- O país do futebol teve taxas de inflação de, no mínimo, dois dígitos em todos os anos entre 1953 e 1995
- Mas, este ano, o Brasil passa por uma deflação, queda generalizada dos preços
- Mesmo com a deflação, o mercado já estima que poderemos ver o rompimento do teto da meta de inflação para 2022
Assim como diz Alexandre Versignassi em seu livro “Crash – Uma Breve História da Economia”, o Brasil é o Pelé no mundo da inflação. O país do futebol teve taxas de inflação de, no mínimo, dois dígitos em todos os anos entre 1953 e 1995. Durante este período, o Brasil apresentou quatro dígitos de inflação em seis ocasiões. É o que dizem: o Brasil não é para amadores.
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Há 20 anos, quando a seleção brasileira era campeã do mundo pela quinta vez, o que valia R$ 1 hoje vale R$ 3,51, 251,44% a mais (IBGE, 2022). Isso significa que, em média, o brasileiro está pagando nos produtos quase três vezes mais do que em 2002.
Inflação no Brasil nos anos 2000
Mas, este ano, algo está diferente: estamos vendo uma deflação, a queda generalizada dos preços de bens e serviços. E o Brasil em 2022 apresentou deflação em julho, agosto e setembro.
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Mesmo com a deflação observada em três meses consecutivos, o mercado já estima que poderemos ver o rompimento do teto da meta de inflação para 2022 (3,5%, com oscilação entre 2% e 5%), assim como no ano passado.
Um dos motivos para que a inflação tenha arrefecido nos últimos meses é o corte de impostos sobre itens essenciais – como a energia e o combustível.
Um dos pontos mais complexos da inflação é que ela por si só é uma grande concentradora de renda e potencializadora da desigualdade social. Os preços dos produtos sobem em uma velocidade que os salários não acompanham. A população mais favorecida economicamente se protege da inflação com investimentos indexados à inflação, o que não acontece com a parcela mais pobre.
Além do mais, grande parte da renda das classes mais baixas são para bens essenciais, diferentemente das classes altas.
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Trazendo novamente o tema do corte de impostos sobre itens essenciais, nós temos uma questão: existe a possibilidade de o governo arrecadar menos imposto, mas mantendo os gastos. Aí que mora a preocupação.
Há três saídas nesse caso: a dívida do país será elevada, novos impostos serão criados para cobrir os cortes ou o governo precisará imprimir mais papel moeda para financiar a receita que não veio. Esta opção é a melhor amiga da inflação.
Sem contar todos os estímulos que o governo está dando por meio de programas de transferência de renda por estarmos em ano de eleição.
Mas a inflação anda assombrando outros países. O pós-covid e a guerra entre Rússia e Ucrânia têm feito os bancos centrais do mundo elevarem seus juros e frear o motor de crescimento econômico.
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O Fed vem elevando os juros para frear a inflação causada por injeção de moeda na economia e já estima uma possível recessão. Entretanto, enquanto os Estados Unidos estão vendo uma inflação por conta de uma economia superaquecida, com o desemprego abaixo do nível de “equilíbrio”, a Europa sofre com uma crise energética em razão do desabastecimento de gás da Rússia.
O circo segue pegando fogo. Vejamos os próximos capítulos.
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