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Como parceria do governo de SP com laboratório chinês em prol de vacina afeta a Bolsa

Notícia não deve impedir queda do Ibovespa nesta sexta-feira, dizem especialistas

Como parceria do governo de SP com laboratório chinês em prol de vacina afeta a Bolsa
Biofarmacêutica alemã, BioNTech aposta na técnica baseada em mRNA para o desenvolvimento do imunizante. (Foto: Cadu Rolim/FotoArena/Estadão Conteúdo)
  • O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou uma parceria entre o Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac Biotech para produzir uma vacina contra a covid-19
  • Se for comprovada a eficácia, o Instituto terá o domínio da tecnologia para fornecimento da vacina ao SUS até junho de 2021, de acordo com o governador
  • Apesar do mercado ver com bons olhos a parceria, a tendência é a notícia ficar em segundo plano e o Ibovespa seguir as principais bolsas mundiais, que fecharam em queda nesta quinta-feira

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta quinta-feira (11) que o Instituto Butantan vai produzir uma vacina contra a covid-19 em parceria com o laboratório chinês Sinovac Biotech. Segundo Doria, a droga contra a doença já estaria na terceira fase de testes, o último estágio antes da distribuição.

A vacina foi batizada de coronavac e a última fase prevê testes clínicos no País com 9 mil voluntários a partir de julho. Se for comprovada a eficácia, o Butantan terá o domínio da tecnologia para fornecimento da vacina ao SUS até junho de 2021, de acordo com o governador.

O mercado financeiro acompanha de perto o desenvolvimento de novos medicamentos desde que a pandemia começou e notícias positivas sobre o assunto sempre puxam as bolsas mundiais para cima. Neste contexto, como o Ibovespa deve se comportar nesta sexta-feira (12) com o anúncio dessa parceria?

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Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos, vê a novidade como positiva no futuro, mas não acredita que a B3 irá se beneficiar a curto prazo. “A vacina ainda está em fase de testes e não deve ter um impacto imediato na Bolsa”, diz Carvalho.

O analista da Toro ainda afirma que o Ibovespa não deve ter um pregão positivo nesta sexta-feira (12), seguindo a tendência dos mercados globais desta quinta. “A notícia é positiva, mas vai ficar em segundo plano por causa do risco global”.

Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, também comemora a notícia, mas ressalta que o mercado já precificou as informações sobre desenvolvimento de vacinas. “Se olharmos nos últimos meses, tanto o mercado local como o externo tiveram grandes altas”, lembra ele.

O especialista explica que o movimento já foi antecipado pela B3 e que, nesta semana, os mercados começaram a realizar os ajustes de preço.

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Gustavo Akamine, analista fundamentalista e gestor de recursos da Constância Investimentos, aponta para a mesma direção: “O que está acontecendo hoje nos mercados globais vai impactar muito mais a B3 amanhã do que a notícia da vacina”.

O analista vai além: para ele, mesmo sem as quedas nos mercados hoje, a notícia não teria tanto impacto na bolsa brasileira. “Ainda precisamos de um estudo maior para entender a eficácia e a segurança da vacina. Sem isso, não vai ter impacto.”

Akamine diz que, para a Bolsa subir agora, a notícia teria que ser sobre antecipação do prazo para a existência de uma vacina. “O mercado já espera esse prazo, que é de cerca de 18 meses. Como está dentro do cronograma, não vai afetar.”

Bolsas do exterior em queda generalizada

Nesta quarta-feira, todos os principais índices acionários da Europa tiveram um pregão de robustas perdas. O índice intercontinental Stoxx 600 fechou em baixa de 4,10%. Nos EUA o cenário não foi diferente. Até às 15h, o Dow Jones tinha queda de 5,34%, o S&P 500 de 4,55% e a Nasdaq de 3,78%.

“A questão de novos casos está colocando uma certa dúvida na recuperação econômica e isso fez o preço nas bolsas do mundo de hoje e vai fazer o nosso amanhã”, afirma Carvalho.

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Ele lembra que a B3 costuma seguir mais o clima externo do que interno, a não ser quando o fator político entre em jogo. Assim, na visão do especialista, a parceria de São Paulo com o laboratório chinês não deve ter um impacto positivo na Bolsa.

“As quedas de amanhã devem ser bem pesadas seguindo o contexto global”, ressalta o analista da Toro.

Para Franchini, a força do exterior é mais potente do que os sinais que o País tem dado quanto à pandemia. “Internamente não tivemos notícias boas nas últimas semanas, mas a bolsa subiu acompanhando o cenário global”, afirma o sócio da Monte Bravo. “Hoje (quinta) o mercado inteiro está caindo depois que o Fed mostrou preocupação de que as coisas ainda não estão claras olhando mais para frente”, alerta.

Ele diz que é possível que haja uma melhora de humor do investidor interno, mas o externo ainda vai pesar mais: “Devemos ter uma queda amanhã e na próxima semana”.

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