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A quebra do Silicon Valley Bank (SVB) pode impactar os juros no Brasil?

Especialistas analisam como o caso do banco internacional interfere na política monetária do País

A quebra do Silicon Valley Bank (SVB) pode impactar os juros no Brasil?
O logotipo do SVB (Foto:REUTERS/Dado Ruvic/Illustration)
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  • Depois de 15 anos, os EUA revivem a sensação de ver uma grande instituição financeira falir. O Silicon Valley Bank (SVB), banco para startups de tecnologia, teve sua quebra decretada na última sexta-feira (10)
  • A quebra do banco de startups coloca uma pressão para que o Fed suavize a alta de juros nos EUA. No mercado, a sensação é de que o SVB é a primeira grande vítima do ciclo de aperto monetário norte-americano
  • O comportamento do banco central da maior economia do mundo pode respingar por aqui, na política monetária brasileira. A intensidade desse impacto, entretanto, não é unânime

Depois de 15 anos, os EUA voltam a ver uma grande instituição financeira falir. O Silicon Valley Bank (SVB), banco para startups de tecnologia, teve sua quebra decretada na última sexta-feira (10) após divulgar um prejuízo de US$ 1,8 bilhão em vendas de ativos de renda fixa para cobrir saques de clientes.

Por trás da falência, há um grande impulsionador: a alta de juros nos EUA. Em 2022, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) iniciou o ciclo de aperto monetário para conter a escalada da inflação, a maior dos últimos 40 anos.

Com isso, os juros saíram do intervalo entre 0% e 0,25% ao ano para os atuais 4,5% a 4,75% – o maior patamar desde meados de 2008, quando a quebra do banco Lehman Brothers provocou uma crise financeira mundial.

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O cenário de juros altos afeta principalmente as empresas de tecnologia em fase de desenvolvimento, cujo valor de mercado costuma ficar atrelado às expectativas de crescimento futuro. Com o crédito mais caro, aumenta a dificuldade em financiar as operações, motivo pelo qual as startups passaram a sacar os depósitos que tinham no SVB.

O cenário pode afetar os juros no Brasil?

No mercado, a sensação é de que o SVB é a primeira grande vítima do ciclo de aperto monetário norte-americano – e a preocupação é de que haja algum tipo de contágio. Ou seja: de que outros bancos sofram saques ou dificuldades financeiras em decorrência do colapso do Valley Bank.

Na avaliação de Diego Costa, head de câmbio da B&T Câmbio, o comportamento do banco central da maior economia do mundo pode respingar na política monetária brasileira.

“Um dos motivos para a insolvência do Silicon Valley Bank é a alta nos juros nos EUA. Com isso, e após o posicionamento do governo (de assegurar os clientes do SVB), aumentam as apostas de que o aperto monetário será menor do que o esperado para este ano”, afirma Costa.

Já Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, afirma que os problemas internos estão pesando mais que o cenário externo para o Banco Central brasileiro. Vale lembrar que, no dia 22 de março, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá para definir o novo patamar da taxa Selic.

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“O caso SVB não deve alterar de maneira significativa a precificação da curva de juros local. O que vem fazendo preço na curva de juros por aqui é a possibilidade de um arcabouço fiscal crível. O cenário interno tem sido mais importante do que uma decisão lá fora”, diz Jorge.

De acordo com Felipe Cima, operador de renda variável da Manchester Investimentos, a desaceleração econômica da China e a decorrente queda nos preços das commodities tende a afetar mais o Brasil do que a política monetária dos EUA.

Ainda assim, um afrouxamento do ciclo de alta de juros pode impactar pelo lado de atividade econômica global. Isto é, ter um EUA com a economia mais aquecida, com taxas de juros mais baixas, que são melhores para os mercados globais.

Contudo, há muitas questões não sanadas. “Já era comentado no mercado que o Fed poderia subir os juros até quebrar “alguma coisa”. Agora, alguma coisa quebrou. Veremos se o Fed seguirá mais cauteloso ou no mesmo ritmo, mas é tudo muito incipiente ainda”, diz Cima.

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