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Investimentos

Como a inteligência artificial vai revolucionar o mercado financeiro

Novas possibilidades se abrem com o uso da tecnologia, mas há riscos

Como a inteligência artificial vai revolucionar o mercado financeiro
IA ajuda a reduzir imprecisões, aumenta a rapidez das negociações e diminui os custos das operações. Foto: Pixabay
  • O mercado financeiro, na última década, gradativamente vem incorporando sistemas de IA nas operações internas e na relação com os clientes
  • A profissão de analista de mercado financeiro, por exemplo, deve incorporar essas tecnologias
  • Os sistemas atuais de IA, porém, seguem com inúmeras limitações

A inteligência artificial não só movimenta as ações de empresas, como vem sendo peça importante dentro do próprio mercado financeiro. Considerando certos valores como suportes para ativos e condicionando vendas ou compras a partir de marcações financeiras, a IA ajuda a reduzir imprecisões, aumenta a rapidez das negociações e diminui os custos das operações.

“O mercado bancário, financeiro, na última década, gradativamente vem incorporando sistemas de IA nas operações internas e na relação com os clientes, desde gestão de investimento com recomendação do mix de aplicação compatível com o apetite de risco, até relacionamento direto”, avalia a professora Dora Kaufman, com pós-doutorado em impactos sociais da inteligência artificial.

Segundo relatório de 2021 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), intitulado “Inteligência artificial, machine learning e big data em finanças”, a expectativa com a aceleração da implantação da IA deve ainda gerar vantagens competitivas para as empresas financeiras, aumentando a produtividade.

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Fundador da StartSe, Junior Borneli comenta em entrevista que a profissão de analista de mercado financeiro, por exemplo, deve incorporar essas tecnologias. Um profissional que resista a elas tenderá a perder espaço, acredita, enquanto aquele que conseguir utilizar as novas ferramentas disponíveis para suas análises e recomendações tenderá a ter mais peso.

“O algoritmo vai substituir o analista ou qualquer outro profissional? Vai sim, aquele que faz copia e cola, menos intelectual, mais repetitivo”, avalia. Borneli acredita, porém, que a experiência do profissional nesse contexto deve ser um diferencial, “aquele que se aprofunda, principalmente no relacionamento com o cliente”, aponta, destacando o fato de que soluções customizadas continuarão como trunfo importante.

Luiz Lobo, fundador da Fintalk, também se mostra otimista sobre as possibilidades que se abrem para um analista financeiro. As novas tecnologias “abrem oportunidades incríveis”, avalia, ampliando os recursos dos profissionais.

Como riscos, Lobo aponta a possibilidade de uso de informações erradas, a depender das bases de dados. Ele comenta que se houver 98 artigos científicos que trazem uma informação errada, e dois mais recentes que rebatem essa informação e trazem a versão correta, a IA pode tender a optar pela informação incorreta, por ser probabilística. Lobo também menciona a perspectiva de mudanças no mercado de trabalho. “Toda revolução provoca desemprego”, resume, acrescentando que é importante que os profissionais se atualizem para lidar com os novos cenários. “Mas ela também gera empregos”, acredita.

Limitações e riscos

Na falta de uma análise humana, a OCDE destaca que o uso da IA pode criar riscos financeiros e não financeiros, resultados tendenciosos, injustos ou discriminatórios. Ainda, a falta de transparência sobre a metodologia da IA pode causar um “risco sistêmico nos mercados e pode criar possíveis incompatibilidades com a supervisão financeira existente e as estruturas de governança interna, possivelmente desafiando a abordagem de tecnologia neutra para a formulação de políticas”, indica a organização.

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Kaufman acrescenta ainda que os sistemas atuais de IA seguem com inúmeras limitações, que incluem incerteza da técnica de aprendizado de máquina, bem como limitações da própria técnica que, segundo a professora, comprometem a precisão dos resultados. Para isso, Kaufman sugere a criação de comitês de ética de IA para proteger não só os clientes de potenciais danos, como também a reputação das instituições.

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