- Após uma semana do início do Big Brother Brasil, ocorreu ontem (22), a primeira eliminação do BBB
- A lógica do maior reality show do País é a mesma desde as primeiras edições
- E, segundo especialistas ouvidos pelo E-Investidor, a mesma lógica também pode ser feita nas carteiras de investimentos
A nova temporada do Big Brother Brasil começou na segunda-feira (16) e logo terá a primeira eliminação de um participante. No reality show, existe a indicação de quem deve ir para o “paredão” e há o ‘anjo’, que garante para si ou para outro participante a permanência no programa por mais uma semana.
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Segundo especialistas ouvidos pelo E-Investidor, a mesma lógica também pode ser aplicada às carteiras de investimentos. Ou seja, é preciso entender como está o ‘jogo’ econômico e político do Brasil e do mundo para escolher alguns ativos que podem ir para o paredão ou sair da carteira.
Luís Moran, head da EQI Research, diz que é importante ficar “de olho” no fim da política de Covid-zero na China, que pode ocasionar uma reabertura econômica da região e, consequentemente, uma maior demanda por commodities.
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O arrefecimento do coronavírus no país asiático pode, por exemplo, elevar o consumo do petróleo em 2023 em quase 200 mil barris por dia (bpd), afirmou a Agência Internacional de Energia (AIE) – bem acima dos níveis pré-pandemia, impulsionando as petrolíferas brasileiras.
Moran afirma ainda que se concretizado o fim do isolamento na China, o Brasil pode ser beneficiado como destino de investimento estrangeiro, pois é um mercado relativamente líquido, com boa governança corporativa para os padrões de mercados emergentes e não envolvido diretamente em questões geopolíticas sérias.
“O País precisa estar pronto para aproveitar essa oportunidade, com o governo reconstruindo a confiança perdida na sua disciplina fiscal, que garantiria uma trajetória sustentável para a dívida pública”, afirma Moran. Esse é também um ponto importante para Guilherme Ishigami, especialista da RJ Investimentos.
Para ele, a questão é como o novo governo lidará com a responsabilidade fiscal, e principalmente será de fato o plano econômico. “Se vai ser um viés mais político, mais técnico ou com pragmatismo econômico”.
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Outro ponto para se ter no radar, segundo os especialistas, são os juros. Ao mesmo tempo em que a inflação doméstica seguir em patamares altos, a taxa Selic em dois dígitos deve aumentar a atratividade da renda fixa, o que consequentemente faz com que a renda variável fique em segundo plano para os investidores.
Como se proteger?
Em 2023, o Ibovespa teve fortes variações tanto para baixo quanto para cima na comparação com os dois anos anteriores. Essa instabilidade – chamada tecnicamente de volatilidade -, traz uma insegurança ao investidor, pois há mais chances de perder dinheiro dependendo dos ativos que possui.
E, quanto maior a distorção dos preços, mais arriscado é para o investidor. Segundo a Economatica, a volatilidade entre 2 de janeiro e a última sexta-feira (20) foi de 24,22%. No mesmo período do ano anterior, foi de 18,54%. Dessa forma, para tentar se proteger de possíveis quedas, Rachel De Sá, chefe de economia da Rico, indicou dois produtos como ‘anjos’: pós-fixados e títulos atrelados à inflação.
No primeiro caso, ela justifica que, se a taxa Selic se manter no mesmo patamar até o final de 2023 (13,75%), o produto pode entregar um bom retorno, sem volatilidade e com previsibilidade para o investidor. Ela aponta como exemplos o CDB de instituições sólidas, fundos DI sem exposição a crédito privado e o Tesouro Selic.
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Já os produtos atrelados ao IPCA são indicados porque têm uma parte pré-fixada e uma parte é pós-fixada. No tesouro, por exemplo, há títulos que oferecem a inflação (que pode variar) somado a juros definidos. “Assim, o dinheiro alocado nesses itens não perdem poder de compra”, afirma a especialista. Veja os exemplos:
Outros especialistas destacaram que poucas empresas conseguem, pela sua diversificação e parte operacional, mostrar crescimento e rentabilidade com baixa correlação com o cenário macro. “Um caso é a WEG (WEGE3), que mantém crescimento elevado e consistente há vários anos, é o exemplo mais claro [de um ativo de proteção na bolsa]”, declara o head da EQI Research.
Paredão e eliminação
O analista da CM Capital Marco Monteiro, a pedido do E-Investidor, se colocou no lugar dos participantes do BBB e indicou três ativos para estarem no paredão, além de eliminar outros três produtos da carteira.
O especialista indicou:
- Bradesco (BBDC4) – “O banco, na última divulgação de balanço, teve lucro líquido abaixo do esperado e, graficamente, se perder os patamares de R$ 12,98, pode acelerar uma movimentação baixista”;
- IRB Brasil (IRBR3) – “Apesar do ativo fazer um pivô de alta no gráfico diário, eu teria muita atenção, pois, o mesmo pode ser apenas uma correção [de mercado]”;
- Gafisa (GFSA3) – apesar da companhia ter disparado mais de 300%, ficando interessante para a retomada da alta, [pode ser que retome os R$ 10,00, um preço não mais interessante, principalmente com os juros nos dois dígitos]”.
Porém, se fosse para eliminar de vez da carteira, as indicações seriam:
- Americanas (AMER3) – “Devido aos atuais acontecimentos, fica meio obscuro os próximos passos da companhia e vai levar tempo para reatar a confiança dos investidores na ação”;
- Oi (OIBR3) – “O ativo se encontra em uma tendência de baixo, ainda mais depois do grupamento. Além disso, a empresa reporta prejuízos e também descontinuará as projeções (guidance), que previa uma receita líquida de R$ 14 bilhões a 15 bilhões em 2024”;
- Hapvida (HAPV3) – “O papel está em mínimas históricas, fazendo com que o investidor tenha perdas de seu patrimônio”
O head da EQI Research, por sua vez, optou por não indicar um nome específico de ação, mas apontou que o mercado de consumo, conhecido como discricionário, deve ir ao paredão, pois, “é impactado pela demanda fraca, [á que a inflação está alta]”. As vendas do varejo caíram 0,6% em novembro do ano passado ante outubro, apontou o último levantamento do IBGE.
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No ponto de vista da eliminação, ele indica as locadoras de automóveis, “já que também são expostas aos temas de consumo e juros”, e as companhias aéreas, “que devem enfrentar uma pressão nos custos dos combustíveis, [com a alta do petróleo]”.