Real abre vantagem para Argentina e Japão e encarece a Europa nas férias escolares
Valorização do real frente a moedas da América do Sul e da Ásia amplia o poder de compra do brasileiro, enquanto euro e libra mantêm viagens mais caras em 2025
Vista panorâmica de um campo de tulipas em Trevelin, na Patagônia argentina. Crédito: Adobe Stock
O planejamento das viagens internacionais de janeiro, combinado às férias escolares, eleva o câmbio ao centro das decisões dos brasileiros. Em 2025, o real ganhou terreno frente a moedas da América do Sul e da Ásia, mas ficou praticamente estacionado diante das divisas europeias. O resultado foi a abertura de janelas bem definidas para quem busca viajar gastando menos.
Segundo levantamento do Ebury Bank, instituição especializada em câmbio e pagamentos internacionais, mostra que Argentina e Japão despontam entre os destinos mais vantajosos para o bolso do brasileiro após as festas de fim de ano. A análise considera a variação cambial ao longo de 2025, a inflação local e a distância geográfica, fator que pesa diretamente no custo das passagens aéreas.
Esse interesse ganha tração em meio à retomada consistente das viagens internacionais. Dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) indicam que 23,5 milhões de passageiros embarcaram em voos internacionais entre janeiro e outubro de 2025. O volume já se aproxima do total de 2024, quando 24,9 milhões de brasileiros viajaram ao exterior.
Argentina no topo do custo-benefício
O principal destaque do levantamento é a Argentina. Em 2025, o peso argentino acumulou desvalorização de 38,5% frente ao real, ampliando de forma expressiva o poder de compra do turista brasileiro, mesmo em um ambiente de inflação elevada, acima de 31% em 12 meses.
Segundo o Ebury Bank, cada real permite hoje comprar 29,6% mais na Argentina do que se o mesmo valor fosse gasto no Brasil. São quase 30% mais alfajores.
“A Argentina está com um câmbio muito mais favorável ao real do que no ano passado. Isso amplia o poder de compra do brasileiro e, somado ao custo menor das passagens e ao tempo de voo reduzido, torna o destino especialmente atrativo”, afirma David Brito, country manager do Ebury Bank no Brasil.
Japão e China avançam no radar do brasileiro
Entre os destinos de longa distância, o Japão surge como surpresa positiva. O iene acumula desvalorização de 14,6% frente ao real nos últimos 12 meses, o que elevou em cerca de 19% o poder de compra do brasileiro no país em 2025.
A China segue lógica semelhante. O yuan recuou 12,1% em relação ao real, permitindo um ganho estimado de 15,6% no poder aquisitivo do turista brasileiro ao longo do ano. Apesar do custo mais elevado das passagens, o câmbio mais favorável ajuda a amortecer parte da despesa no destino.
Enquanto os hermanos ajudam, Europa pesa no orçamento
Além dos vizinhos argentinos, outros países sul-americanos seguem competitivos do ponto de vista cambial. O peso chileno se desvalorizou 6,7% frente ao real em 2025, enquanto o sol peruano recuou 2,3%. Com isso, o poder de compra do brasileiro cresceu 8,5% no Chile e 5,7% no Peru.
Na Europa, o cenário é bem diferente. Em 2025, o real teve valorização quase nula frente ao euro, de apenas 0,6%, e perdeu fôlego nos meses mais recentes. A libra esterlina, por sua vez, manteve trajetória praticamente estável.
Com câmbio pouco convidativo e custos elevados de hospedagem, alimentação e transporte, a conta final tende a subir. Não por acaso, destinos como Machu Picchu ou os Andes passam a soar mais atraentes do que os cartões-postais do Velho Mundo. “O custo das viagens para a Europa segue alto. Por isso, alternativas na América do Sul e na Ásia tendem a oferecer melhor custo-benefício, a depender do perfil do viajante”, avalia David Brito.