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BC sinaliza Selic acima de 8,5% para domar a inflação

O entendimento é de que o nível final da Selic é mais importante do que um eventual ajuste no ritmo de aperto

BC sinaliza Selic acima de 8,5% para domar a inflação
Edifício sede do Banco Central, em Brasília. (Foto: André Dusek/Estadão)
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  • As indicações foram dadas pelo presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Econômica do BC, Fabio Kanczuk
  • Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC revelou que ponderou subir os juros para além do ajuste de 1 ponto que acabou adotando
  • "Quando nós olhamos o que influencia no horizonte relevante, a Selic terminal é mais importante que o pace (ritmo de alta) em si", afirmou Campos Neto.

O Banco Central sinalizou nesta quinta-feira (30) que levará a taxa básica de juros para além do patamar de 8,5% em sua tarefa de domar a persistente inflação no Brasil, com o entendimento de que o nível final da Selic é mais importante do que um eventual ajuste no ritmo de aperto.

As indicações foram dadas pelo presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Econômica do BC, Fabio Kanczuk, em coletiva de imprensa após a publicação do Relatório Trimestral de Inflação.

Atualmente, os juros básicos estão em 6,25%.

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Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC revelou que ponderou subir os juros para além do ajuste de 1 ponto que acabou adotando na semana passada, mas chegou à conclusão que, considerando o cenário de incertezas sobre os choques na inflação, era melhor aumentar o ciclo de aperto na Selic para patamar “significativamente contracionista”.

Segundo Campos Neto, o termo “significativamente” contracionista utilizado na ata se refere ao nível final da Selic, numa pista de que a taxa básica ficará mais alta no término deste processo.

“Quando nós olhamos o que influencia no horizonte relevante, a Selic terminal é mais importante que o pace (ritmo de alta) em si”, afirmou ele.

O presidente do BC frisou que, com isso, o BC ganha tempo, com a coleta de dados e informação nos próximos meses sendo importante para determinar o ponto de chegada da taxa.

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“O que eu posso dizer é que a Selic vai terminar onde ela tiver que terminar para que nós consigamos atingir a nossa meta”, disse Campos Neto, reiterando que o BC mira o horizonte relevante – ou seja, os anos de 2022 e 2023.

Kanczuk foi um pouco mais explícito. O diretor explicou que, na sua decisão de política monetária da semana passada, o BC considerou em seu cenário básico que a Selic chegaria a 8,5% no final do ciclo de aperto monetário, número previsto na pesquisa Focus. Com esse pressuposto, no entanto, o IPCA fica ligeiramente acima do centro da meta (em 3,7%)em 2022.

“Então eu tenho que ir além desse perfil da Selic. Eu tenho que ser mais contracionista”, disse o diretor.

A conta mais recente do mercado para a inflação no ano que vem é de alta de 4,12%, conforme boletim Focus, ao passo que o BC vê o número em 3,7% em seu cenário básico. A meta central para o próximo ano é de IPCA em 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.

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Para 2023, economistas projetam elevação do IPCA de 3,25%, em linha com estimativa do BC de 3,2% e com a meta de 3,25%, também com banda de 1,5 ponto.

Campos Neto também buscou esclarecer que, quando o BC mencionou que a política monetária já estava em território contracionista, fez um exercício de olhar, no dia do Copom, a Selic Focus de um ano com o IPCA de um ano e comparar com a taxa neutra de 3%.

Ele afirmou ainda que não teria como elaborar qual seria a Selic no encerramento do ciclo de aperto.

De acordo com Campos Neto, a mudança na linguagem do BC quanto ao alongamento desse processo de alta nos juros decorre da percepção que alguns fatores inflacionários eram vistos como temporários anteriormente, mas são agora encarados como mais persistentes.

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“Essa persistência tem contaminado outras partes, outros índices de inflação, inclusive com os núcleos rodando bem acima das metas. Esse ajuste é necessário para fazer com que isso seja endereçado”, disse.

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