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Por que a crise do SVB não traz riscos para os bancos brasileiros

Nas redes sociais circulam notícias falsas sobre os impactos da falência nas instituições do Brasil

Por que a crise do SVB não traz riscos para os bancos brasileiros
Atualmente, o valor de mercado do Nubank é de US$ 25,4 bilhões (Foto: Nubank)
  • Depois que o banco de startups de tecnologia Silicon Valley Bank (SVB) faliu nos EUA, uma série de informações enganosas foram disparadas nas redes sobre eventuais impactos nos bancos brasileiros
  • Diferentemente do que é alardeado nas redes, os bancos brasileiros possuem índices saudáveis e não estão à beira do colapso
  • A falência do SVB também deve ter pouco impacto, já que as instituições financeiras do Brasil não tinham exposição ao banco americano de startups de tecnologia

Depois que o banco de startups de tecnologia Silicon Valley Bank (SVB) faliu nos EUA, uma série de informações enganosas foram disparadas nas redes sobre eventuais impactos nos bancos brasileiros – principalmente nos digitais, como Nubank (NUBR33) e Inter (INBR32).

Em um vídeo que circula na rede social TikTok, por exemplo, um influenciador aconselha seguidores a retirarem de imediato todo o dinheiro que possuem no Nubank. A alegação é de que o SVB seria um dos maiores “financiadores” da fintech – o que não é verdade. A fintech, assim como Inter e outros bancos digitais, já confirmou que não tem qualquer exposição ao Valley Bank.

Esse tipo de notícia, além de falsa, é perigosa. Criar pânico entre clientes de um banco pode levar a uma “corrida bancária”, quando um grande número de correntistas tenta sacar, ao mesmo tempo, todo o capital que possuem em uma instituição. Este evento pode falir até mesmo um player saudável.

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Por isso, divulgar informações falsas ou incompletas sobre instituições financeiras é considerado crime contra o sistema financeiro pela Lei n° 7.492, com penas de dois a seis anos de reclusão e multa. Dado esse contexto, a situação financeira dos principais bancos e fintechs brasileiros não poderia ser mais divergente das informações alarmantes publicadas nas redes.

Resiliência

Marcelo Oliveira, CFA e cofundador da Quantzed, afirma que não há grandes motivos para preocupações. Além de não terem exposição ao SVB, a grande maioria dos bancos brasileiros, em especial os mais famosos, possui um “Índice de Basiléia” (IB) saudável.

Este indicador mensura quanto o banco possui de capital próprio e de terceiros. Em tese, quanto maior o IB, menos alavancada está a instituição financeira. Hoje, essa métrica para o Nubank é de 21,4%, o dobro dos limites estabelecidos pelo Banco Central, de pelo menos 11%. O Inter e os principais bancões da Bolsa, como Itaú (ITUB3), Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11), também estão bem enquadrados.ca

Na visão de Oliveira, outro ponto que distancia os bancos brasileiros do que ocorreu com o SVB são as próprias característica da instituição. Vale lembrar que o banco do Vale do Silício tinha foco em oferecer serviços para empresas em desenvolvimento, que são as mais impactadas pela alta dos juros e inflação nos EUA.

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A base de clientes dos bancos brasileiras é bem mais pulverizada. “Alguns fatores facilitaram a quebra do Silicon Valley Bank, como possuir depósitos mais concentrados e grandes, acima do limite do Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC, o fundo garantidor de crédito dos EUA)”, diz Oliveira.

Já no Brasil, principalmente nos bancos digitais, os depósitos são menores. “Um percentual grande fica dentro do limite estabelecido pelo pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), afirma o cofundador da Quantzed. No País, o FGC cobre até R$ 250 mil em depósitos por CPF, em caso de falência da instituição financeira.

“Acho que nenhum banco está 100% livre de risco em uma corrida a saques, mas essas características ajudam. Muitos clientes estão dentro do limite garantido, o que pode gerar uma menor intenção de saques, e sendo uma base menos concentrada, fica mais difícil um enorme fluxo de saques em um mesmo dia ou poucos dias”, diz Oliveira.

Anilson Moretti, chefe de câmbio da HCI Invest, aponta que no Brasil, em vez das instituições financeiras, serão os fundos de venture capital (modalidade de investimento em empresas jovens) que podem ter algum ativo relacionado ao SVB.

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“Podemos ver as venture capital sofrerem um pouco, o que pode impactar o mercado. Mas, a princípio, não vemos as instituições grandes e médias no Brasil, como Santander, Bradesco, Itaú, Nubank, Inter, XP e etc, sofrendo com essa falência”, diz Moretti.

Quem se sai melhor?

A saúde financeira dos bancos brasileiros face ao colapso recente de bancos americanos foi assunto do relatório “SVB e Brazilian Banks – Uma discussão sobre efeitos indiretos”, divulgado na última terça-feira (14) pelo Itaú BBA.

O banco de investimentos também reforçou que as principais instituições financeiras do Brasil têm índices de capital e liquidez confortáveis, além de base de clientes diversificada. Isto impediria um impacto direto da quebra do banco de startups no sistema financeiro brasileiro. Entretanto, alguns efeitos indiretos devem ser sentidos.

O Itaú BBA trabalha com um cenário em que é “razoável” que os players do setor passem a focar mais em preservação de caixa do que em distribuição de lucros. Isto porque mesmo com os bancos brasileiros bem posicionados, a conjuntura macroeconômica no Brasil e no exterior continua adversa, com juros e inflação altos.

Para o Bradesco, por exemplo, uma eventual redução dos pagamentos aos acionistas significaria uma baixa de 15% no lucro líquido, segundo cálculos dos analistas do Itaú BBA. Vale lembrar que os bancos conseguem reduzir impostos pelo pagamento de proventos via JCP (Juros sobre Capital Próprio), por isso uma diminuição dos repasses, poderia abater no lucro.

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Entre os grandes bancos brasileiros, o Itaú BBA tem preferência pelo Banco do Brasil (BBAS3), cujos indicadores seriam os mais sólidos entre os “bancões”. Para as ações do Bradesco, a recomendação é de venda.

Quando o assunto é fintechs, a falência do SVB pode tornar o acesso dessas companhias ao crédito ainda mais difícil. Entretanto, Nubank e Inter devem conseguir contornar essa situação com facilidade. Os dois bancos digitais estão capitalizados e com boa alavancagem.

“Sem contar com lucros adicionais, Nubank e Inter têm espaço de capital para aumentar suas carteiras de crédito em 3,4x e 2,7x, respectivamente”, afirma o Itaú BBA. Ainda assim, o banco mantém visão neutra para as duas fintechs brasileiras. No caso de Nubank, pelo valuation esticado, e do Inter, pela trilha a caminhar em direção ao lucro.

De qualquer forma, apesar de terem recomendações diferentes, nenhum dos bancos citados está em situação de colapso.

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