Investidores do BB (BBAS3) ainda digerem resultados do 2T25, que mostrou queda do lucro, aumento da inadimplência e corte de dividendos. (Foto: Adobe Stock)
As ações do Banco do Brasil (BBAS3) operam em queda de 0,40% nesta quarta-feira (20) na Bolsa de Valores, cotadas a R$ 19,72 às 11h30, sob intensa volatilidade. O papel chegou a virar para a alta, atingindo a máxima de R$ 19,98 na primeira hora do pregão, mas depois voltou a recuar.
A sessão de terça-feira já havia sido marcada por pressão intensa no setor financeiro, em meio às tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos e os desdobramentos da aplicação da Lei Magnitsky. A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, de vetar o cumprimento de ordens estrangeiras no País aumentou as incertezas e ampliou o desconforto dos investidores.
Ontem (19), o a Bolsa brasileira encerrou em queda de 2,10%, aos 134.432 pontos, com giro financeiro de R$ 22,4 bilhões. Apenas cinco papéis escaparam do movimento vendedor, entre eles Minerva (BEEF3) e Suzano (SUZB3). Acompanhe aqui o andamento do pregão no Ibovespa hoje.
O setor financeiro, por sua vez, foi o mais atingido: o BB liderou as perdas, recuando 6,03%, seguido de Santander (SANB11), BTG Pactual (BPAC11), Bradesco (BBDC3; BBDC4) e Itaú (ITUB3; ITUB4). O Índice Financeiro (IFNC) caiu 3,82%, a maior baixa desde janeiro de 2023.
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Mercado ainda digere os números ruins do balanço do 2T25 do BB
Essa correção de preço ocorre num momento em que o BB ainda digere os resultados do segundo trimestre de 2025 (2T25). O lucro líquido ajustado da instituição despencou para R$ 3,8 bilhões, uma queda de 60% em relação ao mesmo período do ano anterior – veja o balanço completo aqui.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) caiu para 8,4%, o menor desde 2000. Segundo analistas, o principal fator de pressão foi o aumento expressivo das provisões para devedores duvidosos (PDD), que cresceram cerca de 80% na comparação anual, em grande parte devido à deterioração da carteira de crédito do agronegócio.
O setor agro, que responde por cerca de 30% da carteira do banco, atravessa uma fase delicada, com inadimplênciarecorde.
Atrasos superiores a 90 dias chegaram a 3,5% no 2T25, segundo dados do Banco Central (BC), enquanto os atrasos entre 15 e 90 dias ficaram em 2,9%. Além disso, a Resolução 4.966 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que antecipou perdas futuras, também pressionou os números.
Para completar, as despesas administrativas aumentaram, sendo 70% relacionadas a gastos com pessoal.
Guidance e dividendos do Banco do Brasil sofrem mudanças
Diante desse quadro, o guidance(projeção) de lucro líquido ajustado do Banco do Brasil foi revisado para baixo: de R$ 37 bilhões a R$ 41 bilhões, a projeção passou a ser de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões. Para Felipe Manara, economista e CEO da Stoic Capital, a questão central é como a estatal vai conseguir reverter esse cenário.
Por mais que o guidance tenha sido revisado, não há clareza de como o banco vai conseguir sair dessa. Tivemos um dos maiores aumentos nas despesas de pessoal, e isso, num banco estatal, é menos flexível do que em instituições privadas.
O corte na política de dividendos– com payoutreduzido de 40% para 30% – também preocupa investidores.
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Apesar da forte queda nos lucros e do ambiente adverso, as ações do Banco do Brasil (BBAS3) segue relevantes no mercado de capitais. Em maio, os papéis chegaram a superar Itaú e Vale (VALE3) em número de negociações, ficando atrás apenas da Petrobras (PETR3; PETR4).