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- A Stone quer ampliar a oferta de crédito para empresas, mas tem começado a liberar os recursos de forma gradual e conservadora.
- A companhia pretende lançar produtos como cartão de crédito para microempreendedores e cheque especial.
- Nesta segunda-feira, a empresa anunciou medidas de reestruturação interna que incluem mais frentes para captar dados sobre os clientes, o que melhora os sistemas de avaliação de riscos.
Cerca de dois anos após interromper a concessão de crédito com garantia em recebíveis futuros, a Stone (STOC31) já voltou ao mercado, mas de forma conservadora. Em um contexto macroeconômico ainda difícil, a companhia tem elevado as liberações de recursos de forma gradual. Ainda assim, traça planos para ampliar a oferta, com produtos como cartão de crédito para microempreendedores e o cheque especial.
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“Estamos em uma crescente. Eu posso ter o melhor modelo de score de crédito e o melhor processo, mas acelerar essa escalada em um momento e um ambiente macroeconômico ruim pode ser mortal”, disse a jornalistas o presidente da Stone, Pedro Zinner. A empresa anunciou nesta segunda-feira a maior reestruturação interna desde que o executivo assumiu o cargo, em março, e espera que as mudanças também ajudem no crédito.
No balanço do segundo trimestre, a Stone informou que, até 31 de julho deste ano, havia desembolsado R$ 26 milhões no novo produto de crédito, com uma carteira de R$ 23,5 milhões no final daquele mês. O número indica uma evolução gradual: dois anos antes, quanto a empresa paralisou as concessões do primeiro produto, a carteira chegava perto de R$ 2 bilhões. No auge, a Stone chegou a emprestar mais de R$ 750 milhões por trimestre.
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O produto que a companhia paralisou em 2021 era uma linha de crédito para empresas que tomava como garantia os futuros recebíveis que os lojistas gerariam ao fazer vendas com cartões. Uma das bases do produto era o balcão de recebíveis criado pelo Banco Central, que entrou no ar em meados daquele ano. Os vários problemas do sistema nos primeiros meses fizeram a inadimplência dar um salto atrapalharam os planos da Stone, que decidiu retirar o crédito de cena e promover uma ampla revisão.
Nesse redesenho, a empresa passou a buscar garantias para além do fluxo futuro de recebíveis, justamente para evitar a chamada fuga, que é quando o comerciante troca maquininha de uma marca pela de outra e para de gerar recebíveis através da anterior.
A diretora de Estratégia e Marketing da Stone, Lia Matos, afirmou que com as mudanças anunciadas hoje, a companhia deve ter mais frentes para captar dados sobre os clientes, o que melhora os sistemas de avaliação de riscos. Na nova estrutura, a área de serviços financeiros terá três executivos, cada um no comando de um segmento de cliente, sendo que o responsável pelas contas de maior porte, Sandro Bassili, também responderá pelos negócios de software da companhia.
“Tem um desafio adicional que é ampliação de produto”, disse Matos. “Estamos trabalhando no cartão de crédito, para o ano que vem queremos lançar o cartão de crédito para microempreendedor. Tem o cheque especial, e uma série de produtos que nunca oferecemos.”
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O crédito é uma das armas da Stone para diversificar fontes de receita para além do processamento de transações, junto com o negócio de softwares de gestão corporativa, que foi fortalecido em 2021 com a compra da Linx por R$ 6,7 bilhões. Os esforços da companhia acontecem em um momento em que as maiores empresas do setor, controladas por bancos, reforçam equipes comerciais para conquistar uma fatia maior dos comerciantes de pequeno e médio porte, que pagam comissões mais altas.
Essa corrida já provocou um deslocamento de agentes: a Cielo, controlada por Bradesco e Banco do Brasil, perdeu a liderança do setor para a Rede, do Itaú Unibanco, no segundo trimestre. A Stone é a quarta maior empresa de maquininhas do País por volume processado, atrás de Rede, Cielo e da Getnet, controlada pelo Santander espanhol.