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Caso TC: “Tive cliente que perdeu R$ 3,5 milhões seguindo estratégias”

Após acusações em vídeo, companhia informou ter pedido abertura de inquérito criminal na Polícia Federal

Caso TC: “Tive cliente que perdeu R$ 3,5 milhões seguindo estratégias”
Ações do TC sofrem intensa queda após boatos de investigação da CVM (Foto: Envato Elements)
  • Nos últimos cinco pregões, as ações do TC (TRAD3), ex-Traders Club, derreteram 38% na Bolsa, passando de R$ 7,29 para R$ 4,51
  • A desvalorização ocorre em reação a um vídeo com acusações à empresa que circula nas redes sociais
  • Especialistas em investimentos afirmam ter clientes que perderam quase todo patrimônio seguindo recomendações da empresa

Nos últimos cinco pregões, as ações do TC (TRAD3), ex-Traders Club, derreteram 38% na Bolsa, passando de R$ 7,29 para R$ 4,51. A maior parte da desvalorização ocorreu na última quinta-feira (30), quando os papéis desabaram 27,09% – a maior queda intraday desde a oferta pública inicial (IPO) da empresa, realizada em julho de 2021.

O principal catalizador para a derrocada foi a divulgação de um vídeo em que uma mulher com maquiagem de palhaço, cuja identidade não foi identificada, acusa a companhia de irregularidades.

Os relatos no vídeo vão desde uma suposta investigação feita pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por manipulação de resultados da empresa até casos suspeitos de assédio na empresa. A coluna de Lauro Jardim, em O Globo, também publicou a informação de que o TC estaria sendo investigado pelo regulador.

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Procurada, a autarquia não confirmou a informação e diz não comentar casos específicos. “Ficou famoso há um tempo atrás um relatório de uma casa de análise (Empiricus) que recomendava a posição ‘vendida’ em Traders Club. Foi um Deus nos acuda, choro e gritaria. No meio da confusão, os controladores teriam acelerado as compras de ações durante o período de proibição da CVM”, afirma a mulher, no vídeo.

Ela também acusa os controladores do TC de praticar “front running”, quando um influenciador compra determinado ativo e conta sobre a aquisição nas redes sociais para que os seguidores fiquem tentados a comprar o papel também. O resultado é que o preço do ativo sobe pelo efeito manada e o influenciador, que comprou antecipadamente, lucra com esse tipo de manobra.

Por último, a personagem do vídeo afirma que Rafael Ferri, sócio do TC, e outros representantes da empresa, dão dicas de investimentos equivocadas. Ela reforça ainda que o executivo não tem certificação profissional para dar recomendações aos investidores.

Nesta sexta-feira (8), o TC informou ao mercado que protocolou um pedido de abertura de inquérito criminal na Polícia Federal para apurar quem seriam os responsáveis por produzir e divulgar o vídeo com acusações contra a companhia. A empresa reiterou ainda que não encontrou processos administrativos sancionadores (investigações para apurar possíveis delitos) instaurados na CVM e que não recebeu nenhuma notificação da BSM Supervisão de Mercados.

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É importante lembrar que Ferri tem 1,5 milhão de seguidores no Instagram e 156,4 mil no Twitter. Algumas projeções feita por ele em julho de 2020 (e que acabaram não se concretizando) ficaram famosas e viraram bordões na Fintwit, como “Vara (Via) é R$ 30, Conga (Cogna) é R$ 15”. Hoje, a VIIA3 está cotada a R$ 1,84 e Cogna a R$ 2,04.

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De julho de 2020 até hoje, a desvalorização dos papéis é de 91% e 77,56%, respectivamente. O E-Investidor questionou o TC sobre a certificação de Ferri. A resposta foi de que o trader é contribuidor da empresa, assim como dezenas de outros clientes. Isso significa que ele produz conteúdo para a plataforma.

“O que ele (Rafael Ferri) diz na plataforma, assim como milhares de outras pessoas, é o que está fazendo em sua carteira pessoal de investimentos. Ferri nunca se disse analista de ações, pelo contrário, sempre deixa este ponto extremamente claro”, diz a companhia. “Já tivemos denúncias anteriores iguais a essa à CVM e tais denúncias foram arquivadas após esclarecimentos da companhia.”

O TC afirma ainda que as carteiras recomendadas da plataforma são feitas pela subsidiária TC Matrix, empresa de research. “Nosso quadro de colaboradores obtêm os mais diversos títulos e certificações, como CGA, CFA, CNPI, além de mestres e doutores em áreas relacionadas a Finanças e Investimentos”, diz a casa em comunicado enviado à imprensa.

A empresa negou todas as acusações do vídeo e disse que trabalha para identificar e responsabilizar os autores. A companhia diz que vai adotar medidas legais para impedir a disseminação de “informações inverídicas e infundadas acerca de seus negócios e seus colaboradores, em especial se divulgadas com o intuito de manipular a cotação dos valores mobiliários (ações) de sua emissão”.

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“Diferente do que foi apresentado na gravação, não há qualquer investigação ou processo contra o TC na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e denúncias anteriores foram arquivadas. No âmbito penal, também não há qualquer processo ou investigação referente a quaisquer dos supostos crimes citados. O TC reforça que repudia veementemente qualquer conduta que não se baseie em valores éticos”, diz o TC.

Prejuízos

Apesar de Ferri não ser analista e não se declarar como um, muitos investidores se inspiram na visão de investimentos do trader. Eduardo Messias, sócio da Allure Investimentos, relatou a experiência vivida por alguns investidores que deixaram o antigo Traders Club após perderem boa parte do capital.

“Não posso relatar os nomes, mas tive clientes que perderam muito dinheiro por conta de estratégias que o Rafael Ferri vendeu. Há investidor que perdeu R$ 3,5 milhões”, afirma Messias. “O cliente me ligou há 15 dias reportando que quebrou Conheço alguns casos assim. Os que eu converso direto, são pelo menos três nessa situação.”

A operação que teria acarretado em tamanho prejuízo foi  a venda de puts (que equivale a apostar na alta de um ativo) de ações da Via. A VIIA3 cai 81% desde o início de 2020.

“Eles expuseram algumas estratégias que não foram vencedoras. Dentro do mercado financeiro, quando você erra uma tese de investimentos é importante saber o momento de sair, senão o prejuízo é muito grande”, afirma Messias.

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O E-Investidor perguntou ao TC se esse tipo de relato chegou ao conhecimento da companhia. “Não. Em um mercado de baixa (bear market), muitos investidores estão com resultados negativos, tanto no Brasil e no mundo. Isso não tem nenhuma relação direta com o TC”, diz a empresa, em resposta.

Até às 14h36 desta terça-feira (5), as ações TRAD3 se recuperavam do baque dos últimos dias com uma alta de 5,99%, cotadas a R$ 4,78.

Nota: A matéria foi atualizada na sexta-feira (8), às 19h15, com o acréscimo da informação de que o TC pediu abertura de inquérito criminal para apurar quem seriam os responsáveis por produzir o vídeo com as acusações.

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