O principal índice da B3 hoje enfrenta sinais divergentes das commodities e da indefinição dos índices de ações internacionais. Diante desses sinais, o indicador da Bolsa tende a pausar ganhos após alcançar nível inédito no intradia e no fechamento da última sessão – saiba mais aqui.
Na máxima desta terça-feira, o Índice Bovespa subiu para os 139.418,97 pontos, mas arrefeceu no fechamento para os 138.963,11 pontos, com alta de 1,76%, motivado por fatores como perspectivas de cortes de juros nos Estados Unidos e de proximidade do fim de ciclo de elevação da taxa Selic.
“Acredito que o tom otimista do Ibovespa deve continuar nos próximos dias, ainda mais com Donald Trump mais flexível e com o pico dos juros aqui no Brasil”, estima Alison Correia, analista de investimentos e cofundador da Dom Investimentos.
Entre as poucas divulgações de indicadores hoje, o volume de serviços prestados, que subiu 0,3%, ficou abaixo da mediana das expectativas, de alta de 0,4%. “Esses números indicam que a atividade econômica continua aquecida, o que reforça a percepção de que os efeitos da política monetária — via Selic — ainda não se consolidaram de forma plena”, diz Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank.
No exterior, enquanto o petróleo cai em torno de 0,50% nesta manhã, o minério de ferro fechou com alta de 2,43% em Dalian, acima dos US$ 100 reais pela primeira vez, desde o início do tarifaço de Trump – veja aqui o reflexo nas ações da Vale (VALE3). O dólar hoje e os juros operam perto da estabilidade.
A safra de balanços também concentra as atenções, como os resultado já informados, caso de JBS (JBSS3), e outros que sairão após o fechamento da B3: Allos (ALOS3), Americanas (AMER3), Eletrobras (ELET3; ELET6), Eneva (ENEV3) e Equatorial Energia (EQTL3), após o encerramento dos negócios – veja aqui o calendário de balanços desta semana.
Quem lidera as altas do dia na principal referência da B3 são as ações da Natura (NTCO3), que sobem 7,90%. Nesta semana, a empresa divulgou que registrou o prejuízo líquido consolidado de R$ 151,5 milhões no primeiro trimestre de 2025. O resultado equivale a uma melhora de 83,7% frente ao prejuízo de R$ 935,1 milhões apurado em igual período do ano anterior.
Do lado oposto, os papéis da Azul (AZUL4) derretem 16,08% e registram a maior queda do Ibovespa hoje. A companhia aérea reportou lucro líquido de R$ 783,1 milhões no primeiro trimestre deste ano, revertendo o prejuízo de R$ 1,1 bilhão em igual intervalo de 2024. No critério ajustado, houve prejuízo líquido de R$ 1,8 bilhão, ampliando a cifra também negativa de R$ 324,2 milhões registrada um ano antes.
Ibovespa hoje: o que acompanhar nesta quarta-feira
Como operam as bolsas e o dólar nesta quarta-feira (14)
As bolsas europeias encerraram majoritariamente em queda hoje. Em NY, por outro lado, os índices operam sem direção única: enquanto o Dow Jones recua 0,24%, o S&P 500 e o Nasdaq sobem 0,13% e 0,45%, respectivamente.
As bolsas seguem digerindo os acordos comerciais dos EUA com a China e o Reino Unido. O presidente Donald Trump exaltou a relação com o presidente chinês, Xi Jinping, afirmando que é “hora de a China se abrir”. Ele também reiterou que seu governo vai levantar sanções impostas à Síria.
O dólar cai ante outras moedas de economias desenvolvidas e também frente à maioria das emergentes e ligadas a commodities.
Na Alemanha, o índice de preços ao consumidor (CPI) ficou em 2,1% em abril, após marcar 2,2% em março — levemente abaixo da previsão dos analistas, que era de 2,2%. Na comparação mensal, o CPI subiu 0,4% em abril, ante previsão de 0,5%.
Dados de serviço sobem em março
O volume de serviços prestados subiu 0,3% em março ante fevereiro, na série com ajuste sazonal, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No mês anterior, o resultado do indicador foi revisto de uma alta de 0,8% para 0,9%. O resultado de março ficou levemente abaixo da mediana das estimativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que apontava alta de 0,4%. O intervalo de previsões ia de queda de 0,7% a alta de 1,1%.
Minério de ferro sobe mais de 2% e ultrapassa US$ 100
O petróleo opera em queda de olho no relatório da Opep e da pesquisa semanal do Departamento de Energia (DoE) sobre estoques da commodity bruta e derivados dos EUA.
Entre as commodities hoje, o minério de ferro fechou em alta de 2,43%, cotado a 737 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 102,26 em Dalian, na China. É a primeira vez desde o tarifaço dos Estados Unidos, em 2 de abril, que a commodity supera os US$ 100.
O que esperar do Ibovespa hoje
O tom negativo das bolsas internacionais e a queda do petróleo podem pesar sobre o Ibovespa hoje, que ainda avalia os resultados de balanços corporativos do 1T25 como o da JBS (JBSS3). O EWZ, principal fundo de índice (ETF, fundo de investimento negociado na Bolsa de Valores como se fosse uma ação) brasileiro negociado em Nova York, apresenta leve queda no pré-mercado.
O real, por outro lado, pode se beneficiar da fraqueza do dólar, enquanto os juros reagem ao desempenho do volume de serviços em março, que pode registrar o segundo mês consecutivo de alta — o que influenciaria as apostas para a taxa Selic.
Após a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) na terça-feira (13), o mercado se divide entre uma alta de 25 pontos-base na taxa básica de juros e a manutenção em 14,75%.
Na última terça-feira, o Ibovespa renovou máxima histórica aos 138,9 mil pontos, enquanto o dólar caiu ao menor patamar em sete meses.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Brasil quer negociar com os Estados Unidos, mas que, caso não haja avanços, poderá haver reciprocidade nas taxações ou encaminhamentos à Organização Mundial do Comércio (OMC). Já o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que Brasil e China assinaram protocolos de intenção para garantir “sinergia” entre os países.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Daniela Amorim, Luciana Xavier, Maria Regina Silva e Silvana Rocha, do Broadcast