- A menor estimativa para o PIB fica com a CM Capital, que projeta um crescimento de 1,2%
- EQI Asset, por sua vez, é a cada que apresenta a projeção mais otimista, um PIB de 2,3%
- A contribuição do agronegócio no PIB, com o IBGE estimando uma safra recorde para 2023, é um dos fatores mais citados pelas instituições
Após a aprovação da reforma tributária na Câmara dos Deputados, do avanço do arcabouço fiscal para o Senado e de grandes sinalizações do corte da taxa básica de juros, a Selic, em agosto, o mercado revisou suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB).
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O E-Investidor consultou 9 corretores, assets e bancos, dentre eles a Ágora Investimentos, BTG Pactual, CM Capital, EQI, Genial, Mirae, RB Investimentos, Santander e XP, para entender como eles acreditam que o PIB brasileiro irá fechar o ano. A menor estimativa fica com a CM Capital, que projeta um crescimento de 1,2%. Enquanto a maior é esperada pela EQI Asset, que projeta 2,3%.
A maior parte das instituições revisou suas projeções para cima, impulsionadas pelos avanços políticos-fiscais, além de um ponto-chave: a safra de grãos que deve registrar um recorde de 307,3 milhões de toneladas neste ano, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última quinta-feira (13), o que contribui para um aumento no PIB agro e, consequentemente, no PIB como um todo.
Confira as projeções para o PIB
Ágora Investimentos
A Ágora revisou para cima a projeção do PIB brasileiro para 2023, após os resultados do primeiro trimestre. Se antes a corretora apostava em um crescimento de 1,4%, agora espera que o indicador avance 2,2% no ano. Já para 2024, a expectativa é um pouco mais contida, de 0,8%, levando em consideração um cenário internacional mais conturbado com uma possível recessão nos Estados Unidos.
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Mesmo em 2023, a corretora enxerga uma desaceleração da economia à frente, a partir de dados que apontam desaceleração de produção industrial, vendas no varejo e volume de serviços no segundo trimestre. Se tomarmos por base os dados recentes, podemos dizer que o resultado do primeiro trimestre foi exógeno. Este forte número não nos parece sustentável ao longo dos próximos meses”, indicam os economistas Dalton Gardimam e Maria Clara Negrão, da Ágora.
BTG Pactual
No relatório de julho, o BTG Pactual informa que houve uma revisão altista em seu relatório de junho, devido à melhora recente nas condições financeiras. Com isso, o PIB passou de 1,9% para 2,2% em 2023, e de 0,7% para 1,0% em 2024.
“A recente melhora nas condições financeiras domésticas, refletida em nossa projeção de queda mais acentuada da taxa de juros real ex-ante (atingindo 5,2% no final de 2024, ante 6,5% no nosso último relatório), nos levou a revisar a projeção de crescimento do PIB”, destaca o relatório.
Contudo, apesar da revisão altista, o banco continua cauteloso com a atividade econômica, para a qual espera uma desaceleração à frente mesmo em um ambiente de resiliência no mercado de trabalho.
CM Capital
Para a CM Capital, o ano deve encerrar com um PIB de 1,2%, o que representa uma desaceleração significativa do resultado de 2022, quando o país terminou o ano com uma alta de 2,9%. A principal explicação para esse maior pessimismo da casa é o efeito do aperto da política monetária iniciada no ano passado, com a Selic em 13,75%, e que ainda pode ser sentido neste ano.
Essa taxa de juros elevada, segundo o especialista, afeta o consumo das famílias, ou seja, o crescimento doméstico. “Desde o terceiro trimestre do ano passado, nós já conseguimos ver um movimento mais nítido de desaceleração do consumo das família e a gente acredita que isso vai se sustentar. Uma vez que a gente tem visto um aumento da inadimplência”, explica segundo Matheus Pizzani, economista da CM Capital.
Com relação aos componentes do lado da demanda, ele comenta sobre os gastos públicos não terem uma força significativa, mesmo com qualquer política que venha a ser adotada pelo governo. Ainda na parte da demanda, ele cita que nas exportações líquidas eles enxergam um maior espaço de crescimento em 2023, devido à safra recorde de grãos. “O setor externo deve ser o principal driver de crescimento do país”, finaliza.
EQI Asset
A EQI Asset projeta que o PIB deve crescer 2,3% em 2023, puxado pelo setor agropecuário que subiu 21,6% no primeiro trimestre. Para o ano, a casa espera que o setor avance 14% e contribua com 1 p.p. (ponto porcentual) no crescimento de 2023.
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“Além disso, serviços e indústria devem desacelerar o ritmo de crescimento com relação a 2022, mas se mantendo em campo positivo com altas de 1,7% e 0,5%, respectivamente”, analisa João Rabe, economista da EQI Asset.
Genial Investimentos
Na Genial Investimentos, houve revisão do PIB entre junho e julho, de 1,7% para 1,9% ao final de 2023. O aumento da projeção ocorreu após a divulgação da pesquisa mensal de serviços, que surpreendeu o mercado com uma expansão de 0,9% no setor de serviços, ante uma expectativa de expansão de 0,4%.
“Essa nossa revisão mais positiva reflete a resiliência do mercado de trabalho, combinada a uma surpresa positiva na produção agro, sobretudo no setor de grãos em 2023. A gente tem que lembrar que a safra vai ser um recorde neste ano”, comenta Yihao Lin, economista da Genial Investimentos.
Segundo o especialista, a expectativa da casa é que haja um crescimento no PIB agro em torno de 11% em 2023, o que acaba promovendo uma contribuição no crescimento do PIB como um conto de pelo menos 1,1 p.p.
Mirae Asset
A Mirae mantém uma visão positiva para o resultado do PIB brasileiro em 2023. Após o indicador crescer 1,9% nos primeiros três meses de 2023 em relação ao trimestre anterior, a casa estima que ele deve fechar o ano em uma variação positiva entre 1,8% e 2,0%.
Uma das razões para a projeção se concentra na reforma tributária, cujo texto-base foi aprovado na última semana na Câmara dos Deputados. “Acreditamos, embora seja cedo para afirmar, que a reforma tributária, mesmo com as limitações políticas, deve ser levada a um bom termo, a desanuviar o ambiente doméstico, atraindo investimentos e animando os mercados”, explica Julio Hegedus, economista-chefe da Mirae Asset.
RB Investimentos
A RB estima um crescimento de 2,2% do PIB brasileiro em 2023, com possibilidade de revisão para cima, a depender dos resultados mostrados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no segundo trimestre.
Para a casa, a política monetária terá uma grande influência no indicador, sendo que grande parte do mercado já aposta em uma redução da Selic no próximo encontro do Copom (Comitê de Política Monetária), marcado para agosto.
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“A política monetária deve ter um efeito grande. Outra questão são as políticas de redução temporária de impostos do governo, que estão antecipando o consumo. Primeiro, com os carros, agora possivelmente com os eletrodomésticos”, comenta Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Santander
Em sua última análise sobre o PIB brasileiro, o Santander decidiu revisar a projeção de crescimento do indicador em 2023 para 1,9%, sendo que antes era de 1%. A alteração veio após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre, marcado principalmente pelo bom desempenho do setor de agropecuária, que registrou o maior avanço desde o quarto trimestre de 1996.
Outro fator para a projeção positiva do indicador é a maior resiliência observada no mercado de trabalho no setor de serviços, com massa salarial mais alta. “Ainda assim, continuamos vendo sinais de desaceleração à frente, já que segmentos mais cíclicos indicam uma tendência contínua de desaceleração na esteira de condições financeiras altamente restritivas”, afirma Ana Paula Vescovi, que assina o relatório do Santander.
Para os próximos anos, de 2024 e 2025, as projeções de alta são mais moderadas, com crescimento do PIB estimado em 0,5% e 1,5%, respectivamente. “Esperamos que os efeitos positivos da safra recorde sejam limitados ao primeiro trimestre de 2023 e início do segundo trimestre de 2023”, destaca o banco.
XP Investimentos
A XP projeta um crescimento do PIB em 2,2% para 2023, após o forte desempenho da atividade doméstica no primeiro trimestre. Para o segundo trimestre do ano, a projeção é de alta de 0,4%, seguida por estabilidade no terceiro trimestre e, por fim, queda de 0,2% nos últimos três meses de 2023.
“Ainda há uma avaliação geral de resiliência da economia doméstica, mas com uma desaceleração gradual ao longo do ano, isso é bem visível na indústria, no comércio varejista e também em parte do setor de serviços. Lembrando que para o PIB de 2024 projetamos alta de 1%, novamente um sinal de perda de tração em relação ao que a gente viu na primeira metade de 2023”, indica Rodolfo Margarto, economista da XP.
Entre os fatores que justificam essa desaceleração projetada para os próximos trimestres, estão as condições mais apertadas no crédito, sobretudo para as empresas, os menores impulsos da agricultura e da indústria da construção civil, além da dissipação, na comparação com 2022, do efeito positivo gerado pela retomada da economia no período pós-Covid.
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