- Número de assessores cresceu 300% no Brasil entre 2017 e 2022.
- Busca por profissionais confiáveis é importante para adequar os investimentos ao próprio perfil e também investir com segurança.
Para se proteger de enrascadas, investidores iniciantes devem consultar certificações e ficar atentos às propostas de assessorias e gestoras. Promessas de rentabilidade, explicações vagas e propostas de aplicações fora do perfil do investidor são alguns dos sinais de alerta na hora de buscar esse tipo de empresa ou profissional.
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A busca por especialistas e corretoras capacitadas a auxiliar novos investidores vem aumentando, assim como o volume de profissionais disponíveis no mercado. Em 2017, a Associação Nacional das Corretoras de Valores (Ancord) registrava 5,5 mil assessores de investimento credenciados. No fim de 2022, o número já era de 22 mil — um aumento de 300%.
Assessores de investimento têm a função de orientar o investidor. “Ele é o responsável por ensinar o que o cliente precisa, passar as informações de ativos, estratégias que ele precisa, identificar junto com o cliente a necessidade. Mas quem toma a decisão é o investidor, não o assessor”, explica a economista especialista em mercado de capitais, Ariane Benedito.
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O papel de um assessor é diferente de um gestor. Os gestores podem tomar decisões pelos clientes, alocando os recursos sem precisar pedir autorizações ou informar as movimentações. São os casos de fundos de investimento, assets e wealth managers.
- Veja cinco gestoras de fundos para acompanhar.
Existem, claro, diversos profissionais qualificados para cada um desses tipos de serviço e algumas dicas podem servir para encontrá-los.
Saiba se o profissional é certificado
O principal documento que atesta que um assessor pode prestar serviços dessa natureza é o certificado emitido pela Ancord, após a aplicação de um exame. Essa é a instituição reconhecida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador do mercado de valores no Brasil, para certificar os Agentes Autônomos de Investimento (AAI), nome dado aos assessores.
Já no caso de gestores, a autorização para trabalhar ocorre de outra forma. A responsabilidade de certificar os gestores fica com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Para conseguir o Certificação de Gestores Anbima (CGA), o candidado precisa possuir o:
- Certificação Anbima de Fundamentos em Gestão (CFG) ou;
- Chartered Financial Analyst (CFA) ou;
- Chartered Alternative Investment Analyst (CAIA).
Com alguma das certificações, o profissional faz o exame promovido pela associação e precisa atingir uma nota igual ou superior a 70%.
Vale destacar que o CFA é o documento exigido para uma outra função, diferente dos assessores e gestores: o consultor. Esse profissional tem outras atribuições, como colocar seguros e previdência na carteira do cliente.
A Anbima também responde pelo Certificado Profissional Anbima (CPA) e pelo Certificado de Especialista em Investimentos (CEA), exigidos para trabalhar nos bancos.
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O registro de todos os participantes do mercado cadastrados no CVM pode ser acessado por meio desta página.
Atenção ao histórico
Não apenas as certificações podem servir como consulta para compreender se um assessor ou um gestor são confiáveis. Outra boa saída consiste em procurar pelo histórico desses profissionais. Pesquisa, por exemplo, sobre o portfólio de empresas em suas páginas oficiais ou o currículo e o histórico dos profissionais em redes sociais, como no LinkedIn.
- Conflito de interesse entre assessor e cliente?
Benedito explica que tanto nos casos de gestores quanto de assessores, a reputação e a confiança são fundamentais. Por isso, recomendação de clientes também pode ser uma forma de consulta interessante.
No caso de gestores de fundos de investimento, existe uma série de informações que podem ser relevantes para o cliente, explica o planejador financeiro e sócio fundador da consultoria Sarfin, Bruno Mori. O tempo desde que o fundo existe, seu profissional responsável pela gestão, o tipo de aplicação, quais são os ativos que ele coloca dentro do fundo e a data de de resgate são alguns deles.
O cliente precisa compreender os serviços
Profissionais com o objetivo cuidar de parte da vida financeira de um investidor têm a obrigação de deixar todos os detalhes muito claros. A dica serve especialmente para o caso de assessores.
Como esse profissional tem o papel de indicar produtos — e sua remuneração pode estar associada a comissões pelas indicações — ele precisa ser sempre transparente sobre o tipo de investimento que está indicando. “Se começar a falar muito difícil, é que ele está querendo vender algo que não faz sentido pra você”, diz Ariane Benedito.
Ninguém pode prometer uma taxa de rentabilidade
Garantir que os investimentos de um cliente vão ter uma rentabilidade específica mostra um claro sinal de que um profissional ou empresa não são confiáveis. Essa prática foge das normas de conduta ética das certificadoras. “Ninguém oferece ou promete um rendimento específico, principalmente quando ele é mais alto do que o a média do mercado”, aponta Mori.
Mesmo que em muitos casos a busca por profissionais para auxiliar nos investimentos esteja associada justamente a um conhecimento incipiente sobre o assunto, procurar conhecimentos básicos é importante. Mori recomenda, por exemplo, que as pessoas busquem entender pelo menos dois conceitos: a taxa de juros e a taxa de inflação.
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As taxas de juros determinam boa parte dos investimentos em renda fixa. Rendimentos desse tipo de aplicação quase sempre estão associados à taxa Selic e à taxa de Certificado de Depósito Interbancário (CDI).
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Já a inflação representa um indicador da qualidade do investimento. Em linhas gerais, é importante que o valor investido, ainda mais a longo prazo, tenha uma rentabilidade maior do que esse índice, já que uma rentabilidade menor significa que o dinheiro guardado está se desvalorizando.
Além disso, sempre vale comparar os investimentos oferecidos com outros similares disponíveis no mercado, em grandes bancos ou corretoras. Se a diferença for muito grande, desconfie.
Diferenças entre o perfil de investidor e o investimento
Os motivos do investimento, bem como o perfil do investidor, devem ser sempre levados em consideração. Assessores sempre devem levar em conta o razão do poupador estar procurando um investimento e qual é o seu nível de disposição para assumir riscos.
Investimentos de grande risco podem trazer retornos mais altos, porém nem sempre fazem sentido para o investidor. Um bom consultor sempre levará todos esses aspectos em consideração e é importante que o próprio cliente questione sobre o nível de exposição de determinada aplicação.