- Até o final de agosto, os BDRs (Brazilian Depositary Receipts), certificados negociados na B3 que espelham as ações e títulos de dívida estrangeiros, só poderiam ser comprados por aqueles que tivessem pelo menos R$ 1 milhão investidos ou fossem ‘profissionais’
- Entretanto, a partir desta terça-feira (01) entrou em vigor a flexibilização dessa regra e qualquer investidor poderá ter acesso aos BDRs. A única ressalva é que as empresas lastreadas nos certificados atuem em ‘mercados reconhecidos’ e estejam sujeitas à supervisão de entidade reguladora
- Em um momento em que a discussão sobre diversificação em ativos do exterior ganha fôlego, a medida se torna ainda mais importante para democratizar as oportunidades no mercado acionário
Conseguir investir em grandes empresas como Apple, Tesla e Netflix era um sonho distante para o pequeno investidor.
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Até o final de agosto de 2020, os BDRs (Brazilian Depositary Receipts), certificados negociados na B3 que espelham as ações e títulos de dívida estrangeiros, só poderiam ser comprados por aqueles que tivessem pelo menos R$ 1 milhão investidos ou fossem ‘profissionais’ – o que já excluía boa parte das 2,8 milhões de pessoas físicas na Bolsa.
Entretanto, em setembro de 2020, entrou em vigor a flexibilização dessa regra e qualquer investidor pode ter acesso aos BDRs.
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A única ressalva é que as empresas lastreadas nos certificados atuem em ‘mercados reconhecidos’ e estejam sujeitas à supervisão de entidade reguladora.
Há também a possibilidade de investir em fundos de índices (ETFs), que seguem o comportamento de indicadores de fora do País, por meio dos Brazilians Depositary Receipt.
Em um momento em que a discussão sobre diversificação em ativos do exterior ganha fôlego, a medida se torna ainda mais importante para democratizar as oportunidades no mercado acionário.
Antes, por exemplo, o investidor não-profissional que possuía baixo patrimônio aplicado e queria investir em papéis de empresas estrangeiras tinha que abrir uma conta em corretoras do exterior, um processo mais complexo e por vezes inviável devido à barreira linguística e de legislação.
Como funcionam os BDRs?
Como dito anteriormente, os Brazilian Depositary Receipts são o espelho das ações, índices ou títulos de dívida negociados no exterior, os chamados ‘bonds’.
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Isso significa que, ao comprar um BDR, o investidor está adquirindo um título que vai replicar o comportamento do ativo original (uma ação do Google ou o índice S&P 500, por exemplo) e que está sujeito aos mesmos riscos inerentes à renda variável.
O responsável por trazer os BDRs para o Brasil é normalmente um banco (chamado depositário). Esse banco vai comprar, de fato, as ações estrangeiras e deixá-las guardadas e bloqueadas em uma segunda instituição, localizada no exterior (chamada custodiante).
Em seguida, o depositário deve iniciar o programa de distribuição dos títulos junto à CVM, sempre cuidando para que a quantidade de ações guardadas seja igual à de BDRs distribuídos, ou seja, que as operações tenham lastro.
Quando um BDR é dito não-patrocinado, quer dizer que a iniciativa de distribuí-lo no mercado brasileiro partiu apenas da instituição depositária e não da empresa cuja ação será lastreada. A maior parte dos certificados estão nessa categoria.
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Já os patrocinados são aqueles em que a companhia emissora das ações tem parceria com o banco responsável por emitir os títulos lastreados.
Como comprar esses certificados?
Da mesma forma que uma ação ou ETF brasileira, o investidor poderá comprar ou vender um BDR por meio das plataformas de bancos ou corretoras.
O título será negociado na B3 sob um código comum, de forma semelhante ao feito com o BOVA11 (fundo de índice que replica o Ibovespa).
Quais fatores afetam a rentabilidade dos BDRs?
É importante ressaltar que existem custos inclusos nos BDRs, que não existiriam na compra direta da ação estrangeira.
Por serem emitidos por instituições financeiras ‘intermediadoras’, por exemplo, o investidor deverá pagar uma taxa ao comprar ou vender esse certificado. A quantia, apesar de pequena, certamente afetará a rentabilidade do título em comparação ao ativo original.
Outra questão que o investidor deve se atentar é que BDRs são atrelados ao dólar. Dessa forma, a variação cambial também afetará a rentabilidade do título, seja para mais ou para menos.
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Devido à alta volatilidade, esse tipo de produto geralmente não é indicado para investidores com perfil mais conservador.
Empresa | País | Classificação | Rentabilidade no ano* |
Tesla (TSLA34) | EUA | Não patrocinado | 583,49% |
Nvidia (NVDC34) | EUA | Não patrocinado | 201,31% |
Mercado Livre (MELI34) | Argentina | Não patrocinado | 186,44% |
Paypal (PYPL34) | EUA | Não patrocinado | 153,51% |
Amazon (AMZO34) | EUA | Não patrocinado | 148,71% |
Apple (AAPL34) | EUA | Não patrocinado | 140,54% |
Ebay (EBAY34) | EUA | Não patrocinado | 121,39% |
Netflix (NFLX34) | EUA | Não patrocinado | 109,07% |
Adobe (ADBE34) | EUA | Não patrocinado | 100,39% |
*Até o fechamento do mercado no dia 24 de agosto