77 milhões de brasileiros estão inadimplentes: veja dicas para sair das dívidas (Foto: Adobe Stock)
Cerca de 77 milhões de brasileiros estão inadimplentes – sem cumprir suas obrigações financeiras -, são 298,5 milhões de dívidas com um valor total de R$ 437 bilhões em aberto, segundo o Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas no Brasil, da Serasa. O dado é um alerta para a importância de iniciativas que promovam não apenas a recuperação de crédito, mas também a prevenção e a educação financeira. Organizar as contas e retomar o controle financeiro pode virar rotina. Realizando planejamento e renegociações, há alternativas sustentáveis para ficar com as contas em azul ainda em 2025.
Ainda com base no Mapa da Inadimplência, os mais velhos são os mais endividados. Brasileiros com idades entre 41 e 60 anos representam a maior fatia da população com nome restrito, 35,1%. Na sequência, estão os Millennials, a geração entre 26 e 40 anos – 33,9% -, depois, os idosos acima de 60 anos (19%), e, por último, a Geração Z, os jovens entre 18 e 25 anos, representando 11,6% do grupo.
Em maio deste ano, o valor médio de dívida por pessoa cresceu 1,14%, atingindo os R$ 6.036,94. Em comparação com os dados de 2023, a população está 7,1% mais endividada.
O estado com mais inadimplentes na população adulta é o Amapá, com 63,14%. Seguido do Distrito Federal – 60,66% – e o Rio de Janeiro, com 56,62%.
Fernando Lamounier, educador financeiro e diretor da Multimarcas Consórcios, aponta que as contas básicas devem ser as prioritárias, porque correm risco de corte no fornecimento, como contas de água e luz, parcelas vencidas do condomínio, mensalidades atrasadas em escolas, contas de gás e telefonia.
Em seguida, contas de consumo, que acumuladas no cartão de crédito, podem significar um grande problema por conta dos altos juros, assim como limites de cheque especial. Por fim, se sobrar algum valor, vem o planejamento para fazer uma reserva de emergência ou investimentos.
“Hoje, o que vemos é uma exclusão financeira em massa. Famílias inteiras estão fora do sistema de crédito e sem acesso a renegociações viáveis. Em muitos casos, as dívidas estão paradas há mais de dois anos”, avalia Lamounier. A consequência dessa inadimplência crônica é a retração do consumo, o aumento da informalidade e o risco de colapso em setores fundamentais da economia popular.
“Mais do que reagir à inadimplência, hoje o foco de bancos e instituições está em preveni-la. Mas quando ela acontece, agir com inteligência faz toda a diferença. É possível buscar instituições que forneçam condições mais suaves e espaçadas para o pagamento total. Para toda situação há uma solução que pode ser planejada”, afirma Camila Poltronieri Flaquer, Head de Cobrança Digital (B2C) da Recovery.
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Levando em consideração que os cartões de crédito são os que mais enlaçam a população endividada, Flaquer reuniu 5 dicas práticas para quem quer reorganizar sua vida financeira ainda neste ano.
1. Tenha clareza da sua situação financeira
Para quitar dívidas, é preciso começar pelo básico: entenda quanto entra e quanto sai do seu orçamento todos os meses. Registre tudo, de contas fixas a gastos variáveis, e veja se sobra ou falta dinheiro no fim do mês.
Se estiver no vermelho (com dinheiro faltando ou dívidas), revise as despesas e corte o que for possível. Se estiver no azul (com uma quantia sobrando), aproveite para investir, mesmo que com pouco.
2. Saiba tudo sobre suas dívidas
Se há mais de uma dívida, é preciso organizá-la para pensar nas melhores soluções de pagamento. Crie uma lista com nome do credor, valor total, juros, parcelas e quanto ainda falta pagar. Priorize dívidas com juros altos ou garantias, como imóveis e veículos.
Se não souber esses dados, consulte seu Cadastro de Pessoa Física (CPF) no Registrato (sistema online e gratuito do Banco Central que reúne informações sobre a relação de uma pessoa – física ou jurídica- com o sistema financeiro nacional), Serasa, SPC Brasil ou Recovery. Há plataformas digitais que ajudam na identificação de dívidas e oferecem condições especiais para quitação.
3. Converse com a família e faça um plano conjunto
Falar sobre dinheiro em casa pode ser difícil, mas é essencial. Reúna a família, reveja o orçamento coletivo e defina metas conjuntas. Pequenos ajustes, como cortar planos de streaming ou reduzir gastos com delivery e demais produtos e serviços não essenciais por um período podem fazer grande diferença.
4. Renegocie suas dívidas
Renegociar dívidas é um passo essencial para retomar o controle financeiro e evitar que os débitos se tornem impagáveis. Busque acordos mais vantajosos com os credores, como descontos para pagamento à vista ou parcelamentos com valores que caibam no orçamento.
5. Reduza a quantidade de cartões de crédito
Evite o acúmulo de cartões e pague sempre o valor total da fatura na data correta. Nunca é demais repetir: monitorar compras parceladas e evitar gastos fora do orçamento são atitudes que ajudam a manter o controle e afastar o risco da inadimplência.