As incertezas sobre a renda variável estão começando a se dissipar, mas o governo precisa uma mensagem mais forte sobre a meta fiscal para a acomodação dos juros, disse o CEO da B3 (B3SA3), Gilson Finkelsztain, em entrevista a jornalistas nesta terça-feira (15). A resposta foi dada após questionamentos sobre a fala do próprio presidente da Bolsa de Valores de que os últimos anos foram difíceis para a renda variável.
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Durante evento do Bradesco (BBDC3; BBDC4) na própria B3, Finkelsztain comentou que os últimos anos foram difíceis para a renda variável devido ao ciclo de juros. A taxa básica de juros da economia, a Selic, está em dois dígitos desde fevereiro de 2022, patamar considerado elevado pelo mercado para tornar a renda variável atrativa.
Além disso, 2024 é complicado para o mercado acionário devido à postergação do início do corte de juros nos EUA. O primeiro só aconteceu em setembro e dificultou a liberação de capital para os países emergentes, como o Brasil – no início de 2024, as estimativas davam conta de redução dos juros americanos começando em março. A postergação gerou incerteza para a Bolsa ao longo do ano, assim como a eleição dos EUA para presidente.
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Em meio a esse cenário, o CEO da B3 comentou que as incertezas do começo do ano, como a eleição americana, estão começando a se dissipar, o que pode ser um ponto positivo para a renda variável brasileira, visto que isso pode aumentar o fluxo externo. “No entanto, para o mercado de renda variável, a gente precisa de um fluxo externo e de uma mensagem fiscal mais forte por parte do governo. Isso tende a gerar uma acomodação dos juros e uma perspectiva de inflação mais baixa. Com isso, a gente pode ter um maior apetite com a renda variável”, aponta Finkelsztain.
Durante a entrevista, o executivo também foi questionado sobre as possíveis dificuldades da companhia com o ciclo de alta de juros, que afasta o investidor da renda variável, um negócio fundamental para a B3. Em resposta, Finkelsztain relatou que a empresa tem buscado diversificar suas receitas com foco em tecnologia em meio ao cenário macroeconômico desafiador. “A B3 tem uma estratégia de diversificar a atuação, principalmente no mundo de dados. A gente fez duas aquisições do mundo de dados há dois anos. E há três anos outra aquisição de dados e analíticos. A gente também tem diversificado muito produto, então a gente lançou plataforma de blocos. Estamos com uma forte agenda de inovação”, diz o CEO da B3.
Pistas sobre renda fixa e Fiagros em 2025
Se para a renda variável fluir em 2025 é necessário ter um grande esforço sobre a meta fiscal, o executivo comentou que a renda fixa deve continuar indo bem no próximo ano. “Vejo que a agenda da renda fixa segue muito forte devido à demanda do mercado doméstico, como crédito privado e de renda fixa. Não vejo isso desacelerar para o próximo ano”, argumenta.
Durante a fala com jornalistas, o CEO da B3 também comentou a situação dos Fundos de Investimentos em Cadeias Agroindustriais (Fiagros). Recentemente, a Agrogalaxy (AGXY3) entrou com pedido de recuperação judicial e causou um tumulto nesse segmento do mercado. Segundo ele, essas oscilações são normais e fazem parte do mundo do crédito.
“Continuo com uma perspectiva bastante positiva, porque é um setor que já representa mais de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) e vai continuar crescendo. Então, a perspectiva do agro ainda é forte, assim como dos fundos imobiliários (FIIs). A gente teve muita demanda de FII este ano, ele é um ativo de renda muito forte e muito poderoso, que o investidor pessoa física está cada vez mais confortável”, afirma.
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Vale lembrar que os fundos imobiliários são ativos de renda variável e também ficam sob o guarda-chuva da melhora da mensagem do governo sobre a meta fiscal, o que foi pontuado pelo CEO da B3.