A Fitch Ratings cortou o rating de crédito da Raízen (RAIZ4) de BBB para BB- e manteve observação negativa, citando dívida alta, fluxo de caixa fraco e cenário desafiador. (Imagem: Adobe Stock)
A Fitch Ratings rebaixou os ratings de default do emissor (IDRs) em moeda estrangeira e local de longo prazo da Raízen S.A. (RAIZ4) e da Raízen Energia S.A. de BBB para BB- e fez o mesmo com as notas seniores sem garantia da Raízen Fuels Finance S.A. que vencem entre 2027 e 2054.
Ao mesmo tempo, manteve em AAA (bra) os ratings nacionais de longo prazo das companhias e das debêntures já emitidas, com perspectiva estável nessa escala. Todos os IDRs internacionais passaram a ficar em Observação de Rating Negativa (RWN).
Para a agência, a deterioração da estrutura de capital, provocada pelo aumento da dívida e por um fluxo de caixa operacional mais fraco que o previsto, sustenta o rebaixamento. Sem venda de ativos de grande porte ou injeção de capital, a Fitch projeta que a alavancagem líquida permanecerá em torno de 4,0 vezes até o exercício fiscal encerrado em março de 2026 – patamar incompatível com o antigo grau BBB. Controladores discutem uma possível capitalização, possivelmente com a entrada de um terceiro sócio, mas o desfecho ainda é incerto. A empresa também avalia desinvestimentos, cujo valor, prazo e execução permanecem indefinidos, enfatiza a agência.
A Observação de Rating Negativa reflete o risco de essas iniciativas de desalavancagem não se concretizarem nos próximos meses. A agência pretende reavaliar os ratings em até seis meses e indica que precisa ter visibilidade de uma redução relevante de endividamento para encerrar a RWN.
Nas projeções da Fitch, o cenário-base aponta Ebitda de R$ 11,9 bilhões no exercício de 2026, mas um fluxo de caixa das operações (CFFO) negativo de R$ 4,3 bilhões. Para 2027, a agência espera Ebitda de R$ 12,6 bilhões e CFFO positivo de R$ 5,6 bilhões. Juros elevados e capex equivalente a 4,1% da receita em 2026, caindo para 3,3% depois, mantêm o fluxo de caixa livre negativo até 2027. A Fitch não conta com distribuição de dividendos nesse período.
A Fitch ressalta que a Raízen segue líder brasileira em açúcar e etanol e ocupa a segunda posição na distribuição de combustíveis, combinação que garante escala e diversificação superiores às dos concorrentes. A companhia, observa a agência, tende a priorizar ativos e usinas mais rentáveis no esforço de desalavancagem. O apoio dos controladores também pesa a favor do crédito: o negócio representa o segundo maior mercado downstream global da Shell plc, enquanto a Cosan S.A. (CSNA3) mantém portfólio diversificado em logística, gás natural e lubrificantes.
Na comparação de pares, o rating da Raízen (RAIZ4) fica três níveis acima do da FS Indústria de Biocombustíveis, que tem escala menor e maior exposição à volatilidade de commodities, e duas posições acima do da Amaggi, beneficiada por menor volatilidade de caixa, mas com porte e diversificação inferiores.
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Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação da Broadcastraize