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Banco vê aumento de risco de intervenção do governo na Petrobras (PETR4)

Queda no preço das ações reduziu o valor de mercado da estatal em cerca de US$ 12 bilhões

Banco vê aumento de risco de intervenção do governo na Petrobras (PETR4)
Fachada da sede da Petrobras, no Rio. Foto: Wilton Junior/Estadão

O Goldman Sachs avalia que o risco de uma intervenção governamental na Petrobras (PETR3; PETR4) cresceu após a estatal decidir não pagar dividendos extraordinários com o lucro remanescente no quarto trimestre de 2023. Por outro lado, o banco vê que a questão já está parcialmente refletido no preço das ações, com o American Depositary Receipt (ADR) – recibos que permitem que investidores consigam comprar nos Estados Unidos ações de empresas não americanas – fechando em baixa de 11,5% na sexta-feira, 8.

“Historicamente houve vários casos em que as manchetes aumentaram a percepção de risco, o que não levou a uma mudança fundamentos significativos o suficiente para evitar a valorização do preço das ações no longo prazo”, ponderam os analistas Bruno Amorim, Joao Frizo, e Guilherme Costa Martins, em relatório enviado a clientes.

Eles calculam que a Petrobras precisaria aumentar o investimento em US$ 7,6 bilhões por ano em relação ao cenário-base do Goldman, de US$ 17 bilhões por ano, para que o rendimento de fluxo de caixa livre (FCFy) da estatal corresponda ao das principais empresas globais em 2024.

O banco destaca ainda que a recuperação das ações da Petrobras no passado foi baseada em uma forte geração de fluxo de caixa livre (FCF) e um sólido desempenho operacional dos principais ativos, como o pré-sal, que deve continuar avançando; e no pagamento de dividendos significativos aos acionistas, que diminuiu em 2023, mas permaneceu sólido com rendimento de aproximadamente 15%, enquanto a expectativa do Goldman para 2024 e 2025 é de uma média de rendimento de dividendos de 11%, representando um ligeiro prêmio em relação às principais empresas globais.

Dividendos e fusões e aquisições na Petrobras

Amorim, Frizo e Martins frisam que as potenciais fusões e aquisições (M&A) da Petrobras são contabilizadas no plano estratégico da estatal, anunciado no ano passado, que deve ser atualizado no final de 2024. “Portanto, a não declaração de dividendos extraordinários provavelmente não está vinculado a nenhum anúncio de fusões e aquisições no curto prazo, o que deve reduzir os riscos no curto prazo, em nossa opinião”, ponderam.

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Os analistas dizem ainda que a queda no preço das ações da Petrobras reduziu o valor de mercado da estatal em cerca de US$ 12 bilhões, enquanto a recém anunciada reserva de remuneração de capital da empresa é de US$ 9 bilhões.

“O mercado parece estar precificando mais do que o valor relacionado à reserva que, segundo a empresa, ainda pode ser paga [na forma de dividendos] em algum momento futuro. Mesmo que o capital não seja pago (o que não é o caso base anunciado pela empresa), este pode ser gasto em projetos onde o valor presente líquido (VPL) não é necessariamente negativo”, complementam.

Recomendação para as ações

O Goldman Sachs reitera recomendação de compra para a Petrobras, com preço-alvo de R$ 43,50 por ação ordinária (ON) e de R$ 39,60 por ação preferencial (PN) representando potenciais de valorização de 17,6% e 9,6% sobre o fechamento de sexta-feira (8), respectivamente.