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- Os presidentes Joe Biden e Xi Jinping se encontraram recentemente ara a reunião do G-20 nas últimas semanas
- O retorno de um diálogo amigável entre os dois, como visto em Bali, pode gerar inúmeras expectativas positivas de manutenção das tensões num nível baixo
- Ao mesmo tempo em que respostas robustas ou práticas do lado chinês em relação aos EUA tendem a ocorrer uma a duas semanas após reuniões de alto nível em Pequim (envolvendo o Politburo ou o Comitê Central do Partido Comunista)
O presidente Joe Biden e o presidente Xi Jinping se encontraram em Bali, na Indonésia, para a reunião do G-20 nas últimas semanas. O tom cordial e até amigável dos dois encobre um pouco o que está acontecendo fora da superfície.
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Primeiro, há uma explicação clara pelo bom humor da dupla: os dois vinham de importantes vitórias domésticas. Biden se saiu muito melhor do que a encomenda nas eleições legislativas americanas, enquanto Xi Jinping, de forma menos surpreendente, logrou um terceiro mandato com poder quase que absoluto dentro do Partido Comunista Chinês.
No entanto, os problemas enfrentados por ambos os líderes são significativos. Biden está lutando para deixar um legado positivo depois de dois mandatos marcados por dificuldades domésticas e alta inflação, enquanto Xi Jinping é confrontado com a desaceleração econômica, insatisfação popular em razão da política de “covid zero” e tensões regionais.
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Na superfície, é interesse mútuo demonstrar algum tipo de diálogo que gere um controle de ambos no acréscimo e decréscimo das tensões. Isso evita que provocações mútuas, criadas por instabilidades domésticas, não saiam completamente do controle, além de evitar que outros países tenham um peso grande no estímulo à provocação mútua.
A economia é um aspecto importante nessas tensões. Desde 2020, tenho cada vez mais clientes interessados em análises geopolíticas em cima de variações econômicas de cada país. Quando desenhamos uma análise nesse sentido, observamos duas “matrizes”: EUA e China. Embaixo de cada uma das matrizes, temos aqueles que são dependentes econômicos diretos e indiretos de cada país. A partir daí, elencando as principais commodities ou variáveis econômicas de acordo com o interesse de cada cliente, identificamos alguns vetores de mudança com impactos de curto, médio e longo prazo, ao lado de um ranqueamento de cada um desses impactos.
Desta forma, conseguimos nos aproximar de uma análise mais fidedigna (requer um monitoramento diário das políticas domésticas e externas de cada um dos envolvidos) para poder desenhar cenários dos próximos passos. Como devem imaginar, não é um processo simples, mas auxilia e muito a identificar potenciais surpresas, focos dessas surpresas e alinhar próximos passos. Para quem opera diretamente (ou indiretamente) com commodities e com esses países, esse tipo de informação vale ouro.
Os principais vetores de observação são formados, naturalmente, pelas sanções. As sanções movem-se como ondas, em uma fluidez identificável por meio dos discursos americanos. Geralmente, são relacionadas à Direitos Humanos e/ou avanços e competições tecnológicas. O governo americano não toma decisões relacionadas à aplicabilidade de sanções de uma hora para outra. Como um trem em marcha, esse processo vai envolvendo muitos personagens, fazendo com que o segredo seja mais difícil de ser guardado.
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Consequentemente, é possível identificar futuras sanções dos EUA em relação à China (ou a qualquer outro país dentro desse modelo) por meio das variações políticas domésticas do alvo (nesse caso, a China). Quase 100% das vezes, uma sanção aplicada contra a China (ou Rússia etc), cai como uma surpresa para o país-alvo.
O retorno de um diálogo amigável entre os dois, como visto em Bali, pode gerar inúmeras expectativas positivas de manutenção das tensões num nível baixo. Entretanto, na verdade, não é bem assim. As tensões seguem numa crescente, que visualizamos dentro do nosso processo de análise (da Arko Advice), por conta de pequenas decisões tomadas dos dois lados.
A mudança na linha de produção de determinados produtos de defesa na China (ligada, por exemplo, a uma eventual invasão anfíbia de Taiwan) geralmente ocorre após uma decisão similar no campo da política externa americana em relação ao Indo-Pacífico.
Ao mesmo tempo em que respostas robustas ou práticas do lado chinês em relação aos EUA tendem a ocorrer uma a duas semanas após reuniões de alto nível em Pequim (envolvendo o Politburo ou o Comitê Central do Partido Comunista).
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A superfície da política é infinitamente mais simples do que o submerso. A graça, os riscos, as mudanças estruturais são feitas no universo submerso, para onde burocratas de terceiro escalão recorrem trazendo novos dados para a mesa. Na maioria das vezes, o diálogo aberto e público pouco vale.