe Stock)
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  • O Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira (24) a esperada ata do Comitê de Política Monetária (Copom)
  • Este documento é publicado, sempre, uma semana após a decisão sobre a taxa básica de juros - na última quarta (18), o colegiado decidiu subir a "Selic" em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano
  • Contudo, o vocabulário técnico nem sempre é acessível para todos os leitores. O E-Investidor, então, consultou especialistas para elencar os pontos mais importantes do relatório

O Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira (24) a esperada ata do Comitê de Política Monetária (Copom). Este documento é publicado uma semana após a decisão sobre a taxa básica de juros – na última quarta (18), o colegiado decidiu subir a “Selic” em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano, na primeira elevação desde agosto de 2022.

Em termos gerais, a ata é acompanhada de perto pelo mercado por trazer a visão do BC sobre o cenário econômico, além das discussões internas que levaram a uma alta, corte ou manutenção da Selic. Nesta nova publicação, o Copom justifica a decisão de elevar os juros e traça perspectivas para os próximos.

Contudo, o vocabulário técnico nem sempre é acessível para todos os leitores. O E-Investidor, então, consultou especialistas para listar os pontos mais importantes do relatório.

Postura mais dura ou “hawkish”

O primeiro ponto a se analisar é o “tom” adotado pelo Copom na nova ata. Para os analistas, o comitê assumiu uma postura mais “hawkish”, ou seja, mais dura em relação ao combate à inflação. Isto significa que o Banco Central está mais propenso a subir os juros para controlar o aumento dos preços, tendo em vista que as expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estão “desancoradas” – ou seja, acima da meta de 3% para este ano e os próximos.

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“A ata do Copom de setembro reforçou o tom hawkish da decisão anterior, reafirmando a necessidade de uma política monetária mais dura para domar a inflação”, afirma Guilherme Jung, economista da Alta Vista Research.

Cenário doméstico justifica alta da Selic

A ata também deixou claro que o Copom vê o cenário doméstico se sobrepondo ao cenário externo, quando o assunto são fundamentos para o início de um novo ciclo de alta de juros. Por aqui, a atividade econômica mais resiliente, com um mercado de trabalho aquecido, cria um ambiente propício para uma inflação mais pressionada.

“O Copom aponta que, embora não haja evidências concretas de que as pressões salariais estejam impactando diretamente a inflação, o crescimento real dos salários, que supera os ganhos de produtividade, tende a influenciar a inflação com o tempo”, diz Alexandre Lohmann, economista-chefe da Constância Investimentos.

O comitê também cita que o “hiato do produto” está positivo. Ou seja, a economia está operando acima do seu potencial “normal”, sobreaquecida, o que também afeta a inflação. “Então, do lado macroeconômico doméstico, o Copom trouxe essa percepção de que tem espaço para voltar a ajustar os níveis da política monetária para ficar em nível suficientemente restritivo (subir a Selic em um nível que segure a alta da inflação)”, diz Marcos Moreira, CFA e sócio da WMS Capital.

Cenário externo sai de cena

Já o cenário internacional, que tanto fez preço nos ativos brasileiros no início do ano, volta a ser coadjuvante e ter impacto menor na conjuntura doméstica. “A economia global não parece exercer qualquer tipo de pressão sobre a dinâmica interna no cenário atual, sendo este o ponto central do argumento apresentado no parágrafo 9 da ata”, ressalta Matheus Pizzani, economista da CM Capital.

Vale lembrar que, principalmente na esteira do atraso nos cortes de juros nos EUA, o Ibovespa afundou 7,6% no 1º semestre de 2024. Agora, as movimentações por lá perderam relevância.

Subida de tom sobre gastos do Governo

Outro fator importante, notado pelos analistas, é que o Copom também subiu o tom em relação à “política fiscal” – isto é, a condução das contas públicas pelo governo. Pizzani, economista da CM Capital, relembra que as menções do comitê ao tema em atas anteriores eram “breves e sem grande aprofundamento”.

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Contudo, neste novo texto, a instituição destacou a importância de um controle do orçamento. “O comitê do BC classificou como expansionista a atual política de gastos do Governo, afirmando ainda ser necessária a mudança de postura em direção à uma política fiscal contracíclica, a mesma utilizada no campo monetário, para que se efetivasse a estabilidade monetária no país”, destaca Pizzani,

Para o BC, essa “política fiscal expansionista” ficaria clara quando analisado o “vigor” nas concessões de crédito às famílias, que indica um suporte ao consumo e consequentemente à demanda agregada.

Visão unânime sobre novas altas de juros – ritmo dependerá de dados

A nova ata deixou claro que a necessidade de um novo ciclo de alta de juros foi uma visão unânime dos integrantes do Copom, em função dos pontos mencionadas sobre a atividade econômica no cenário doméstico. Contudo, chamou a atenção dos analistas também a postura pragmática da instituição, em não se comprometer com o ritmo da alta de juros, mas sinalizar que o aperto ocorrerá de maneira “gradual”.

O comitê assumiu uma conduta “data dependent“, ou seja, de que as decisões futuras dependerão dos dados econômicos que serão divulgados à frente. Contudo, não descarta um movimento mais forte de subida de juros, se for necessário.

“Afinal, a questão aqui não é só acertar a taxa de juros, mas o timing do ajuste – algo que a experiência mostra ser um jogo delicado de riscos e retornos”, afirma Guilherme Jung, economista da Alta Vista Research. “É nítido que o Copom seguirá elevando juros nas próximas reuniões, algo que será feito, todavia, de maneira escalonada, com o BC aumentando a magnitude das altas reunião a reunião”, completa Pizzani, economista da CM Capital.

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