- Em 2022, quando a taxa de inadimplência do Fies era de 51,7%, o governo federal criou uma campanha de renegociação de dívidas
- Para evitar este problema, é fundamental que os jovens compreendam seus sonhos e anseios profissionais antes de começar um curso
- O jovem beneficiado pelo Fies deve se planejar financeiramente, construir uma reserva e ter o controle de quanto deverá pagar ao fim do curso
O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), criado em 1999 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso e ampliado nos primeiros governos de Lula, fez crescer o acesso ao ensino superior no País. Por outro lado, criou um problema: um alto índice de endividamento entre jovens.
Leia também
Existem uma série de motivos para isso. Eles passam pela falta de emprego qualificado para tamanha mão de obra qualificada, até pela pouca habilidade financeira dos jovens para criar um planejamento capaz de honrar com as parcelas no longo prazo.
Em 2022, chegamos ao estopim com uma taxa de inadimplência de 51,7% no programa. Isto é, metade dos estudantes que entraram em uma faculdade com o financiamento estudantil não estavam conseguindo pagar as parcelas.
Publicidade
O governo agiu certo ao renegociar essas dívidas, mas isso não é o suficiente para resolver a raiz do problema. Mais do que livrar jovens do endividamento, é preciso educá-los para que eles não cheguem a esse ponto.
No caso do Fies, é necessário levar educação financeira para escolas, em especial as públicas, elucidando como funciona o programa e como deve ser feito um planejamento financeiro para lidar com parcelas no longo prazo.
Ao mesmo tempo, é essencial que se faça uma orientação vocacional para que os jovens escolham cursos de graduação que realmente têm a ver com suas habilidades e desejos. Assim como ajudá-los a escolher faculdades reconhecidas no mercado, aumentando suas chances de conseguirem o tão sonhado emprego ao fim do curso.
Aprendendo a fazer escolhas
Uma das primeiras atividades que a Multiplicando Sonhos leva aos estudantes de escola pública é a de reconhecimento de sonhos. Pedimos para que os alunos citem sonhos concretos que eles gostariam de realizar ao longo da vida e os incentivamos a refletir sobre eles.
Esse tipo de atividade é importante porque é comum que alguns jovens sigam o fluxo do que lhes foi apresentado pela família e amigos sem ao menos buscarem entender quais são seus reais desejos. Isso faz com que sigam profissões para as quais sequer têm vocação.
Publicidade
No Brasil, o curso de Direito, por exemplo, é um dos que mais recebem novos alunos todos os anos. Mas você já parou para se perguntar se isso acontece porque muita gente gostaria de, de fato, seguir carreira jurídica, ou se é apenas porque é um dos cursos mais conhecidos?
Todos os dias, vejo jovens que enxergam “fazer faculdade” como um caminho para o sucesso – e de fato pode ser, mas essa deve ser uma decisão tomada com base na formação como um todo, e não apenas no desejo de se ter um diploma qualquer.
Apresentar possibilidades para os jovens é expandir seus horizontes. Nesse sentido, fazer uma orientação vocacional pode ajudá-los a descobrir profissões para as quais eles têm aptidão e há alta demanda de profissionais no mercado de trabalho.
Quanto mais vocacionado um estudante entra no ensino superior, maiores são as chances dele terminar aquele curso e conseguir um bom emprego na sua área. Assim, fazemos valer o investimento financeiro.
Fluxo de parcelas
A lógica por trás do Fies não é muito diferente da de qualquer outro financiamento. É preciso, antes de tudo, entender como funciona o programa e criar uma organização financeira para cumprir com as parcelas.
Publicidade
Todos os semestres, o governo abre as inscrições para o Fies. Aprovado, o estudante receberá auxílio financeiro ao longo da sua graduação. Ele pagará mensalidades mais baixas ao longo do curso e quitará o restante depois de formado – quando, em teoria, já terá um trabalho melhor remunerado.
O prazo máximo de quitação da dívida do Fies é de 14 anos e o programa também exige que o jovem pague por um seguro de vida. Caso ele tenha um emprego ou abra uma empresa após se formar, as parcelas pós-curso serão descontadas automaticamente.
Já se o jovem não possuir renda em qualquer momento da amortização, o financiamento deverá ser quitado em prestações mensais chamadas de “pagamento mínimo”. E é aqui que entra a importância de se ter uma reserva de emergência.
Como saber se o Fies é um bom negócio?
Tendo todos esses pontos em mente, antes de optar pelo Fies, recomendo que você siga esse passo a passo:
- Faça um teste vocacional e entenda quais carreiras combinam mais com você;
- Pesquise sobre o mercado de trabalho das suas opções de carreira e veja se há muitas ou poucas vagas, quais são as exigências dos contratadores e qual a faixa salarial;
- Pesquise sobre as melhores instituições de ensino reconhecidas pelo MEC e pelo mercado de trabalho e confira se elas aceitam o Fies;
- Selecionada a carreira e a faculdade, faça uma simulação do financiamento e confira se você tem condições de pagar por ele;
- Tenha uma reserva de emergência equivalente a um valor capaz de pagar pelo menos seis parcelas do financiamento, caso você venha a perder sua renda em algum momento.
E cada vez que reflito sobre a importância da educação nas escolas, mais eu me conscientizo que o sonho vem primeiro, mas sem planejamento é mais um sonho.
Nosso processo seletivo para ser professor multiplicador está aberto até dia 19/03. Inscreva-se para ser um voluntário e dar aula nas escolas públicas:
Publicidade
Colaboração de Giovanna Castro