Unidade Americanas Express. Crédito: Felipe Rau/Estadão.
A Americanas (AMER3) divulgou nesta terça-feira (10) informações sobre a mais recente proposta apresentada pela companhia a credores com o objetivo de renegociar suas dívidas. Vale lembrar que a varejista se encontra em recuperação judicial desde janeiro deste ano, após anunciar um rombo contábil de R$ 25 bilhões.
Em fato relevante, a empresa afirmou que conduziu nesta terça mais uma reunião para apresentar em detalhes a proposta que vem sendo discutida com credores até então. No plano atual, os acionistas de referência – Jorge Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira – devem contribuir com um aumento de capital de curto prazo, em dinheiro, no valor de R$ 12 bilhões, considerando o financiamento DIP (“debtor-in-possession”, na sigla em inglês) já aportado.
Esse tipo de financiamento para empresas em recuperação judicial foi possibilitado pela Lei 14.112/2020, que entrou em vigor em 2021. O mecanismo permite suprir a falta de fluxo de caixa para arcar com as despesas operacionais enquanto a empresa está sob a proteção judicial. Por ser um procedimento arriscado, o credor que realiza esse tipo de empréstimo pode ser ressarcido mais rapidamente em caso de eventual falência. Veja mais detalhes nesta reportagem.
Antes, a Americanas propunha um aporte de R$ 10 bilhões por parte do trio de acionistas de referência, com uma possível capitalização extra de R$ 2 bilhões no futuro, a depender do desempenho financeiro da companhia. Pela proposta desta terça, os R$ 2 bilhões serão aportados no curto prazo, sem condicionantes.
Ainda de acordo com o fato relevante, a empresa também propôs a capitalização de dívida concursal por parte dos credores no valor de R$ 12 bilhões e a emissão de nova dívida de R$ 1,875 bilhão para refinanciar parte dos passivos concursais existentes. Além disso, R$ 8,7 bilhões em dinheiro devem ser dedicados à recompra antecipada de dívida concursal com desconto.
Esse tipo de dívida é proveniente da atividade da empresa devedora enquanto ela ainda estava na condução normal de sua atividade, portanto, decorre de negócios celebrados antes do pedido de recuperação judicial.
Segundo a Americanas, a negociação, que está em fase avançada, continua ainda a contar com a previsão de pagamento integral das Classes I (trabalhista) e IV (micro e pequenas empresas) de credores da recuperação judicial. Há também alternativas de pagamento diferenciado para fornecedores, nos termos do plano de recuperação enviado à Justiça no dia 20 de março.
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“A Companhia segue empenhada nas negociações destes termos com seus credores financeiros, em busca de uma solução sustentada que permita a continuidade de suas atividades”, enfatizou a varejista em documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).