A cotação do dólar hoje fechou em forte alta, enquanto investidores seguiram à espera do anúncio do plano de corte de gastos do governo. A moeda americana terminou o pregão desta sexta-feira (8) em valorização de 1,07%, a R$ 5,7359, depois de oscilar, ao longo do dia, entre máxima a R$ 5,7908 e mínima a R$ 5,7276.
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O índice DXY, que mede a divisa ante uma cesta de seis pares fortes, também subiu, exibindo alta de 0,48%, aos 105,011 pontos, ao final da tarde. O dólar acelerou ganhos em relação a moedas rivais e emergentes, após o jornal Financial Times revelar que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, convidou o ex-representante comercial Robert Lighthizer para voltar ao cargo. Lighthizer é conhecido por defender políticas protecionistas e uma posição dura contra a China.
De acordo com o veículo, também estaria fazendo lobby por um cargo diferente, incluindo o de secretário do Comércio. Ele teria ainda demonstrado interesse em atuar como secretário do Tesouro, mas essa posição deve ser oferecida a um representante do setor financeiro, com concorrentes englobando os gestores de fundos de hedge Scott Bessent e John Paulson.
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Conforme explicamos nesta reportagem, o entendimento do mercado é de que as propostas econômicas mais protecionistas de Trump, incluindo o aumento de imposto de importação, com tarifas mais elevadas para a China, devem sustentar a demanda por ativos seguros, fazendo com que o dólar siga uma trajetória de valorização em relação a outras moedas globais.
Além das questões relacionadas ao novo mandato do republicano, o mercado também reagiu a planos de estímulos anunciados para a economia chinesa. O país asiático aprovou um projeto de lei que eleva o teto das dívidas de governos locais em 6 trilhões de yuans, o equivalente a US$ 840 bilhões, segundo a agência de notícias estatal chinesa Xinhua. A medida não impressionou o mercado, fazendo o minério de ferro terminar o dia em baixa de 3,01% em Cingapura e em queda de 1,65% em Dalian, na China.
Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, explica que o mercado de câmbio buscou proteção no dólar em meio à queda do minério. “O anúncio do estímulo chinês não foi suficiente para aumentar a demanda interna por commodities, o que impactou negativamente moedas de países emergentes, como o real”, afirma.
Preocupações internas também mexem com o câmbio
Ainda de acordo com Iarussi, dois fatores domésticos impulsionaram a alta do dólar no pregão: as incertezas em torno do pacote de corte de gastos do governo brasileiro e o avanço da inflação no Brasil. “A demora para apresentar um plano de redução de gastos não só frustra o mercado, mas também expõe uma falta de compromisso em enfrentar a realidade fiscal do País”, afirma o especialista.
Em entrevista à CNN Brasil, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer compreender “a redação de cada medida” do plano de corte de gastos proposto pela equipe econômica. Segundo o ministro, o chefe do Executivo não é contrário ao compromisso fiscal, mas não deseja que a conta recaia para a população mais vulnerável. As declarações de Dias trouxeram a sensação de que o anúncio da decisão pode não estar tão próximo quanto o mercado esperava.
Na opinião de Iarussi, a falta de clareza sobre o conteúdo e a abrangência do pacote fiscal brasileiro gera insegurança entre os investidores, o que eleva o risco percebido e aumenta a busca por proteção no dólar, contribuindo para a valorização da moeda americana frente ao real.
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Em relação à inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou outubro com alta de 0,56%, ficando 0,12 ponto percentual acima da taxa de setembro, de 0,44%. O resultado do último mês também ficou 0,02 ponto porcentual superior à mediana da pesquisa Projeções Broadcast, que indicava alta de 0,54%. O intervalo das estimativas ia de 0,45% a 0,65%.
“A inflação em alta pressiona o Banco Central a subir a Selic, mas isso não necessariamente ajuda a fortalecer o real, pois as incertezas econômicas internas dificultam que o diferencial de juros se torne atrativo para o capital estrangeiro”, explica o sócio da The Hill Capital.
O dólar cai 0,78% em novembro. No ano, a moeda acumula ganhos de 18,18% em relação ao real.
*Com informações do Broadcast