- O dólar fechou a segunda-feira (4) cotado a R$ 4,60, o menor valor desde 4 de março de 2020
- Na terça (5), um clima de aversão ao risco no exterior ajudou a recompor parte das perdas, com a moeda voltando para o patamar de R$ 4,65. Ainda assim, as quedas somam quase 17% no acumulado de 2022
- Um levantamento da Travelex Confidence reportou recorde na comercialização de moeda estrangeira no Brasil em 2022
A principal moeda do mundo abriu mais uma semana em desvalorização frente ao real. Na segunda-feira, o dólar fechou cotado a R$ 4,60, o menor valor desde 4 de março de 2020. Na terça (5), um clima de aversão ao risco no exterior ajudou a recompor parte das perdas, com a moeda voltando para o patamar de R$ 4,65. Ainda assim, as quedas somam quase 17% no acumulado de 2022.
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O movimento está relacionado principalmente a três fatores: a entrada de capital estrangeiro na B3, ao Brasil ser um produtor de commodities e a taxa de juros elevada. Esse cenário torna o País uma boa oportunidade de investimento. “A bolsa perto do patamar de 120 mil pontos é um ótimo negócio pelo potencial de crescimento que o País tem. Só que esse ano temos eleição. Nos próximos seis meses vamos entender se esse fluxo externo continua, se as commodities vão continuar se valorizando”, explica Anilson Moretti, head de câmbio da HCI Invest.
E a desvalorização do dólar tem levado os brasileiros direto para as casas de câmbio. Um levantamento da Travelex Confidence reportou recorde na comercialização de moedas estrangeiras no Brasil em 2022. O volume negociado nas casas de câmbio da corretora, em reais, entre janeiro e março deste ano, foi 26% superior ao mesmo período de 2019, considerado o melhor até então.
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O dólar e o euro representam 90% do volume de todas as vendas em espécie, além de 85% na quantidade de operações. Segundo o ranking elaborado pela corretora, as cinco moedas estrangeiras mais procuradas e vendidas são o dólar (USD), euro (EUR), libra esterlina (GBP), dólar canadense (CAD) e franco suíço (CHF).
Para o diretor de varejo da Travelex Confidence, Rogério Rocha, o movimento de compra de moedas estrangeiras é também um indicador importante da retomada do turismo internacional por brasileiros. “É a primeira vez que a moeda da Suíça, o franco suíço, aparece entre as 5 moedas mais vendidas pela Travelex e acreditamos que o motivo seja a reabertura do País para turistas com cobertura vacinal completa, o que inclui também os brasileiros”, diz.
Na B&T Câmbio, o volume de transações em espécie no primeiro trimestre de 2022 é quatro vezes o do mesmo período de 2021, saindo de R$ 8,7 milhões para R$ 34,9 milhões. Somente em março deste ano, foram R$ 15 milhões em negociações – um volume maior do que todo o acumulado nos primeiros três meses do ano anterior.
Tulio Portella, diretor comercial da B&T Câmbio, afirma que a venda de moedas já igualou os patamares de 2019, ano anterior à pandemia de covid-19. E o afrouxamento das restrições sanitárias também pode estar por trás do aumento das vendas de moedas estrangeiras.
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“Já vínhamos de um crescimento razoável desde novembro do ano passado, quando o dólar começou a depreciar. Mas, sem dúvida, com essa escalada recente, os números aumentaram bastante. Hoje, a realização de viagens internacionais está bem mais simplificada do que no primeiro trimestre de 2021”, afirma Portella.
Embora a queda do dólar esteja relacionada a fatores da economia e dos mercados, a venda de moedas estrangeiras é um forte indicativo da retomada do turismo. Essa é, inclusive, a única recomendação para a compra de moeda estrangeira, mesmo com o valor mais baixo, explica Bruno Mori, economista e planejador financeiro CFP pela Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros). “A recomendação é comprar a moeda quando for viajar. Não se compra dólar em papel moeda para reserva de valor. O papel moeda, por ser um ativo físico, até pode trazer uma sensação de segurança para as pessoas, mas o spread de compra e venda é muito grande”, destaca.