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Selic deve ficar a 13,75% em 2023; veja como investir no próximo ano

Neste cenário, especialistas acreditam que a renda fixa seja muito melhor que o mercado de renda variável

Selic deve ficar a 13,75% em 2023; veja como investir no próximo ano
Se considerado que a Selic deve cair a 11,50%, apenas 26,17% dos papéis da B3 conseguiram render no mesmo patamar ou acima no acumulado de 12 meses (Fonte: Envato Elements)
  • Especialistas entrevistados pelo E-Investidor acreditam que a taxa Selic se manterá a 13,75% até metade de 2023
  • No atual cenário, e provavelmente até meados de junho do próximo ano, Eliz Sapucaia, do Time de Análise da Terra Investimentos, aposta que a renda fixa é a melhor opção para os investidores, principalmente os mais conservadores
  • Nas outras quatro reuniões do Copom, a taxa Selic pode cair até 11,50%, afirmaram os entrevistados

Na última quarta-feira (7), o Comitê de Política Monetária (Copom) optou mais uma vez por manter a taxa Selic em 13,75%, essa é a terceira vez consecutiva que permanece no mesmo patamar. Especialistas entrevistados pelo E-Investidor deram dicas sobre como o investidor deve se posicionar com os juros neste patamar e como os gestores deverão montar suas carteiras caso as previsões do mercado se concretizem.

Os especialistas acreditam que nas últimas quatro reuniões do Copom em 2023 – que devem ocorrer em agosto, setembro, novembro e dezembro – haverá uma redução total de aproximadamente dois pontos percentuais na taxa básica de juros.

No atual cenário, e provavelmente até meados de junho do próximo ano, Eliz Sapucaia, do Time de Análise da Terra Investimentos, aposta que a renda fixa é a melhor opção para os investidores, principalmente os mais conservadores.

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Ela explica que enquanto bancos emitiram títulos pré-fixados pagando 15% ao ano, por exemplo, e que poderiam ser reprecificados, caso haja uma elevação na taxa Selic, o juros no atual patamar para o mercado de renda variável é um grande vilão da performance das ações. “Isso ocorre porque fica mais caro para as empresa rodar novos projetos que exigem capital de terceiros, sejam bancos ou investidores”.

Para Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos, investidores com menor apetite a risco e que estiverem “muito receosos”, devem então se desfazer de posições que tendem a sofrer mais com o novo governo, como as estatais Petrobras e Banco do Brasil – veja como montar suas posições em um cenário político marcado por fortes incertezas.

Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, também acredita que a renda fixa seja interessante para os investidores nesse momento e no 1º semestre de 2023. Ele recomenda títulos com taxas pré-fixadas e atreladas a inflação porque “estão pagando bons juros por conta do estresse da transição de governo”.

Por exemplo, um título que paga ‘3,0% + IPCA’ significa que, na data de vencimento, pagará a variação acumulada do IPCA ao longo do período, mais uma taxa de 3,0% ao ano. Esse investimento se torna interessante para o sócio da Ação Brasil, pois, ele acredita que a inflação seguirá em alta nos próximos meses.

Um levantamento feito por Michael Viriato, especialista da Casa do Investidor, mostra que, com a Selic em 13,75%; todas as opções de investimento da renda fixa oferecem ao investidor um rendimento real:

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As maiores taxas de rendimento real são com os títulos privados, como as debêntures incentivadas, o LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e o LCA (Letra de Crédito do Agronegócio). “Esses investimentos estão com taxas altas pelo momento de mercado e vão fornecer ao investidor uma alta rentabilidade real, mesmo que tenhamos algum cenário extremo de inflação devido à deterioração fiscal”, destaca Laís Costa, analista da Empiricus.

Para quem quiser investir em uma opção com menos risco, a recomendação é o Tesouro Direto. Em um cenário em que o mercado já começa a vislumbrar quedas na taxa de juros para 2023, mas que ainda possui inflação e juros em alta no curto prazo, uma boa saída pode ser os títulos híbridos, explica Fernanda Melo, economista e planejadora financeira CFP pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar). A rentabilidade do ativo é determinada pela combinação de uma taxa prefixada e outra pós-fixada, como o Tesouro IPCA+.

Para investir nos títulos, porém, o ideal é vislumbrar prazos mais longos. Como o BC está perto de encerrar o ciclo de aperto monetário, a expectativa é que o IPCA seja cada vez mais baixo. “Se a janela de tempo for curta, como um ou dois anos, ainda é melhor alocar em títulos pós-fixados. O aumento dos juros serve para abaixar a inflação, então esperamos que a rentabilidade desse IPCA+ diminua”, destaca Jaqueline Benevides, analista de renda fixa do TC.

A analista faz ainda outras recomendações de títulos que precisam entrar no radar do investidor: os prefixados e os pós-fixados do mercado secundário. Com a Selic em 13,75% ao ano, a rentabilidade do Tesouro Prefixado, determinada na contratação do título, já está atrativa. Dado que existe pouco espaço para novas altas nos juros, quem começar a montar posições agora não tem muito a perder.

Segundo trimestre de 2023

Os juros podem ser reduzidos a 11,75% no próximo ano, mas isso dependerá das decisões que o novo governo tomar. Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, acredita que a queda só acontecerá depois que o governo discutir a regra fiscal – motivo esse que fez o Ibovespa cair cerca de 3,35% e perder aproximadamente 4,79% em valor de mercado em novembro.

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Dalton Gardimam, economista-chefe da Ágora Investimentos, também afirma que “o stress fiscal atual chegou no limite” e que o governo petista deve em breve anunciar um ministro, que terá um plano de orçamento público. “[A Selic só deve cair] a medida que a operacionalização da parte fiscal ganhar forma e o mercado perceber que a dívida pública não irá explodir”.

“Dessa forma, qualquer pessoa que entrar [no Ministério] precisa ter uma mensagem de convergência da dívida, ou algum tipo de promessa que coloque os gastos públicos nos trilhos”, diz o especialista. Se o plano econômico do ministro de Lula “ficar de pé”, o economista acredita que haverá chances da Selic encerrar o ano em 11,50% – o boletim Focus desta semana projetou os juros em 11,75% para o mesmo período.

E mesmo com a possível queda, a renda fixa ainda deve continuar interessante aos investidores, se comparado com a renda variável, declararam os entrevistados. Eduarda Korzenowski, economista da Somma Investimentos, explicou que, além da renda fixa ser livre de riscos, deverá ser uma boa opção, pois, os retornos seguirão acima dos dois dígitos

Se comparado com as ações, apenas 26,17% dos papéis da B3 conseguiram render no mesmo patamar (11,50%)  ou acima em 12 meses, apontou um levantamento realizado pelo Economatica, a pedido do E-Investidor.

O estrategista da RB Investimentos, por sua vez, recomendou que o investidor tenha cerca de 65% do seu capital alocado em renda fixa e 35% em renda variável, principalmente em fundos multimercados, “pois, o gestor consegue encontrar oportunidades interessantes [nas ações, por exemplo] em momentos de Selic alta”. Veja nesta matéria os fundos multimercados mais rentáveis nos últimos 20 anos.

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Saiba também quanto renderia investir em renda fixa, caso a taxa Selic caísse a 11,75% – como aponta o Focus:

*Com informações de Luiza Lanza

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