A pandemia de coronavírus deixará como legado uma economia global em que as oportunidades e decisões de investimentos serão guiadas predominantemente por cinco fatores: geopolítica e globalização; nova tecnologia; mais Estado; investimento público em saúde; ascensão da geração Z.
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A projeção, cujos efeitos irão perdurar por décadas, foi feita pelo estrategista global do Bank of America, Haim Israel, em relatório aos clientes do banco.
“A covid-19 é um dos raros eventos da história, com a Grande Depressão e a queda do Muro de Berlim, que vão definir completamente a geopolítica, a sociedade e os mercados”, escreveu.
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As informações são do Business Insider.
Geopolítica e globalização
A pandemia trouxe, de imediato, severos danos econômicos à maioria dos países. O efeito seguinte será um olhar maior para dentro, com apoio a produtores locais, maiores barreiras ao comércio exterior e simplificação das cadeias de produção, com maior atenção à tecnologia, privacidade de dados e áreas essenciais.
“O legado mais significativo da covid-19 será redefinir a ordem mundial em manufatura, fornecimento, comércio, tarifas, sanções e tecnologia, impulsionada pela geopolítica”, escreveu Levy.
Novas tecnologias
As medidas de distanciamento social deixaram milhões de pessoas muito mais tempo em casa, o que levou ao crescimento do trabalho remoto, streaming e comércio eletrônico. Uma realidade que veio para ficar e será sustentada por computação em nuvem, capacidade de banda de internet, geração e gestão de dados dos usuários. Quem dominar essas frentes será mais atraente para investidores e terá grandes vantagens competitivas.
“Isso pode impulsionar a comercialização de tecnologias moonshot, como veículos autônomos, computação quântica e agricultura vertical, à medida que os países buscam uma vantagem na corrida pela supremacia tecnológica”, escreveu o analista do Bank of America.
Mais Estado
O cenário de colapso econômico e sanitário imposto pela pandemia exigiu ações imediatas e abrangentes dos governos. Onde o Estado foi mais presente e eficiente, a proliferação do coronavírus foi contida mais rapidamente. O legado deve ser a estabilização dos gastos públicos em um nível maior, com os cidadãos sendo prioridade em relação ao retorno a investidores.
“Semelhante ao socorro após outras crises econômicas e de defesa, os gastos de governo para proteger cidadãos permanecerão elevados por anos em comparação aos níveis pré-coronavírus”, projeta Levy.
Investimento público em saúde
Os sistemas públicos de saúde sairão fortalecidos da pandemia. Países precisarão reforçar suas redes e gastar mais dinheiro com elas. Oportunidade para medicina preventiva e tecnologia aplicada à saúde.
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“A covid-19 vai amplificar a importância dos cuidados de saúde e seu papel social. Isso vai acelerar a pressão global sobre outras fatores associados ao tema: preços de medicamentos, resistência a antibióticos, prevenção futura a pandemias, acesso universal a vacinas, etc.”, escreveu Levy.
A ascensão da geração Z
Os millennials foram atingidos em cheio por uma das maiores crises econômicas da história no exato momento em que deveriam se tornar protagonistas no mercado de trabalho e consumo. Isso deve acelerar uma transição geracional em um momento de empobrecimento da população.
“A geração Z – juntamente com a dos millennials – é a mais exposta a um potencial de ganho reduzido a longo prazo. Essa pandemia global pode resultar em uma desaceleração ou reversão da marca de décadas para tirar bilhões da pobreza”, escreveu Levy.
Embora as duas gerações estejam mais expostas a estes efeitos, o estrategista global do Bank of America vê a os zoomers com mais condições de se adaptar às novas condições, por já terem nascido em uma era puramente tecnológica. Empresas que entenderem melhor essa geração e sua relação com a tecnologia estarão à frente na captação de investimentos.