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Comportamento

Hornos: ‘Vejo investidoras jovens mais interessadas em causas ESG’

Em live do E-Investidor, especialistas destacam que perfil feminino nos investimentos traz ótimos resultados

Hornos: ‘Vejo investidoras jovens mais interessadas em causas ESG’
Live aconteceu nesta terça-feira (8), às 19h, no canal do Youtube do E-Investidor

As mulheres que investem na Bolsa de Valores brasileira representam 23,54% dos investidores pessoa física. Até fevereiro de 2022, o número de investidoras na B3 ultrapassou a 1 milhão de CPFs. Apesar de pequena, a representação feminina cresceu de forma exponencial. “Faz apenas 60 anos que a mulher tem direito a ter um CPF, e CPF significa autonomia financeira. Ou seja, somente há 60 anos tivemos oportunidade de sermos gestoras do nosso próprio dinheiro”, explicou Ana Paula Hornos, especialista em finanças e comportamento e colunista do E-investidor. “Os atuais 23% significam muito, porque há 60 anos não tínhamos nem conta corrente e hoje somos investidoras.”

Hornos participou nesta terça-feira (8), ao lado de Carolina Cavenaghi, fundadora e CEO da Fin4she, e Sarai Molina, responsável pela gestão da área educacional da Ágora Investimentos, da live de abertura da segunda edição da Semana da Mulher Investidora, no canal do Youtube do E-Investidor, para falar sobre a participação feminina no mercado financeiro.

Mas não é apenas na quantidade que homens e mulheres se diferenciam no mundo dos investimentos. O perfil das investidoras também é diferente. “O homem investe com o pensamento competitivo, querendo que a carteira dele seja a mais rentável, sempre se comparando a outros. Já as mulheres buscam proporcionar prazer a si mesmas e a quem está à sua volta, pensando em casa, estudo dos filhos e viagens, por exemplo”, explicou Cavenaghi. Esse aspecto comportamental faz com que, no geral, mulheres tomam decisões financeiras com visão de longo prazo.

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“Isso não necessariamente está associado a tomar menos risco”, avaliou, explicando que o risco está associado mais à educação e ao quanto a mulher estuda e se aprofunda sobre investimentos.

“A mulher é mais calma, mais pé no chão. As mulheres só investem quando se sentem segura do conhecimento que têm. Homens não. E essas características fizeram com que as mulheres tivessem uma rentabilidade maior”, afirmou Molina, mencionando pesquisas que comparam as carteiras de investimentos de homens e mulheres, e constatam uma rentabilidade maior nas carteiras femininas.

Hornos explicou que o dinheiro carrega simbologias: prazer, poder e segurança. “Esses são os três atributos que o seres humanos relacionam ao dinheiro. E tem uma diferença de gênero histórica e cultural – normalmente, as mulheres vêem o dinheiro como uma forma de segurança e prazer, enquanto os homens vêem como prazer e poder”, afirma a especialista em finanças e comportamento. “Talvez isso explique a diferença de perfil de investidor entre homens e mulheres – a agressividade do homem enquanto investidor, e o porquê das mulheres serem mais conservadoras e olharem mais o longo prazo.”

Investimento com propósito

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Durante a lives, as convidadas destacaram a importância dos pilares ESG (governança ambiental, social e corporativa) na escolha de empresas em que as mulheres investem. “Vejo mulheres jovens bastante interessadas em causas ESG, especialmente causas ambientais e sociais, tanto nos investimentos quanto no mercado de trabalho”, diz Hornos.

“Hoje existe uma dificuldade muito grande de empresas que não tem pilares ESG em seu DNA de se conectarem com jovens, porque os jovens buscam isso”, complementa Cavenaghi. Para ela, os jovens no geral têm essa visão mais focada na união entre lucros e propósitos.

Perfil elitista

Ainda que as mulheres tenham conquistado maior espaço no mercado financeiro nos últimos anos, ainda há pouco espaço para a diversidade – especialmente na B3. As investidoras brasileiras pertencem, em sua grande maioria, às classes A e B, são brancas e moram na região Sudeste.

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Para Molina, esse cenário tem como uma das raízes a crença por parte de muitas pessoas de que precisa de muito dinheiro para investir na Bolsa “Seria preciso ensinar desde a escola que é possível investir com pouco dinheiro”, afirma a responsável pela gestão da área educacional da Ágora.

Cavenaghi destaca outra crença que dificulta a não evolução feminina nos investimentos: “Existe uma crença de lugar de pertencimento, da mulher acreditar que aquele lugar não é dela e nunca vai pertencer a ela, especialmente quando abordamos outras intersecções, como mulher e raça, porque elas têm uma herança de não ter relação com dinheiro”, destaca.

Além da educação financeira, a estrutura familiar e a condição de vulnerabilidade psicológica e social também contam muito, destaca Hornos. “Às vezes, a vulnerabilidade é tão grande que dificulta muito a mudança de comportamentos, inclusive os financeiros”, explica. “O ambiente em que o individuo está afeta seu comportamento, se é um ambiente que incentiva ou que dificulta.” Por isso, mulheres em situações financeiras e sociais menos privilegiadas teriam maior dificuldade de entrar para o mercado financeiro.

Confira a live completa:

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