- Nas duas primeiras semanas do mês, o impacto negativo foi de 4,34% e 3,94%
- Também impactou o apetite ao risco a aprovação da PEC de Transição, com permissão de quebra do teto de gastos
- O índice também foi afetado em dezembro pelas perspectivas fiscais do País em 2023
O Ibovespa fechou dezembro em queda de 2,45%. O índice saiu de 110,9 mil pontos no primeiro dia do mês e foi para 109.734,60 mil no último pregão de 2022.
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Na última sessão do ano, o principal índice da Bolsa de Valores fechou com desvalorização de 0,46% – mais detalhes aqui –, afetado pelo anúncio de novos ministros do primeiro escalão do governo. “O que não animou muito os mercados, em especial com a fala do novo ministro de Minas e Energia sobre revisão da política de paridade internacional dos preços dos combustíveis”, afirmou Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil.
Já nas duas primeiras semanas do mês, o impacto negativo foi de 4,34% e 3,94%, respectivamente. Segundo Victor Lima, analista de investimentos da Toro, os 15 primeiros dias foram afetados pela revogação da Lei das Estatais, além da nomeação dos ministros para o próximo governo.
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Entenda nesta matéria a preocupação do mercado com a Lei das Estatais, considerada uma proteção para empresas públicas de eventuais interferências políticas.
Em simultâneo, uma das cadeiras mais importantes para o mercado é a da Fazenda, em que Fernando Haddad (PT) foi o nomeado ao cargo. Veja nesta matéria como o mercado repercutiu no dia em que o ministro foi anunciado.
Outro ponto que também ficou na atenção dos investidores foi a PEC de Transição, cujo primeiro texto propunha no começo um gasto de aproximadamente R$ 200 bilhões além do teto.
Na noite de 21 de dezembro, o Congresso promulgou a PEC. Agora, o novo governo o terá R$ 145 bilhões para além do teto de gastos, em que R$ 70 bilhões irão para o Auxílio Brasil (que voltará a se chamar Bolsa Família) de R$ 600, com um adicional de R$ 150 por criança de até 6 anos.
Luiz Adriano Martinez, portfolio manager da Kilima Asset, diz que somando todas as questões relacionadas ao próximo governo houve uma piora na perspectiva fiscal do País, o que pode ampliar a dívida brasileira no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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“As notícias de dezembro deixam claro de que o Brasil terá um aumento de gastos no próximo ano que pode reduzir as chances dos juros caírem no curto prazo. Certamente haverá um crescimento menor do Produto Interno Bruto (PIB) e um aumento da inflação”, destacou o especialista.
Como tradicionalmente o mercado de renda variável tende a antecipar os acontecimentos político-econômicos, refletindo as notícias nos preços das ações e no Ibovespa, a Bolsa também foi impactada em dezembro pelas perspectivas econômicas de 2023.
Veja nesta reportagem uma retrospectiva do que aconteceu com a Bolsa em 2022.
Dentro da carteira
O desempenho do Ibovespa está atrelado, principalmente, ao movimento das companhias que compõem a carteira. Dessa forma, de acordo com Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, para saber o porquê do movimento do índice em dezembro é preciso compreender o que aconteceu com alguns setores.
O de commodities, por exemplo, corresponde a quase 40% dos ativos do índice. Com a reabertura econômica da China e a guerra na Ucrânia, o preço do petróleo e do minério de ferro decolaram, o que favoreceu o desempenho das mineradoras e das petroleiras.
Além disso, com o dólar perto dos R$ 5,20 ao longo do mês – e como as exportadoras têm seus balanços atrelados à moeda internacional –, a valorização da divisa estadunidense frente o real também favoreceu o desempenho destas companhias. O dólar encerrou o ano em queda acumulada de 5,31%.
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Ao mesmo tempo, as varejistas apresentaram quedas expressivas no período. A Magazine Luiza (MGLU3) caiu 19,65% em dezembro, enquanto a Americanas (AMER3) recuou 8,62% – o setor de varejo e consumo corresponde a 22% da carteira do Ibovespa.
Segundo Soares, o desempenho negativo ocorreu por conta do alto patamar dos juros e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Com a taxa Selic nos dois dígitos, o crédito fica mais caro e a alta os preços de bens e consumo obriga os brasileiros a serem mais seletivos onde gastar o dinheiro.
Ou seja, as pessoas dão prioridade ao pagamento de contas ao invés de gastar com itens que não são extremamente necessários. Dessa forma, as varejistas são impactadas negativamente. A Lojas Renner (LREN3), por exemplo, tombou 10,88% neste mês.
Veja ainda: o E-Investidor levantou as 5 ações campeãs em rentabilidade no ano e os 5 papéis que mais se desvalorizaram no período.