Começa nesta terça-feira (17) a primeira parte da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que deve iniciar um ciclo de aperto dos juros. Pelo levantamento feito pelo Projeções Broadcast, 53 de 61 instituições financeiras consultadas projetam uma elevação da Selic para 10,75% ao ano, ou seja, uma alta de 0,25 ponto porcentual.
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O descolamento das expectativas de inflação em relação à meta tem sido apontado como o principal fator para o aumento da taxa, já que até os porta-vozes do BC têm dito que estão desconfortáveis com esse movimento – que não retrocede.
Para piorar, os agentes têm se mostrado ainda mais desconfiados em relação à questão fiscal, que, se por um lado pode ter ajudado o crescimento surpreendente do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre – veja aqui -, de outro é visto como um redutor da eficiência da política monetária.
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Na segunda-feira (16), a pesquisa Focus revelou que a mediana das estimativas para a Selic no fim do ano seguiu em 11,25% aa, mas que subiu de 10,25% para 10,50% aa no encerramento de 2025.
O mesmo relatório mostrou que a projeção suavizada para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 12 meses à frente ultrapassou a marca dos 4,00% e que a relação entre déficit primário e PIB seguiu em 0,6% para o fim de 2024 e em 0,75% em dezembro do ano que vem.
As previsões para a alta do juro em setembro chegaram a ser maiores, lambendo, inclusive, aumentos de 0,75 pp, depois que o Copom escreveu em sua ata que tudo estaria em aberto até a reunião desta terça-feira e quarta-feira (18), inclusive uma elevação da taxa.
Com as falas intensas dos diretores e do presidente da instituição, Roberto Campos Neto, as estimativas foram aparadas. Vale ressaltar que, além de se dizer altamente dependente dos dados macroeconômicos recentes para tomar a decisão, a cúpula do BC fez questão de frisar a importância do que apontam os resultados de seus modelos em relação à inflação e à meta.
Decisão de juros com dois presidentes
Além da grande expectativa pela confirmação do início de um novo ciclo de aperto, a reunião que se encerra nesta quarta-feira (18) contará com “dois presidentes” do BC.
Além do oficial, vem ganhando cada vez mais lupa a comunicação feita pelo atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, que foi indicado no fim de agosto pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como o novo comandante do BC a partir de 2025.
Galípolo tomará posse do cargo em janeiro se for aprovado em sabatina da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, marcada para 8 de outubro. Nas últimas semanas, o postulante percorreu gabinetes da Casa para se reapresentar aos parlamentares. Ele contou também com a ajuda de Campos Neto. Esta é a primeira vez que ocorre uma transição deste tipo por causa da lei de autonomia operacional do BC, de 2021, e deve entrar em destaque na decisão da Selic.
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