- As ações da Cielo (CIEL3) encerraram 2022 com uma alta acumulada de 140,4%
- O papel saiu de R$ 2,17 em janeiro para encerrar o último pregão do ano cotado a R$ 5,24
- As ações da Cielo entregaram mais de 65% de valorização somente nos primeiros seis meses do ano
Fora dos holofotes e das teses que dominaram o mercado em 2022, como commodities e grandes bancos, a ação campeã em valorização do ano foi uma empresa de tecnologia e serviços financeiros: a Cielo (CIEL3).
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O papel saiu de R$ 2,17, valor com o qual iniciou o dia 03 de janeiro, para encerrar a quinta-feira (29), último pregão do ano, cotado a R$ 5,24 – um salto de 140,4%, o maior dentre as ações do Ibovespa.
O índice de referência da Bolsa brasileira fechou o ano com uma leve alta de 4,69% aos 109.734,60 pontos. Veja a retrospectiva de 2022.
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A CIEL3 passou grande parte de 2022 liderando a ponta positiva do Ibovespa, deixando para trás o histórico bastante negativo acumulado entre 2018 a 2021, anos em que as ações operaram no vermelho com tombos superiores a 50%. Um levantamento feito por Einar Rivero, do TradeMap, mostra que este foi o melhor ano das ações da Cielo desde sua estreia na Bolsa de Valores em 2009.
Ano |
Desempenho acumulado
|
2010 | -5,55% |
2011 | 53,32% |
2012 | 47,67% |
2013 | 44,07% |
2014 | 31,52% |
2015 | -1,43% |
2016 | 1,32% |
2017 | 4,89% |
2018 | -58,15% |
2019 | -0,60% |
2020 | -51,32% |
2021 | -38,92% |
2022 | 140,4% |
Como contamos nesta reportagem, os papéis da Cielo entregaram mais de 65% de valorização somente nos primeiros seis meses do ano. O bom resultado foi conquistado principalmente por dois fatores: um turn around (nome dado ao processo de reformulação de uma empresa) e o momento pior das concorrentes.
Fazendo a sua parte, a Cielo reduziu os custos operacionais, vendeu ativos que não estavam no seu foco e trocou executivos. Um movimento que ficou evidente nos resultados trimestrais positivos divulgados pela empresa em 2022. “A companhia apresentou ótimos resultados, com crescimento do volume transacionado e grande eficiência no controle de gastos, além de voltar a ganhar participação de mercado nos últimos trimestres”, destaca João Lucas Tonello, CNPI, analista da Benndorf Research
Mas a melhoria operacional da Cielo por si só não seria suficiente para fazer as ações mais que dobrarem de preço em 2022 se as concorrentes do mercado de adquirência, as famosas “maquininhas de cartão”, não estivessem passando por um momento turbulento. Fintechs como Stone, Mercado Pago e PagSeguro vinham conquistando um espaço que até então era dominado pela Cielo – o que explica em partes o desempenho negativo de CIEL3 nos últimos anos.
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Este ano, porém, a alta de juros encareceu o custo do financiamento dessas empresas. “Se as fintechs nos últimos anos tinham uma perspectiva de crescimento exponencial, agora com juros altos não está mais tão fácil assim”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
Um cenário que permitiu que a Cielo recuperasse parte do mercado perdido, levando a uma precificação das ações. “A competição que vinha ganhando muito market share agora já não se mostra mais tão efetiva, e isso beneficiou muito a Cielo. O mercado reprecificou o papel, causando a alta expressiva no preço”, explica Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama.
Como será em 2023?
Apesar da valorização, o preço das ações da Cielo segue bem abaixo dos patamares de 2015, quando o papel era precificado na faixa dos R$ 30. Embora a entrada de novos players no mercado tenha tornado difícil a missão de recuperar o pico histórico, ainda há espaço para novas altas em CIEL3. Especialmente dada a perspectiva de que, com o novo governo, os juros devem permanecer elevados por mais tempo.
“Em 2023 a Cielo pode continuar a viver um momento positivo” afirma Phil Soares, da Órama. “Pode ser que o grosso da reprecificação do ativo já tenha acontecido, mas há perspectiva de melhora com a continuidade da tendência de uma concorrência mais enfraquecida pela dificuldade de captar e se financiar em função de juro alto”, explica.
Na parte operacional, a expectativa é de que a companhia mantenha o posicionamento de buscar maior rentabilidade e controle de despesas, diz João Lucas Tonello, da Benndorf Research. O analista ressalta, porém, que o setor de meios de pagamento e adquirência vem passando por muitas mudanças nos últimos anos, com um aumento bastante acelerado do avanço de cartões que não deve se sustentar. “Por isso, não vemos um crescimento estrutural para o segmento e para a Cielo”, pontua.
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