- Enquanto estatais ligadas ao governo federal sofrem com volatilidade neste início de governo Lula, as ações da Copel (CPLE6) podem ter dias melhores em 2023
- A Assembleia Legislativa do Paraná aprovou o início do processo de privatização da empresa, que pode impulsionar as ações da companhia como aconteceu com a Eletrobras em 2022
- Analistas defendem posições em Copel, mas ressaltam que privatização pode não destravar tanto valor quanto na Eletrobras
Enquanto as estatais ligadas ao governo federal patinam na Bolsa, à espera de maiores definições sobre as diretrizes que serão adotadas no novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem uma outra companhia pública vivendo a promessa de dias melhores em 2023. Trata-se da Companhia Paranaense de Energia, a Copel (CPLE6), que desde o fim do ano passado vê avançar o seu processo de privatização.
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A Assembleia Legislativa do Paraná aprovou, no último dia 23 de novembro, o início da operação que tira do estado o controle acionário da companhia. Agora, o próximo passo é o escrutínio do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR), que precisará dar o aval para que a Copel possa “ir para a rua” – expressão utilizada no mercado para definir o momento que uma empresa faz a sua oferta de ações.
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A expectativa da Copel é que o processo seja finalizado no segundo semestre de 2023. Uma previsão que dá certo espaço de tempo para investidores montarem posições nas ações e ganharem com o upside que pode acontecer se a privatização se concretizar.
Em dezembro, pensando no processo de privatização da companhia, o Bradesco BBI elevou a recomendação de CPLE6 para “compra”, estabelecendo preço-alvo de R$ 11.
Mas vale a pena investir nas ações da Copel pensando nisso? Para Flávio Conde, analista de ações da Levante Ideias de Investimentos, sim. Na edição de dezembro do Papo, Café e Lucros, websérie do E-Investidor, o analista defendeu que a CPLE6 é a ação para se investir em 2023.
“Tem quem diga ‘ah mas não sei se vai privatizar’. Mas o pessoal também não achava que o governo Bolsonaro não iria privatizar a Eletrobras”, disse na conversa. “As ações estavam a R$ 28 quando ele entregou o projeto para o [Rodrigo] Pacheco no Senado. 15 meses depois, foi privatizada a R$ 42”. Veja aqui o episódio completo.
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As comparações com o processo de desestatização da Eletrobras são inevitáveis, não só porque é o mais recente realizado na Bolsa de Valores brasileira, mas também porque foi bem sucedido. Em 2022, as ações ordinárias da companhia, ELET3, saíram de R$ 32,83 para R$ 42,12, enquanto as preferenciais ELET6 subiram de R$ 31,87 para R$ 43,23 no ano. Valorizações anuais de 28,29% e 35,64%, respectivamente.
No entanto, para Leonardo Piovesan, CNPI e analista fundamentalista da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores, pode ser que as ações da Copel não passem pelo mesmo salto durante o processo de privatização. O analista explica que há alguns anos a companhia vem trabalhando em melhorias operacionais, reduzindo custos e simplificando a estrutura.
“O processo de privatização ainda pode destravar algum valor, mas enquanto a companhia é estatal isso já vinha acontecendo há algum tempo. E a ação já vinha se valorizando por conta disso”, afirma Piovesan.
Ainda assim, 2023 tende a ser um ano bastante positivo para a companhia. É o que defende a XP Investimentos, que tem recomendação de compra para CPLE6 e preço-alvo de R$ 8. Se a privatização se concretizar, o preço-alvo por ação para a R$ 10 – um potencial upside de quase 30%.
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“Resta pouco espaço para um turn around pós privatização, mas sem dúvidas com a flexibilidade de um player privado ainda tem alguns pontos que dá para melhorar, como reduzir custos e renegociar contratos”, destaca Maíra Maldonado, analista de energia e saneamento da XP.
As ações oferecem ainda um diferencial neste ano de Bolsa que promete ser de volatilidade. São utilities, aquelas empresas que oferecem serviços essenciais para a sociedade e, portanto, têm um modelo de negócio mais estável, resiliente e com receitas previsíveis. “São bons nomes para momentos de volatilidade na Bolsa”, diz Maldonado.