Painel do Ibovespa (Foto: Werther Santana/Estadão)
O Ibovespa opera com instabilidade, em sintonia com as bolsas de Nova York nesta manhã de terça-feira (21), dadas as incertezas com a política monetária dos Estados Unidos. Internamente, segue crescente a possibilidade de uma taxa básica de dois dígitos no final de 2024.
A agenda esvaziada de indicadores desta terça-feira também entra como reforço à moderação do Índice Bovespa, assim como o sinal divergente das commodities e a espera da análise da indicação de Magda Chambriard à presidência da Petrobras.
“Há discursos de dirigentes do Federal Reserve (Fed) e na quarta-feira (22) tem a ata, que é meio retrovisor”, menciona Ana Luiza Gnattali, sócia responsável pela área de renda variável da Legend Investimentos. Deste modo, a liquidez deve seguir estreita nos principais mercados, destaca em comentário Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil.
Em meio a temores de que os juros americanos ficarão elevados por mais tempo do que o imaginado, o petróleo cai perto de 0,80%. Em contrapartida, o minério de ferro subiu 1,68% na bolsa de Dalian, a US$ 125,49 a tonelada, ajudando as ações da Vale (VALE3) a subirem 0,68% por volta das 11h20. Petrobras (PETR3) avançava 0,24% e (PETR4) cedia 0,21%.
Os investidores adotam certa cautela, à espera de sinais da política monetária americana que poderão vir de discursos de vários dirigentes do Federal Reserve (Fed) ao longo do dia. Mais cedo, o diretor do Fed, Christopher Waller, descartou novas altas dos juros no país e ressaltou que há indicação de arrefecimento da inflação. Já o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, adotou um tom mais cauteloso, ao indicar que é preciso parcimônia para se decidir cortar os juros. Ainda nesta terça-feira (21), mais dirigentes do Fed farão discursos.
Os investidores seguem ecoando falas de membros do banco central americano que têm reforçado incertezas com a inflação nos Estados Unidos, apesar de ter havido arrefecimento, mas não a ponto de permitir queda do juro básico, ressalta Gnattali, da Legend. “A temporada de balanços foi boa, e o resultado da Nvidia, na quarta-feira (22), deve vir bom. Agora, o mercado volta a focar na política monetária”, diz.
As incertezas com o juro básico no Brasil também ficam no foco, à medida que cresce a possibilidade de a taxa Selic terminar o ano em dois dígitos. Na segunda-feira (20), o boletim Focus e analistas que participaram de reunião com diretores do Banco Central (BC), no Rio, foram nessa direção, dado o crescimento das expectativas de inflação.
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Para a Genial Investimentos, o cenário atual desfavorece novas quedas da Selic, que atualmente está em 10,50%. “Com a desancoragem das expectativas de inflação, incertezas em torno do início da flexibilização de juros nos EUA, deterioração do risco fiscal e elevação do risco de interferência política no Comitê de Política Monetária (Copom), avaliamos que o Banco Central se encontra em uma posição desfavorável para novos cortes de juros”, cita em relatório.
Na avaliação da Genial, na ausência de direcionadores que façam as expectativas recuarem, o BC anunciará o fim do ciclo de corte de juros, de modo que a Selic permanecerá em 10,50% ao ano na reunião de junho.
Na segunda-feira (20), o principal indicador da B3 fechou em baixa de 0,31%, aos 127.750,92 pontos. Às 11h20, subia 0,06%, aos 127.830 pontos, variando apenas 859 pontos entre a mínima (127.412,78 pontos) e máxima (128.271,87 pontos).