A forte alta das taxas de Depósito Interfinanceiro (DI) na primeira metade do pregão perdeu fôlego ao longo da tarde desta quinta-feira (9), refletindo desde a queda nas taxas dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) até os ajustes do mercado à abertura intensa da curva vista pela manhã, nos momentos iniciais da reação à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), anunciada ontem à noite.
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O colegiado reduziu a taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto porcentual, mas a decisão foi dividida, como esperava a maioria do mercado, e precisou ser desempatada pelo presidente da instituição, Roberto Campos Neto.
O voto perdedor foi por um corte de 0,50 ponto porcentual – que seguiria o guidance dado pelo Copom em março -, e teve o apoio dos quatro diretores indicados pelo atual governo. O comunicado, no entanto, não explicitou o motivo para a dissidência, o que inseriu um componente de dúvida num cenário que já estava amplamente precificado.
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O fato de o Copom ter ressaltado no comunicado que, apesar dos votos dissidentes, o colegiado avaliava “unanimemente” ser necessário exercer cautela diante de um cenário global incerto, resiliência na atividade doméstica e expectativas de inflação desancoradas, não facilitou a compreensão da decisão.
A dúvida sobre a fundamentação do corte de 0,50 ponto porcentual na Selic defendido por parte do Copom foi o que manteve os juros em território positivo. Renan Suehasu, planejador financeiro e sócio da A7 Capital, estava entre os que esperavam uma redução desta magnitude – e aponta que há argumentos a favor desta hipótese.
“O próprio Campos Neto falava de juros neutros 4 pontos porcentuais acima da inflação. A gente tem inflação que tende a subir um pouquinho, tem riscos fiscais um pouco elevados, tem a questão do Rio Grande do Sul, que vai impactar a inflação, mas tem uma inflação dentro da meta e um bom espaço para alcançar os juros neutros”, afirmou. “A gente está falando de 8,0% a 8,5% de juros neutro. Não precisava desacelerar tanto.”
Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset, pondera que o comunicado aponta para um consenso dentro do Copom a respeito do aumento nos riscos externos e da desancoragem das expectativas de inflação e que, neste contexto, o voto por redução de 0,50 ponto porcentual precisa ser explicado.
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“A parte longa da curva reflete essa dúvida, de qual é a visão por trás desse grupo que votou por 0,50 ponto e vai na totalidade permanecer a partir de janeiro de 2025. Qual é a função da reação de mudança? Dá mais peso para produto do que para desvio da inflação em relação à meta?”, afirmou.
“Se for o voto porque a comunicação era de 0,50 ponto – e não seguir o guidance teria custo de comunicação -, mas você avalia que o cenário piorou e mesmo assim segue os 0,50, a ata tem que trazer mais explicação sobre isso. Tem que deixar claro o porquê”, acrescentou.
A taxa do contrato de DI para janeiro de 2025 subiu a 10,250%, de 10,218%, enquanto a taxa para janeiro de 2026 teve alta a 10,475%, de 10,473%. A do contrato para janeiro de 2027 avançou a 10,850%, de 10,809%, enquanto a taxa para janeiro de 2029 subiu a 11,410%, de 11,293%.