(Luís Eduardo Leal, Estadão Conteúdo) – Mostrando bem mais fôlego do que o apetite por risco visto no exterior, o Ibovespa emendou a quinta marcha na recuperação e reconquistou hoje a linha de 108 mil pontos, em seu maior nível de fechamento desde 7 de junho (110.069,76). Nesta segunda-feira, a referência da B3 subiu 1,81%, a 108.402,27 pontos, entre mínima de 106.472,87 e máxima de 108.489,25, saindo de abertura aos 106.473,03. O giro foi a R$ 29,9 bilhões nesta abertura de semana em que a atenção do mercado estará concentrada em novos dados sobre a inflação nos Estados Unidos, e também no Brasil. No mês, o índice sobe 5,08% e, no ano, 3,42%.
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Em dia positivo para o petróleo, os fortes ganhos em Petrobras (ON +4,82%, PN + 5,05%) foram decisivos para que o Ibovespa conquistasse quase 2 mil pontos nesta sessão, em segunda-feira também de avanço para outro segmento de peso, o financeiro, com BB ON (+3,15%) à frente. Vale (ON +0,85%) teve desempenho discreto, em sessão em boa parte mista para a siderurgia (Gerdau PN +0,81%, CSN ON -0,84%), embora ao final majoritariamente positiva também para o setor. Na ponta do Ibovespa, Rede D´Or (+6,61%), Sul América (+6,47%) e Gol (+6,41%), com JBS (-3,64%), Locaweb (-2,35%) e MRV (-1,93%) no lado oposto.
O quinto ganho diário consecutivo registrado na sessão iguala em extensão sequência entre os dias 15 e 21 de julho, mas desta vez o avanço é mais acentuado, com um ganho na casa de 2%, na quinta-feira, e outros dois acima de 1% na série iniciada no último dia 2, após o Ibovespa ter começado agosto em baixa, a 102.225,08 – de lá para cá, a progressão chega agora perto de 6,2 mil pontos.
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Logo cedo, os mercados de fora pareciam inclinados a se recuperar da sexta-feira, em que predominaram, após o sólido relatório sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos em julho, receios de que o Federal Reserve precisará manter pulso firme sobre os juros de referência, com novo aumento de 75 pontos-base em setembro. Ao longo da tarde, a falta de sinal único prevaleceu em Nova York, com S&P 500 (-0,12%) e Nasdaq (-0,10%) em leve baixa no fechamento.
“O mercado aguarda atentamente os dados de inflação nos EUA. A expectativa é por desaceleração, devido ao recuo dos preços de combustíveis, mas o que mais interessa será o núcleo do índice que exclui itens considerados voláteis, como energia. Depois do payroll, se essa medida vier forte, o Fed tem todo motivo para continuar com mais uma alta de 0,75 ponto porcentual”, observa em nota a Guide Investimentos.
Para o estrategista macro da Genial Investimentos, Roberto Motta, frente à discrepância entre o resultado efetivo e a expectativa para a geração de vagas de trabalho nos Estados Unidos, na leitura de sexta-feira, era de se esperar até que os mercados “azedassem” mais. “A semana começou com apetite por risco. A reação dos mercados na sexta-feira aos números do mercado de trabalho me impressionou, e aqui os mercados descolaram completamente. Eu acho que está realmente começando a chegar dinheiro para o Brasil. É preciso continuar monitorando o volume, tomara que volte, como vimos na última quarta-feira”, observou o estrategista, em ‘call’ desta segunda-feira.
“Não surfamos tanto a última melhora, ficamos para trás, lembrando que o Nasdaq subiu 12% no mês de julho e o S&P 500, 9%. Está na hora de o mercado aqui descolar e andar bem”, acrescenta Motta, observando que o apetite por risco, nessas últimas sessões, têm ocorrido em paralelo a avanço na curva de juros americana – a probabilidade de 75 bps cresceu muito, aponta o estrategista. “O mercado de juros andou com o dado forte sobre o mercado de trabalho americano. O Fed fund em final de ciclo já está em 3,65%, lembrando que o mais duro de todos no Fed, James Bullard presidente do Fed de St. Louis, fala em algo entre 3,75% e 4%.”
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Assim, em uma segunda-feira de agenda esvaziada aqui e no exterior, a atenção se volta para o que a leitura sobre a inflação americana a ser conhecida nesta semana permitirá aferir sobre a disposição do Fed. Enquanto isso, “a expectativa pelo fim do ciclo de elevação de juros no Brasil continuou a dar apoio ao apetite por risco neste início de semana” na B3, diz Romero Oliveira, head de renda variável da Valor Investimentos.
Aqui, “na véspera da divulgação da ata do Copom e do IPCA, os juros futuros recuaram mesmo com a alta das commodities, o que sinaliza a possibilidade de um cenário inflacionário mais controlado”, bem como do “fim do ciclo de alta dos juros, como dito pelo Banco Central“, o que contribui como “alavanca à tomada de risco”, aponta Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora, destacando também o impulso proporcionado pela boa temporada de resultados corporativos.