- Um apartamento padrão em São Paulo (SP) custa em média R$ 623 mil
- Simulação da fintech Fiduc mostra quanto tempo uma pessoa levaria para comprar à vista a casa própria
- O estudo considerou uma capacidade de poupança de 20% (por mês) das seguintes rendas mensais: R$ 5 mil, R$ 10 mil e de R$ 20 mil
Comprar a casa própria ainda segue no projeto pessoal de muitos brasileiros. Mas o alto valor, em muitos casos, torna inviável a aquisição em um curto período de tempo. O financiamento surge como uma “luz no fim do túnel” para quem deseja sair do aluguel o quanto antes. O problema é que os juros atrelados a essa linha de crédito costumam triplicar o valor final do imóvel.
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A outra alternativa consiste em comprar uma casa ou um apartamento à vista, caminho que exige organização financeira do consumidor. Segundo dados do Imóvel Web, referente ao mês de agosto, o preço de um apartamento de 62 metros quadrados com dois quartos e uma vaga de garagem custa, em média, R$ 623 mil na Capital paulista. No caso de um imóvel com três quartos, o preço sobe para R$ 967 mil.
Os investimentos, sejam em renda fixa ou renda variável, podem ajudar na conquista da casa própria ao potencializar a capacidade de poupança. Uma simulação realizada pela Fiduc, fintech de investimentos, mostra quanto tempo uma pessoa levaria para juntar dinheiro para comprar à vista a casa própria.
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O estudo considerou uma capacidade de poupança de 20% (por mês) das seguintes rendas mensais: R$ 5 mil, R$ 10 mil e de R$ 20 mil. O porcentual escolhido trata-se de um patamar que os educadores financeiros consideram a capacidade de poupança como ideal para qualquer objetivo financeiro. Além disso, o estudo projetou o retorno financeiro da aplicação dos recursos em três tipos de investimentos: títulos do Tesouro Direto, poupança e ativos de renda fixa atrelados ao Certificados de Depósito Interbancário (CDI).
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O resultado da simulação mostrou que a poupança apresenta o pior rendimento para os brasileiros que desejam investir para comprar a casa própria à vista. Ao ser descontado a inflação média dos últimos dez anos, a rentabilidade anual passa a ser negativa, diferente dos títulos do Tesouro Direto que conseguem proteger o patrimônio da alta dos preços.
“Os títulos públicos (Tesouro Direto) ofereceram um retorno médio de 5,65% ao ano mais o ganho da inflação. Eu procuraria títulos com essa característica que protejam o patrimônio da inflação para a compra do imóvel”, afirma Carlos Caporal, planejador fiduciário da Fiduc. Já os títulos de renda fixa atrelados ao CDI apresentaram a melhor rentabilidade entre os investimentos analisados.
No entanto, a renda fixa não é a única que pode auxiliar o investidor na conquista da casa própria. Devido ao tempo considerado longo de investimento, é possível incluir ativos de renda variável no planejamento financeiro e potencializar os rendimentos dessa “poupança”.
“Eu posso investir em fundo imobiliários, em ações ou em alguns produtos de derivativos. Então, são várias alternativas e vai depender do perfil do investidor”, diz Eduardo M. Reis Filho, especialista em educação financeira e investimentos da Ágora Investimentos.
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No caso dos fundos imobiliários, o Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários (IFIX) tem apresentado um dividend yield (retorno) de 11,16% dos últimos 12 meses, segundo dados do Trade Map. A rentabilidade pode ser atrativa para o investidor e ainda reduzir o tempo de investimento.
Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), 29% dos investidores pessoa física destinam os retornos das suas aplicações para a aquisição de um imóvel. É o maior porcentual entre os objetivos apontados pelos entrevistados na edição mais recente da pesquisa “Raio X do investidor brasileiro”, realizada pela associação.
Saiba como poupar
O caminho até chegar ao valor final do imóvel, mesmo com a ajuda dos investimentos, pode ser cheio de barreiras. Por isso, além de pensar nas aplicações financeiras, o consumidor precisa também ajustar a capacidade de poupança conforme a sua realidade. No caso de uma pessoa que já possui muitas responsabilidades, o porcentual de 20% pode comprometer o pagamento das despesas essenciais.
“Se a pessoa não tiver controle financeiro, o ideal a se fazer antes é anotar todas as receitas e despesas mensais e identificar os custos variáveis (aqueles que não são fixos, como gastos em cartão de crédito) no orçamento”, afirma Daniel Carraretto, educador financeiro e criador criador do canal no Youtube Meu Dinheiro Ativo.
Somente após esse processo será possível entender a capacidade de poupança mensal do consumidor sem o comprometimento do orçamento ou da sua qualidade de vida. “O ideal é começar com pelo menos 10% da receita mensal. Acho que é um porcentual interessante para poupar, mas óbvio que quanto mais, melhor. É muito difícil quando a pessoa não tem o hábito de poupar e conseguir reservar 20%, 30% a 40% da sua renda”, diz o educador financeiro.
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A organização financeira também ajuda na busca do financiamento. Com as contas em dia, as instituições financeiras reduzem o risco de crédito em virtude do bom histórico de pagamento. Desta forma, a linha de crédito disponível para o correntista pode ter juros bem mais acessíveis.
Porém, isso não substitui a importância de construir uma reserva para a aquisição da casa própria. “Eu sugiro ter pelo menos 60% a 80% do valor da entrada do imóvel. Desta forma, o restante que você iria financiar fica menor e torna-se irrelevante ao valor final da casa ou do apartamento”, acrescenta.
O saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o pagamento do décimo terceiro salário também podem reforçar o valor da entrada caso não tenha o montante integral do imóvel.