A presidente da Petrobras (PETR3;PETR4), Magda Chambriard, realiza nesta segunda-feira (27), após o fechamento do mercado, sua primeira entrevista coletiva no cargo, mesmo dia em que participa de sua primeira reunião de diretoria.
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Desde que houve a demissão de Jean Paul Prates, apenas um diretor deixou o cargo: Sergio Caetano Leite, diretor financeiro e de relações com Investidores. Especula-se que Carlos Travassos, de Engenharia, Tecnologia e Inovação, seria um dos próximos a sair.
Já Maurício Tolmasquim anda em alta na bolsa de apostas para permanecer na diretoria de Sustentabilidade e Transição Energética.
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Indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o cargo, a ex-diretora geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) herda a tarefa complexa de conciliar os interesses do governo sem perder a credibilidade no mercado financeiro.
Trata-se da sétima pessoa a assumir o cargo de presidência da Petrobras em cinco anos. Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), entre 2019 e 2022, foram quatro mudanças no cargo. No dia 14 de maio, Jean Paul Prates entrou para a lista depois de passar 473 dias no comando da companhia.
O perfil de Chambriard mostra maior afinidade com as políticas do governo e sugere uma possível ampliação dos investimentos nos futuros planos estratégicos da estatal. Como resultado, a época de dividendos substanciais para os acionistas pode estar chegando ao fim, com a possibilidade de ser substituída pelo pagamento mínimo estipulado no estatuto da empresa.
Quem é Magda Chambriard?
Aos 66 anos, Magda Chambriard possui mestrado em Engenharia Química pela Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e é graduada em Engenharia Civil pela mesma instituição. Sua expertise abrange engenharia de reservatórios, avaliação de formações e produção de petróleo e gás.
Anteriormente, ocupou o cargo de diretora da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) por quatro anos, de 2012 a 2016. Além disso, contribuiu como diretora da Assessoria Fiscal da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e fez parte da equipe de transição do governo no final de 2022. Ela chegou a disputar a mesma vaga de presidente com Jean Paul Prates, no início da gestão Lula.
Segundo os analistas Vicente Falanga do Bradesco BBI e Ricardo França da Ágora Investimentos, a gestão de Chambriard será focada em usar a Petrobras para desenvolver ainda mais a cadeia nacional de fornecimento de petróleo, possivelmente resultando em maiores investimentos para a companhia (potencialmente através da contratação de mais plataformas, navios de apoio, navios-tanque e navios de cabotagem), e fornecendo mais alívio de capital de giro para a indústria.
“Lembramos também que o presidente Lula citou o desenvolvimento da indústria naval brasileira como uma de suas prioridades durante seu discurso de posse, mas acreditamos que o Brasil não tem vantagens competitivas para apoiar plenamente a crescente demanda do pré-sal; portanto, a atividade do estaleiro provavelmente se concentrará na construção de embarcações de apoio offshore e embarcações de cabotagem para a Transpetro”, apontam Falanga e França.
A analista Elizabeth Johnson, da consultoria britânica TS Lombard, prevê apenas “mudanças marginais” com a nova gestão, embora observe a nova liderança será testada no quarto trimestre, quando a estatal divulgar seu plano de investimentos entre 2025 e 2029. Chambriard desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento do projeto do pré-sal, de acordo com a TS Lombard. Ela sempre defendeu o aumento da capacidade de produção no Brasil, assim como a ampliação da capacidade de refino.
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Ao mesmo tempo, a executiva parece adotar uma abordagem mais cautelosa em relação aos investimentos na transição energética, observa Johnson. A nova presidente da Petrobras manifestou apoio aos investimentos em combustíveis renováveis, como o diesel verde, enfatizando a necessidade de engajamento nesses produtos. No entanto, ela demonstrou ceticismo em relação a investimentos dispendiosos em energia eólica offshore, argumentando que o foco deveria ser na energia eólica on-shore, que é mais acessível.
Ao contrário de Prates, conhecido por sua presença ativa nas redes sociais e em entrevistas, Chambriard provavelmente terá um perfil mais discreto, o que pode evitar possíveis conflitos com o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o Ministro da Casa Civil, Rui Costa, avalia a analista.
O que deve acontecer com PETR3 e PETR4?
Os analistas apontam que o investidor deve ter calma e paciência. Ainda assim, quem tiver um grande apetite ao risco e não se importar com prováveis volatilidades em busca de lucros maiores, a ação da Petrobras pode ser atrativa.
Segundo Virgílio Lage, analista da Valor Investimentos, o investidor deve ser mais cauteloso e só comprar a ação se ele não se importar com a volatilidade. Ele reforça que o ideal é esperar o mercado digerir a mudança no comando da estatal e ver qual será o destino da companhia na gestão de Chambriard. “Hoje as ações só estão atrativas para o investidor que busca ganhos com especulação. A questão de dividendos está muito incerta”, argumenta Lage.
Apesar de Vicente Falanga, do Bradesco BBI, e Ricardo França, da Ágora Investimentos, estimarem que a empresa deve aumentar os investimentos, a dupla diz que as políticas de preços e de dividendos da Petrobras não devem ser alteradas no mandato de Chambriard. Isso porque esses pontos são fontes de embate que podem potencialmente entrar em conflito com a Lei das Estatais ou com acionistas minoritários e autoridades legais locais e internacionais (como a SEC).
“Se o nosso diagnóstico estiver correto, as ações poderão se recuperar gradualmente, como em casos anteriores. Mantemos a recomendação de compra com preço-alvo de R$ 47”, afirmara. Trata-se de um potencial alta de 28,45% na comparação com o fechamento desta sexta-feira (24), quando o papel encerrou o pregão a R$ 36,59.
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Já para Pedro Soares, Thiago Duarte e Henrique Pérez do BTG Pactual, reiteram a recomendação de compra para as ações da Petrobras cotadas em Nova York, conhecidas como American Depositary Receipt (ADR). O preço-alvo é de US$ 19 para os próximos 12 meses, uma potencial alta de 28,2% na comparação com o fechamento de sexta-feria (24), quando o papel encerrou o pregão a US$ 14,82.
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“Preferimos permanecer consistentes com nossas decisões anteriores e evitar reagir exageradamente a mudanças repentinas do governo. Estimamos que a Petrobras deve pagar 14,4% do valor de sua ação em dividendos – Dividend Yield (DY) – em 2024 e 10,9% do preço de seu ativo em dividendos em 2025”, apontam Soares, Duarte e Pérez.
(Com informações do Broadcast)